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Mostrando postagens de 2009

Happy Ending?

"And I will be, all that you want, 'cause you keep me from falling apart" Nada. Era tudo o que Coral via. Nada. O vazio comprimia seu estômago, acentuando a dor crônica que a incomodava faziam alguns dias. Nada de novo, pra falar a verdade. Coral prosseguiu com sua dor descomunal, no branco dos olhos. Nada a podia impedir, e finalmente podia fazer o que sempre quis, desapaixonar. Coral preferia a abstinência, disso podíamos todos ter certeza, mas apaixonou-se. Louca e profundamente, sem um caminho de volta. Nada que ela queria pra si, somente a infame desgraça de um novo amor, como um novo caderno, virgem, pronto pra ser escrito e pintado da forma que ela queria. Podia-se deixar mergulhar de cabeça, mas não queria. O mergulho imbossibilitaria a si de andar livremente, como algemas, as quais nunca gostou. Ao pé do trampolim, escolhia se ia ou ficava. Trajando sua roupa de banho, e tremendo devido ao frio gélido e a grande escolha que estava prestes a fazer. Nunca favoreceu

Is love all I need?

"There's nothing you can't do that can't be done (...) All you need is love" Um abraço. Um beijo. Nada que dois amantes achassem incomum. Nada que um romance proibido não provasse no sempre, na rotina. Na falta de rotina que um amor proporciona. Um romance perdido, dois corações partidos. Na falta de um par, vai-se um, solitário, a andar pela alameda, aos pedaços, com seus farrapos. Aos tropeços, vê-se um semblante à vagar assim como si, aos farrapos, despedaçado. Mas este é diferente. Está aos farrapos, mas as lágrimas não escorrem mais. Os pedaços se juntam, e ficam, aos poucos, inteiriços de novo. Algumas profundas cicatrizes aparecem, e o primeiro coração se espanta. Embebe-se no espanto, e uma pontada de dor envolve-o mais fortemente. Alcool. O pobre coração está cansando de andar por aí sem um destino certo. Drogas. O pequeno coração tenta se regenerar, mas não é bem sucedido, a dor que o embebe supera os sentimentos externos, é extremada. Nada se condiz, es

Love.

- Eu não posso deixa-lo ir sem contar o que eu sinto. – Sentia os pés batendo com força no asfalto duro. Estava de tênis, mas o solado gasto não agüentava os passos pesado contra o chão. Ela tinha que chegar a tempo, tinha que ter valido a pena. Vinte minutos. Ela acelerou o passo, se é que possível. Os pés doíam mais, e a exaustão corroia cada centímetro do seu corpo, mas ela não ia ceder. Não ia ceder, em hipótese alguma. Já ia partir, precisava chegar a tempo, nem que chegasse suada, chegaria a tempo. Dezenove minutos. O coração dela descompassava. Não deveria ter deixado o hospital, os rins iam falhar. Mas tinha que conseguir. Chegava mais perto. Dezoito minutos. A bata verde do hospital farfalhava perto do cós do seu Jeans. Não tinha tido tempo pra trocá-la, e provavelmente não teria. Só tinha tempo de chegar lá e falar. Dezessete minutos . A porta. Conseguia ver a enorme porta de vidro que abria um universo que nunca havia adentrado antes de hoje. Não respirava direito, mas em

Heart Pain

- Doutor, está doendo. Eu preciso que pare de doer. - Mas os exames não apontaram nada de errado, não entendo o que está acontecendo. - Está sangrando , como não detectaram? - Não tem nenhuma hemorragia interna ou externa, minha jovem. - Tem sim, um enorme ferimento na altura do peito, no lugar do coração . - Não, não tem. - Bem aqui, onde deveria estar o coração. Eu o removi, não vê? - O seu coração continua a bater regularmente - Não, ele não continua. Eu o guardei em uma caixa, e nunca mais vou solta-lo. É simplesmente muita informação pra minha cabeça, um sobrepeso inútil . Também gostaria de saber se não pode colocar um fígado ali. - Não, claro que não! Nunca ouvi tamanho disparate. - Mas se eu tiver mais um fígado, logicamente vou poder beber mais, e com menos um coração, logicamente eu vou sofrer menos. É uma perfeita equação. - Não, não é. Meu deus, o mundo está perdido, esses jovens de hoje em dia. Por favor, retire-se. Eu tenho clientes de verdade pra atender, caso sinta algo

Money Can't Buy Me Love

“I don’t care too much for money, cause money can’t buy me love” Sabe, eu te compraria um maldito anel de diamantes, se isso te fizesse feliz. Eu tenho dinheiro, mas dinheiro não pode comprar-me amor. Amor de todas as formas, amor que dinheiro não compra, amor colorido (dependendo da droga que você tomou), amor até em forma de unicórnio se você pedisse. Mas eu ficaria muito mais satisfeito se você simplesmente decidisse que quer o tipo de coisas que o dinheiro não pode comprar. Coisas tipo um lampejo de alegria, uma gota de água nas folhas, um bolo feito em casa, um café da manhã em família, uma macarronada de domingo, e o amor propriamente dito. Então eu decidi que dinheiro não me compra amor, então é por isso que eu estou juntando minhas coisas, ah não, espere, a casa é minha, suas coisas, e colocando no carro do Alfred, você vai embora amanhã ao amanhecer, por que se tem uma coisa que eu aprendi com você é que dinheiro não me compra amor, e que amor nem sempre vem na forma de uma be

She Falls Asleep

“She falls asleep and all she thinks about is you” Drogas. Sexo. Rock ‘n’ Roll. Evanna tinha adotado isso como modo de vida. Não se lembrava de muita coisa desde que acordava pelas manhãs arrastando o lençol pela casa pra pegar leite na geladeira e pra curar a larica. Solta-la por aí foi o erro de seus falecidos pais. Ela costumava dizer que fora de desgosto, mas estava sempre profundamente letárgica, fora de si vinte e quatro horas por dia. Evanna costumava ser uma pessoa amável. Costumava ser boa no que fazia na escola, boa filha, boa tudo. Conheceu então, Andrew. Ela o amava. Ele a fazia de joguinho. Ele bebia e usava heroína, e ela começou também. Ele não tinha senso de pudor, e Evanna perdeu o seu também. Foi pega por vezes transando com Andrew em lugares públicos, como a praça. Ela perdeu sua vida que não com Andrew. Não ia a escola, maltratava os menores, desfilava com roupas menores que a calcinha. Deu realmente desgosto nos pais, que não a deserdaram por pouco. Bebia, injetava

Story Of a Girl

“This is the story of a girl, who cried a river and drowned the whole world” Andrew segurou uma foto de Emeline, que era sua melhor amiga desde que dividiram o berço, aos exatos cinco anos. Ela estava carrancuda, olhava pra o nada com um olhar de desinteresse profundo pelos que a rodeavam (sua família) e parecia estar com muita raiva de quem quer que estivesse olhando essa foto nesse momento. Andrew sabia que Em era maravilhosamente esplendrosa quando sorria, isso era inegável. Mas naquela e em todas as fotos, Emeline insistia em olha pra o nada. Detestava fotos. Detestava laços familiares. E detestava mais ainda ter que se reunir com sua família pra tirar fotos. Era sufocantemente desagradável ao extremo. Sempre a pediam para colocar vestidinhos desconfortáveis e para “se parecer com uma garota, pra variar”. Ora, ela podia se parecer com quem diabos ela quisesse, insistia em dizer pra Andrew. E ele concordava, não ousava discordar. A verdade é que ela era sempre absolutamente encantad

Ser gay ou não ser?

“So you say, It’s not okay to be gay?” Me diz uma coisa: por que não seria ok ser gay? Me diz o problema. Por que diabos seria errado? Desde quando amor é errado? Uma relação gay é uma relação de amor também. Eu estou realmente querendo saber. E não me venha com aquela bobagem moralista de que é pecado, nem de que “Eu não sou contra, mais eu não apoio.” Pra você não apoiar uma coisa, você certamente deve ter motivos, correto? Como você pode não ser contra mais não apoiar? Que sentido isso tem? Se você não tem nada contra, logicamente você deveria apoiar. Mas tudo o que eu ouço na aula de formação ético social são essas babaquices . É isso que elas são. Tremendas babaquices de uma sociedade mentalmente enrustida, falei. É errado por que a igreja diz? Bem, sinceramente, a igreja já esteve errada antes, vão folhear um livro da idade média, pelo amor de deus! Amor é amor de qualquer forma, de qualquer sexo, de qualquer porra de coisa. Jesus Cristo não pregava amor? Bem, isso é amor. Eu so

Brasil, Mostra a Tua Cara

“Tuas ideias não correspondem aos fatos (...) eu vejo o futuro repetir o passado, o tempo não para.” A sociedade está em um longo processo de putrefação. E está começando a cheirar mal. Um longo processo doloroso. As manchetes anunciam aquecimento global, balas perdidas, mensalão, mensalinho, dinheiro na cueca, educação precária, cotas pras universidades, sanguessugas, falta de verbas, falta de incentivos, falta de tudo e mais um pouco. O jornal reflete parte das coisas. O caso da menina Isabella, por exemplo. Trágico. Não trágico o suficiente pra passar três meses nas manchetes, nas capas de revista e tudo mais. Isabella que me perdoe, mas essa é a verdade. E sabe por que ela passou essa eternidade nas manchetes? Por que ela era uma menina de classe média. Não se espera de pais de classe média atirarem suas filhas da janela de andar nenhum. Mas se um pai de uma menina de favela a joga do quadragésimo andar está tudo bem. Só menos um pobre no mundo. Se um policial mata um traficante, e

Are you happy?

Outro dia eu estava pensando em como as coisas são complicadas. Em como o amor é complicado. EM como as relações interpessoais são complicadas. Em como as coisas são complicadas no geral. Você para pra pensar se vale mesmo a pena mudar pra uma pessoa que você ama. SE vale a pena mudar por um namorado, já que a probabilidade de vocês acabarem é maior do que a de vocês ficarem juntos. Você para pra pensar se metade das coisas que você faz vale realmente a pena. E daí você para pra pensar de novo nisso. Se você parar de fazer essas coisas, quem é que vai fazê-las? E daí se as probabilidades de você ser reconhecido são quase nulas? Você faz por que sua vida vai ficar mais feliz se você fizer. Você muda por um namorado por que você achou valer a pena, e por que você o ama. Você estabelece relações interpessoais não por que você quer tirar vantagem, mas por que você gosta das pessoas, por que elas te fazem bem e vice-versa. Então em um completo devaneio, você percebe que se você está feliz,
Gente, estou com um problema no envio de imagens, portanto, quando eu solucionar esse problema coloco as imagens que estão faltando. último texto inspirado em uma conversa com Ivilla rs E muitos dos textos foram inspirados em músicas, então algum dia eu coloco os nomes dos artistas e das músicas na ordem de postagem rs Primeiro lembrete postado ae.

Silly Fairy Tales.

“So I hope you understand, I wanna hold you bad” Sempre achei essa história de contos de fada a maior besteira inventada pela imaginação. As pessoas se conhecem um dia de verão ensolarado, e em outro dia de verão ensolarado o vilarejo avista uma fulgurante figura branca, sorrindo. E então o principe e a princesa se casam e vivem felizes para sempre. Erro número um: Nem todos os dias de verão são ensolarados, fato. Erro núumero dois: Relacionamentos levam tempo, precisam de trabalho, de convivência, de amor. Não basta simplesmente que duas pessoas se conheçam e decidam que vão dar certo e vão se casar. Um relacionamento cozinha no fogo baixo, lentamente até estar no ponto certo. Erro número três: Na vida não existem pessoas perfeitas, o amar se baseia em achar a perfeição no imperfeito, e amar até os defeitos desse alguem, por mais que seja dificil. Alias, não deve ser dificil, o amor não foi feito pra sofrimento, foi feito para curtir e aproveitar, e se está dificil então não vale a pe

Emoções Contrárias.

“Something inside that heart has died. You’re in ruins” Alguma coisa quebrou. Não, eu não derrubei nada. Mas alguma coisa quebrou aqui dentro. Acho que eu estou morrendo por dentro. A cada dia que passa eu sinto meu coração diminuir, até ficar microscópico. Não sinto como se quisesse levantar pela manhã pra ver um dia perfeitamente normal acabar em ruínas. Se eu resolvo dar um passo fora da linha, eu sou idiota, estúpida, patética, e tudo no mundo. Se não dou, sou certinha, ridiculamente idiota, e mais patética ainda. Não entendo o que as pessoas querem de mim. Querem que eu me afogue? Por que se querem, é isso que está acontecendo. As ruínas de mim estão à beira do abismo, e dessa vez, alguma coisa no meu coração quebrou. No meu minúsculo coração, onde algumas emoções jazem. Escondidas do mundo que só lhes fez mal. De que vale lutar? Eu não pretendo morrer por isso, então toda essa luta não faz sentido algum, mas ao mesmo tempo, se eu não lutar, sinto que estarei errada se desistir. M

Células Cancerigénas.

“’Cause I don’t wanna fall the pieces, I just wanna seat and stare at you” “Eu não quero juntar os pedaços” foi o que eu disse a ele. Por que era verdade. Eu não queria ter que juntar os pedaços depois que você for embora. Não tenho nem certeza de quem sou eu, de quem é você. Por isso não quero juntar os pedaços. Por que estou apaixonada por você. Por que meu coração não agüenta mais rejeição. Na verdade, meu coração não agüenta mais muita coisa. Nem meu corpo. O câncer desgasta muito, você sabe. Você é o único que eu ficaria até o final. Mas eu não posso fazer isso comigo, principalmente contigo. Não quero falar sobre isso. Por que amor não se fala, se sente. E você não agüentaria. Eu gostaria de poder voltar pras estrelas, voltar pra os seus braços. E agora, mesmo que eu fosse capaz de fazer isso contigo, não posso. Estou presa nessa cama de hospital. Não te disse pessoalmente, tinha medo do que podia acontecer. E não qeuro que tenham pena de mim. Quero que me vejam como a mesma pes

Antigamente X Hoje

Assim que coloquei os pés naquele lugar senti aqueles velhos sentimentos inundando-me lentamente. Medo, solidão, rejeição, ódio, e aquela velha vontade de se matar. Tudo isso começou a crescer no meu âmago. Eu segui em passos largos, em direção à porta que levava-me pra dentro daquele lugar. Encontrei as mesmas crianças correndo, as mesmas pessoas conversando. Dirigi-me até a porta do inferno, a porta azul. E de lá saíram pequenos pesadelos. Minha ânsia de vômito cresceu. Não iria agüentar muito tempo. Então uma figura loira e esguia saiu da sala. Cumprimentou-me e comentou que não gostou de meu batom. – Acho que isso é problema meu, não é mesmo? – Foi a minha resposta à provocação. Ela deu um sorriso amarelo, e esperou sua amiga mais alta ainda sair, com os cabelos castanhos e mal cuidados. Esta, por sua vez, chamou-me de ridícula por causa de minhas roupas e por causa do batom. Segurei as lágrimas que tentavam escapar e dei um sorriso amarelo. Elas seguiram o caminho rindo e eu, comp

Feliz dia da Mari.

“Just when I thought I could die, you come and bring me back to life” Quando eu pensei que estava a beira do abismo, veio você. Me puxou de volta. Disse que tudo ia ficar bem e me deu um abraço. Quando eu estava a beira das lágrimas, veio você. Levou-me de volta a sanidade mental e evitou meu choro. Quando pensei não ter mais ninguém, veio você. Lembrou-me de que eu tinha alguém, e que podia contar contigo. Sempre indiretamente, me lembrando de que sempre poderia contar contigo, lembrando-me de que eu era especial. Todos esses anos enxugando minhas lágrimas. Todos esses anos me ajudando a passar pelas crises. E eu nunca agradeci. Agora vão fazer onze anos desde que aquelas duas crianças se conheceram na casa escola, estudando juntas, passando por tudo juntas. Onze anos, M. Onze longos anos. Eu sempre fiz idéia do que passava na sua cabeça, e vice e versa. Agora me foge a certeza de que sei do que as coisas se tratam. Mesmo assim, feliz aniversário, M. Feliz aniversário. Coma muito pão

The Guy Who Turned Her Down

“And I’m glad I’m not the guy who turned her down” Anos e anos eu a ouvia dizer o quanto era estúpida por confiar nos caras. E bem, eu fiquei encabulado por amá-la. Mas ela sempre foi a mesma pessoa de sempre comigo. Adorava me dizer que eu era desleixado, e me paparicava o suficiente para a vergonha de amá-la passar por alguns instantes. Ela sempre preparava bolos e biscoitos, e levava pra mim. Comia-mos assistindo alguma comédia em minha casa, a qual acabava com ela dormindo na minha casa, enquanto eu a admirava dormir. E ficava me perguntando quando foi o momento exato que eu achei a garota que virou minha vida ao de cabeça pra baixo. Quando finalmente tomei coragem de te dizer o quanto te amava, dando graças mentalmente por não ser o cara que te deixou pra baixo. Você me abraçou e me disse que eu continuava sendo desleixado. E com um sorriso no rosto, me beijou. A partir desse dia, eu cortei minha vida social em dois, saí do meu emprego na cidade pra poder ficar com ela o máximo de

The Way You Make Me Feel

I can’t stop digging the way you make me feel. Acho que eu deveria ter passado minha infância sendo criança. Não passei. Passei pensando em você. Pensei no jeito que você me faz sentir. Todas aquelas coisas que dizem a respeito das borboletas no estomago, todas aquelas baboseiras. Todas elas se aplicavam a você. Sem nenhuma maldita exceção. Passei todo esse tempo sozinho, vendo as crianças serem crianças, enquanto eu pensava em outro jogo pra te dizer como eu me sentia. Dias e noites se passaram, e eu tentava esquecer todas as coisas que te falei. Mas me perguntava como diabos tinha chegado a esse ponto, e não conseguia respostas. Acho que foi por não te conhecer direito, e te admirar tanto. Não posso mandar no meu cérebro, que afinal, é o centro das emoções. Cheguei ao ponto de que não dormia quase nada, minha luz estava sempre acesa. Talvez esperando que você fosse até lá, preocupada. Penso no ontem como se fosse hoje, sempre foi assim. Mas o mais importante é que no ontem, você esta

Escola, Doença & Stuff

Esses dias eu fiquei doente. Na verdade, ainda estou. Fiquei dois dias deitada no sofá. Não fui à escola, não saí de casa, no geral. Me fez perceber o quanto eu posso sentir falta da escola. Eu odeio as aulas, e a escola, mas eu realmente gosto dos meus amigos. Sinto falta dos meus problemas diários, sinto falta de tudo que tem naquele maldito inferno. Tá, não sinto falta da matemática, nem dos deveres de casa, nem de nada dessas coisas, acho. Mas eu sinto falta dos raros momentos de alegria, das risadas, do intervalo, das discussões sem motivo, do apoio, sinto falta. Sinto mesmo. Mas não tenho certeza se quero voltar pra escola. Se quero receber minha prova de matemática. Se quero ter que enfrentar toda sorte de problemas. Se quero fazer alguém sofrer por causa de amor não compreendido. Se quero enfrentar essas experiências. Não sou corajosa. Sou só um grãozinho de areia. Fino, insignificante, e despreparado. Acho que o isolamento não é a solução, mas tenho medo do jeito que as coisas

Memórias de um anarquista e do amor.

Eu ainda me lembro da segunda vez que a vi. Estava com um vestido rodado e bastante pregueado, em um baile, nos anos onde tínhamos a sensação de que tudo era possível. Os anos dourados. Os anos dos Beatles. Os anos de revolução. Os anos do amor. Os anos da guerra. Os anos do Woodstock. Os anos sessenta. Os anos que eu andava com meus jeans rasgados e tênis. Os anos que eu não ligava pra nada, até conhecer você. Num protesto contra a ditadura, lá estava você, linda e revoltada, gritando que queria falar o que pensa. Achei você particularmente encantadora com toda aquela raiva impregnando sua voz, e toda a repulsa expressa em seu olhar. E de repente, me embebi em um sentimento completamente novo. Em algo completamente inusitado pra anos de censura. Passei a me rebelar contra as autoridades, e a viver com medo de ser pego e torturado. Passei a compor sobre você, a ansear por te ver e te ter. No suposto baile, encontrei você tão lindamente ornamentada, e encantadoramente desleixada ao mesm

Under Pressure.

Tell me, tell me, do you feel the pressure now? Todo mundo preocupado em viver no limite, tentando ser lembrado, tentando fazer valer a pena. O fato é que não vamos nos lembrar de nada disso quando morrermos. Fica aquele clima de pressão, tentando viver no limite por que somos induzidos a isso. Se você gastar toda a adrenalina da vida, não vai sobrar o suficiente pra amanhã. A pressão esmaga cada fibra do seu ser que tenta ir contra essa filosofia de vida. Obviamente, temos que fazer algo a respeito do tédio, devemos nos mexer, e não esperar acontecer sentado. Mas não leve tudo tão a serio, por que tudo tem solução, amigo. No fim das contas, vamos todos pro mesmo lugar. Sim, carpe diem. Mas sem pressa. Temos a vida toda pela frente.

Empty Days

Eu me sinto vazia. Como se um buraco tivesse sido aberto em mim. As coisas não parecem ter mudado ao redor de mim, mas dentro de mim elas mudaram. Eu não entendo o por quê. Soa como se eu usasse óculos escuros permanentes. A cor não parece que vai voltar, e a escuridão aumenta, como se as lentes ficassem mais escuras cada dia que passa. E elas de fato ficam. E isso leva embora tudo que eu acredito, toda minha convicção. Não sei mais quem eu sou, quem eu fui. Só sei que eu tenho me mantido afastada das pessoas por uma névoa fina e esbranquiçada , que delimita minhas relações pessoais. Eu não quero ser essa pessoa. A pessoa que manda todo mundo se foder . Eu simplesmente afasto todo mundo com esse jeito. Mas eu não quero ser aquela pessoa que faz o que os outros querem. Eu não sei. Perdi todo o conceito de quem eu sou, de quem eu fui. Não me lembro. Eu gostaria que alguma coisa mais mudasse no meu interior, pra que eu não precise ser aquela patética garota que fica a espera de um algo m

OMFG

- PUTA MERDA, EU AINDA NÃO ACREDITO QUE VOCÊ ESTÁ ESTUDANDO AQUI! – Eu gritei no meio do corredor, fazendo com que todos olhassem pra mim. – É, eu estou, idiota. Agora pare de gritar e fazer todo mundo me encarar. Eu gosto de chamar atenção, mas eu sou novata, porra. – Ela me olhou tentando fazer um olhar de censura, mas a beira dos risos. – E eu sou veterana, e não estou nem aí, porra. Eu ainda não acredito que você está aqui, pirralha. – Eu ria da cara de desprezo dela pelo apelido. Sinceramente, eu amava com todas as minhas forças o fato de aquela criatura irritante e chata estar estudando na minha escola. – Eu não gosto de você, Wainberg. – Ela falou e me olhou com tanto desprezo quanto eu olharia uma aranha enorme subindo na minha mão. Ah, espere, eu não olharia a aranha com desprezo. Com medo, talvez. – Eu também te amo. – Eu sorri amigavelmente. Ela me desprezou – Eu não falei que te amava, porra – Eu olhei me fingindo de ofendida. – Eu quero um abraço. Me dá um abraço? – Ela so

C'mon Babe, Let's Make It Last Forever.

? Enquanto fiquei ali observando, percebi uma coisa que eu havia esquecido há muito tempo. Às vezes, na vida, formam-se laços que jamais poderão ser partidos. Às vezes, você realmente encontra uma pessoa que sempre a apoiará, haja o que houver. Talvez seja um esposo e comemorará isso com o casamento de sonho. Mas existe a chance de que a pessoa com quem você pode contar por toda a vida, aquela pessoa que a conhece por vezes melhor do que você própria, seja a mesma pessoa que sempre esteve ao seu lado. Noivas em guerra, ultima cena. Acho que isso é pra valer. Eu sei em quem eu posso confiar, e em quem eu não posso. Existem pessoas que não me desapontam. Eu não consigo deixa-las. Creio que elas também não consigam deixar-me. Gostaria que elas soubessem o quanto são importantes pra mim. E que elas podem contar comigo pra apóiá-las, sempre. Estarei aqui. Minha conta telefônica que o diga. Amo vocês, por mais que eu não diga isso com a freqüência necessária. E pretendo compartilhar os melho

Old Wars

O frio irascível congelava até meus ossos, mas isso simplesmente era uma coisa que eu precisava fazer. Eu sabia que precisava ser sozinha, afinal eu causara isso. Eles vieram aqui por minha causa. Então a única coisa que eu podia fazer era dete-los. Ou morrer tentando. Eu organizei esse protesto contra essa guerra sem sentido. Mas iam matar todos nós pelo protesto. Eu vejo com muita dificuldade um vulto na escuridão. Reconheço como policial, por causa da nevoa. Não, não era um policial. Eram vários. Não eram policiais, agora. Eu distingui a presença de pessoas que eu conheci durante o protesto. Eu reconheci a Sra. Marples, a Sra. Andersen, Andrea, Kurt, Anna, Keegan, e muitas outras pessoas maravilhosas que me ajudaram nos meus protestos contra a guerra do Vietnã. Agora eles estavam com cartazes, me ajudando a enfrentar as autoridades que vinham, com certeza, prender-me ou torturar-me. E eles estavam aqui pelo que eles acreditavam. Pra me ajudar. Eles podiam não ser necessariamente os

Procurando o amor.

- Emily, traga seu dever de casa – Minha mãe gritou do andar de baixo para que eu descesse com minhas tarefas. Odeio minhas tarefas. Obedeci e levei o maldito dever. Ela olhou minuciosamente cada linha, cada pontuação, cada parágrafo do meu texto. Concluiu que estava bom e devolveu-me. Subi ao meu quarto, finalmente poderia ficar a sós com meu computador. Uma janelinha do MSN subiu na tela. John Andersen acaba de entrar. Certo, o que era aquilo? Meu coração palpitava em um ritmo acelerado, minhas mãos suavam, fazendo com que meus dedos escorregassem das teclas. Resolvi que não conversaria com John. Mesmo assim não consegui fazer as minhas malditas glândulas sudoríparas pararem de produzir todo aquele suor. Em cinco minutos, John pareceu ter se dado conta de que eu estava on-line, por que veio falar comigo. John A. diz: Em, você tem a matéria dos últimos dias de aula? Ótimo saber que era só pra isso que eu servia. Dizer os deveres de casa que ele perdeu. Emily Fichter diz: Tenho sim, q

(In)utilidade

A escola me chateia. Muito . É, eu sei que todo mundo diz isso. Mas não me importa. Eu detesto aquele cubículo que chamam de “ sala de aula ”. Odeio aquelas grades que eles usam para “ proteção ”. Repugno o cheiro daquele lugar. Os únicos motivos remotamente claros na minha mente pra que eu continue indo para aquele lugar é que cada dia que eu passo lá, é um dia a menos que eu tenho que agüentar esse inferno. E que, também, um certo ser irritantemente certo uma vez me perguntou uma coisa. Eu afirmei que todos os seres vivos tinham uma função, menos os humanos. E ele perguntou qual a função dos gatos e cachorros. Eu não soube responder. Então ele disse que ele tinha uma função. Melhorar as condições de vida da espécie dele. E eu disse que eu não tinha utilidade nenhuma. Ele disse que era uma pena. Alguns minutos depois, eu disse que eu tinha uma utilidade, e me foi perguntada qual. Respondi que era entreter as pessoas com os meus textos. Mas isso não será possível se eu não for à esco

Anonimato

Se eu pudesse me manter anônima eu diria: Diria que a vida é breve. Diria que tudo passa. Diria que passa rápido demais. Que não temos a oportunidade de aproveitar devidamente cada momento que temos o prazer de vivenciar durante nossas curtas vidas. Diria que nos conformamos demais. Que ninguém luta pela igualdade, mas luta pelo vestido perfeito pra festa. Que ninguém luta pelo direito de falar o que pensa, mas luta pelo direito de ter saltos perfeitos para andar no shopping. Diria que não acho que o Obama vai salvar o mundo. Diria que gosto mais de azul do que de rosa. Diria que não me conformo com gente sendo classificada por cor, mas que também não me conformo com gente sendo classificada por gosto musical. Diria que não sou comunista e que gosto de gastar dinheiro. Diria que não gosto do Lula. Diria que os pequenos problemas do dia-a-dia são pequenos comparados aos problemas da sua vida. Diria que amor verdadeiro só se tem um, e nenhum outro, se deixar ir já era. Diria que posso d

I Know I Believe In Hell. 'Cause I'm Living In It.

“I know I believe in hell” Pois é. Eu acredito em inferno. Por que eu estou vivendo no inferno. Eu vou voltar pra escola terça. Eu não posso sair no ultimo dia de férias, por que eu saí muito nas férias. Existe desculpa mais ridícula ? A resposta é não. Qual é a maldita diferença entre ficar em casa, trancada no quarto, e entre sair e me divertir? Ah, eu vou te dizer qual. A diferença é que na segunda opção, eu me divirto. E essa vai ser minha última oportunidade de me divertir nas férias, antes de receber minha nota de matemática, prova na qual, eu devo ter tirado meio ponto, no máximo. Bem, é agora que todo mundo me chama de irresponsável. Pode chamar, eu sou mesmo. Sou irresponsável por que eu tenho treze anos. Sou irresponsável por que eu nunca mais vou ter a chance de ser irresponsável. Sou irresponsável por que é o meu jeito. Obvio que os estudos são prioridade na minha vida. Mas experimente ficar acorrentado a algo ou alguém. Pra sempre. Vê o que eu estou dizendo? Às vezes eu p

Eternamente.

Era isso. Tinha acabado. Agora eu sentia um vazio no coração. Quatro anos deixados pra trás. Talvez eu levasse mais quatro anos pra superar. A chuva começou a cair lá fora. Pingo por pingo. Sentei-me no vão da janela. Minhas lagrimas caíram no ritmo da chuva. Eu vi os pingos caírem no chão. Um por um. Também vi os pingos mancharem o estofado azul. Um por um. Uma figura indistinta apareceu em minha janela. Era uma grande janela vitoriana, com um vão estofado, onde eu estava sentada. Enquanto a chuva engrossava, a figura se tornava mais indistinta. Ouvi batidas baixas na janela. Enxuguei parcialmente os olhos. Abri a janela. Encontrei-o com um grande sorriso nos lábios e flores desgastadas pela chuva. – você é um idiota, sabia? – Eu falei, rindo de sua cara abobada. – sabia – Ele sorriu. Um sorriso verdadeiro. Um sorriso, que, por menos tempo que a gente tenha passado sem se ver, eu sentia falta. – então, eu queria saber se você me desculpa, por que eu preciso de você pra viver. Na verda

Para Sempre Seu

Tão breve quanto a vida, é a morte. Nada nos tira da infindável solidão que a morte nos proporciona. Admito que, de forma alguma, foi o que pensei quando a vi estendida no chão. Seu corpo imóvel parecia fazer uma espécie de desenho, como o curso de um rio. Eu parei na porta, embasbacado. Emily parecia mais tranqüila do que nunca. Usava seu vestido favorito, com o desenho de uma carpa multicolorida, que a meu ver, sorria de modo intrigante. Não que realmente sorrisse. Mas não me parecia sorrir agora. Adotara uma expressão solene, inclinei-me a pensar. Ao seu lado, um livro aberto na página de número duzentos e onze, e um bilhete. Com receio, aproximei-me do corpo inerte de Emily, evitando a todo custo encarar seu olhar vítreo e acusador. Apossei-me do bilhete, e abri cuidadosamente o papel quase desfeito por lágrimas. Dizia o seguinte: Não faço idéia de quem será o primeiro a encontrar esse bilhete. Ficaria embaraçada se fosse mamãe, de modo que peço que, quem quer que abra esse bilhete

Carta Para Mim Mesma

No chuveiro, eu vejo a cor se esvaindo do meu cabelo. O azul vai indo embora. Talvez dando lugar pra uma cor mais adulta. Talvez dando lugar pra um outro eu. Talvez me dando espaço pra crescer. Mas eu simplesmente não consigo parar de pensar que parte de quem eu sou está indo embora junto com aquela tintura. Parte de quem eu fui. Indo lentamente durante o banho, durante a vida. Essa tintura representa suas memórias, e cada vez que você as abandona, você abandona parte de quem você é ou foi. De quem você deveria ser. Sinto uma sensação ruim quando a tinta desce o ralo, e quando o azul inunda meus pés, escapando lentamente pela tangente, sempre que tem oportunidade, sempre que é dada uma chance. A tinta se vai, e você fica. Sem conteúdo, sem ser você mesma, afinal.