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Mostrando postagens de julho, 2009

Empty Days

Eu me sinto vazia. Como se um buraco tivesse sido aberto em mim. As coisas não parecem ter mudado ao redor de mim, mas dentro de mim elas mudaram. Eu não entendo o por quê. Soa como se eu usasse óculos escuros permanentes. A cor não parece que vai voltar, e a escuridão aumenta, como se as lentes ficassem mais escuras cada dia que passa. E elas de fato ficam. E isso leva embora tudo que eu acredito, toda minha convicção. Não sei mais quem eu sou, quem eu fui. Só sei que eu tenho me mantido afastada das pessoas por uma névoa fina e esbranquiçada , que delimita minhas relações pessoais. Eu não quero ser essa pessoa. A pessoa que manda todo mundo se foder . Eu simplesmente afasto todo mundo com esse jeito. Mas eu não quero ser aquela pessoa que faz o que os outros querem. Eu não sei. Perdi todo o conceito de quem eu sou, de quem eu fui. Não me lembro. Eu gostaria que alguma coisa mais mudasse no meu interior, pra que eu não precise ser aquela patética garota que fica a espera de um algo m

OMFG

- PUTA MERDA, EU AINDA NÃO ACREDITO QUE VOCÊ ESTÁ ESTUDANDO AQUI! – Eu gritei no meio do corredor, fazendo com que todos olhassem pra mim. – É, eu estou, idiota. Agora pare de gritar e fazer todo mundo me encarar. Eu gosto de chamar atenção, mas eu sou novata, porra. – Ela me olhou tentando fazer um olhar de censura, mas a beira dos risos. – E eu sou veterana, e não estou nem aí, porra. Eu ainda não acredito que você está aqui, pirralha. – Eu ria da cara de desprezo dela pelo apelido. Sinceramente, eu amava com todas as minhas forças o fato de aquela criatura irritante e chata estar estudando na minha escola. – Eu não gosto de você, Wainberg. – Ela falou e me olhou com tanto desprezo quanto eu olharia uma aranha enorme subindo na minha mão. Ah, espere, eu não olharia a aranha com desprezo. Com medo, talvez. – Eu também te amo. – Eu sorri amigavelmente. Ela me desprezou – Eu não falei que te amava, porra – Eu olhei me fingindo de ofendida. – Eu quero um abraço. Me dá um abraço? – Ela so

C'mon Babe, Let's Make It Last Forever.

? Enquanto fiquei ali observando, percebi uma coisa que eu havia esquecido há muito tempo. Às vezes, na vida, formam-se laços que jamais poderão ser partidos. Às vezes, você realmente encontra uma pessoa que sempre a apoiará, haja o que houver. Talvez seja um esposo e comemorará isso com o casamento de sonho. Mas existe a chance de que a pessoa com quem você pode contar por toda a vida, aquela pessoa que a conhece por vezes melhor do que você própria, seja a mesma pessoa que sempre esteve ao seu lado. Noivas em guerra, ultima cena. Acho que isso é pra valer. Eu sei em quem eu posso confiar, e em quem eu não posso. Existem pessoas que não me desapontam. Eu não consigo deixa-las. Creio que elas também não consigam deixar-me. Gostaria que elas soubessem o quanto são importantes pra mim. E que elas podem contar comigo pra apóiá-las, sempre. Estarei aqui. Minha conta telefônica que o diga. Amo vocês, por mais que eu não diga isso com a freqüência necessária. E pretendo compartilhar os melho

Old Wars

O frio irascível congelava até meus ossos, mas isso simplesmente era uma coisa que eu precisava fazer. Eu sabia que precisava ser sozinha, afinal eu causara isso. Eles vieram aqui por minha causa. Então a única coisa que eu podia fazer era dete-los. Ou morrer tentando. Eu organizei esse protesto contra essa guerra sem sentido. Mas iam matar todos nós pelo protesto. Eu vejo com muita dificuldade um vulto na escuridão. Reconheço como policial, por causa da nevoa. Não, não era um policial. Eram vários. Não eram policiais, agora. Eu distingui a presença de pessoas que eu conheci durante o protesto. Eu reconheci a Sra. Marples, a Sra. Andersen, Andrea, Kurt, Anna, Keegan, e muitas outras pessoas maravilhosas que me ajudaram nos meus protestos contra a guerra do Vietnã. Agora eles estavam com cartazes, me ajudando a enfrentar as autoridades que vinham, com certeza, prender-me ou torturar-me. E eles estavam aqui pelo que eles acreditavam. Pra me ajudar. Eles podiam não ser necessariamente os

Procurando o amor.

- Emily, traga seu dever de casa – Minha mãe gritou do andar de baixo para que eu descesse com minhas tarefas. Odeio minhas tarefas. Obedeci e levei o maldito dever. Ela olhou minuciosamente cada linha, cada pontuação, cada parágrafo do meu texto. Concluiu que estava bom e devolveu-me. Subi ao meu quarto, finalmente poderia ficar a sós com meu computador. Uma janelinha do MSN subiu na tela. John Andersen acaba de entrar. Certo, o que era aquilo? Meu coração palpitava em um ritmo acelerado, minhas mãos suavam, fazendo com que meus dedos escorregassem das teclas. Resolvi que não conversaria com John. Mesmo assim não consegui fazer as minhas malditas glândulas sudoríparas pararem de produzir todo aquele suor. Em cinco minutos, John pareceu ter se dado conta de que eu estava on-line, por que veio falar comigo. John A. diz: Em, você tem a matéria dos últimos dias de aula? Ótimo saber que era só pra isso que eu servia. Dizer os deveres de casa que ele perdeu. Emily Fichter diz: Tenho sim, q

(In)utilidade

A escola me chateia. Muito . É, eu sei que todo mundo diz isso. Mas não me importa. Eu detesto aquele cubículo que chamam de “ sala de aula ”. Odeio aquelas grades que eles usam para “ proteção ”. Repugno o cheiro daquele lugar. Os únicos motivos remotamente claros na minha mente pra que eu continue indo para aquele lugar é que cada dia que eu passo lá, é um dia a menos que eu tenho que agüentar esse inferno. E que, também, um certo ser irritantemente certo uma vez me perguntou uma coisa. Eu afirmei que todos os seres vivos tinham uma função, menos os humanos. E ele perguntou qual a função dos gatos e cachorros. Eu não soube responder. Então ele disse que ele tinha uma função. Melhorar as condições de vida da espécie dele. E eu disse que eu não tinha utilidade nenhuma. Ele disse que era uma pena. Alguns minutos depois, eu disse que eu tinha uma utilidade, e me foi perguntada qual. Respondi que era entreter as pessoas com os meus textos. Mas isso não será possível se eu não for à esco

Anonimato

Se eu pudesse me manter anônima eu diria: Diria que a vida é breve. Diria que tudo passa. Diria que passa rápido demais. Que não temos a oportunidade de aproveitar devidamente cada momento que temos o prazer de vivenciar durante nossas curtas vidas. Diria que nos conformamos demais. Que ninguém luta pela igualdade, mas luta pelo vestido perfeito pra festa. Que ninguém luta pelo direito de falar o que pensa, mas luta pelo direito de ter saltos perfeitos para andar no shopping. Diria que não acho que o Obama vai salvar o mundo. Diria que gosto mais de azul do que de rosa. Diria que não me conformo com gente sendo classificada por cor, mas que também não me conformo com gente sendo classificada por gosto musical. Diria que não sou comunista e que gosto de gastar dinheiro. Diria que não gosto do Lula. Diria que os pequenos problemas do dia-a-dia são pequenos comparados aos problemas da sua vida. Diria que amor verdadeiro só se tem um, e nenhum outro, se deixar ir já era. Diria que posso d

I Know I Believe In Hell. 'Cause I'm Living In It.

“I know I believe in hell” Pois é. Eu acredito em inferno. Por que eu estou vivendo no inferno. Eu vou voltar pra escola terça. Eu não posso sair no ultimo dia de férias, por que eu saí muito nas férias. Existe desculpa mais ridícula ? A resposta é não. Qual é a maldita diferença entre ficar em casa, trancada no quarto, e entre sair e me divertir? Ah, eu vou te dizer qual. A diferença é que na segunda opção, eu me divirto. E essa vai ser minha última oportunidade de me divertir nas férias, antes de receber minha nota de matemática, prova na qual, eu devo ter tirado meio ponto, no máximo. Bem, é agora que todo mundo me chama de irresponsável. Pode chamar, eu sou mesmo. Sou irresponsável por que eu tenho treze anos. Sou irresponsável por que eu nunca mais vou ter a chance de ser irresponsável. Sou irresponsável por que é o meu jeito. Obvio que os estudos são prioridade na minha vida. Mas experimente ficar acorrentado a algo ou alguém. Pra sempre. Vê o que eu estou dizendo? Às vezes eu p

Eternamente.

Era isso. Tinha acabado. Agora eu sentia um vazio no coração. Quatro anos deixados pra trás. Talvez eu levasse mais quatro anos pra superar. A chuva começou a cair lá fora. Pingo por pingo. Sentei-me no vão da janela. Minhas lagrimas caíram no ritmo da chuva. Eu vi os pingos caírem no chão. Um por um. Também vi os pingos mancharem o estofado azul. Um por um. Uma figura indistinta apareceu em minha janela. Era uma grande janela vitoriana, com um vão estofado, onde eu estava sentada. Enquanto a chuva engrossava, a figura se tornava mais indistinta. Ouvi batidas baixas na janela. Enxuguei parcialmente os olhos. Abri a janela. Encontrei-o com um grande sorriso nos lábios e flores desgastadas pela chuva. – você é um idiota, sabia? – Eu falei, rindo de sua cara abobada. – sabia – Ele sorriu. Um sorriso verdadeiro. Um sorriso, que, por menos tempo que a gente tenha passado sem se ver, eu sentia falta. – então, eu queria saber se você me desculpa, por que eu preciso de você pra viver. Na verda

Para Sempre Seu

Tão breve quanto a vida, é a morte. Nada nos tira da infindável solidão que a morte nos proporciona. Admito que, de forma alguma, foi o que pensei quando a vi estendida no chão. Seu corpo imóvel parecia fazer uma espécie de desenho, como o curso de um rio. Eu parei na porta, embasbacado. Emily parecia mais tranqüila do que nunca. Usava seu vestido favorito, com o desenho de uma carpa multicolorida, que a meu ver, sorria de modo intrigante. Não que realmente sorrisse. Mas não me parecia sorrir agora. Adotara uma expressão solene, inclinei-me a pensar. Ao seu lado, um livro aberto na página de número duzentos e onze, e um bilhete. Com receio, aproximei-me do corpo inerte de Emily, evitando a todo custo encarar seu olhar vítreo e acusador. Apossei-me do bilhete, e abri cuidadosamente o papel quase desfeito por lágrimas. Dizia o seguinte: Não faço idéia de quem será o primeiro a encontrar esse bilhete. Ficaria embaraçada se fosse mamãe, de modo que peço que, quem quer que abra esse bilhete

Carta Para Mim Mesma

No chuveiro, eu vejo a cor se esvaindo do meu cabelo. O azul vai indo embora. Talvez dando lugar pra uma cor mais adulta. Talvez dando lugar pra um outro eu. Talvez me dando espaço pra crescer. Mas eu simplesmente não consigo parar de pensar que parte de quem eu sou está indo embora junto com aquela tintura. Parte de quem eu fui. Indo lentamente durante o banho, durante a vida. Essa tintura representa suas memórias, e cada vez que você as abandona, você abandona parte de quem você é ou foi. De quem você deveria ser. Sinto uma sensação ruim quando a tinta desce o ralo, e quando o azul inunda meus pés, escapando lentamente pela tangente, sempre que tem oportunidade, sempre que é dada uma chance. A tinta se vai, e você fica. Sem conteúdo, sem ser você mesma, afinal.