Eu me sinto vazia. Como se um buraco tivesse sido aberto em mim. As coisas não parecem ter mudado ao redor de mim, mas dentro de mim elas mudaram. Eu não entendo o por quê. Soa como se eu usasse óculos escuros permanentes. A cor não parece que vai voltar, e a escuridão aumenta, como se as lentes ficassem mais escuras cada dia que passa. E elas de fato ficam. E isso leva embora tudo que eu acredito, toda minha convicção. Não sei mais quem eu sou, quem eu fui. Só sei que eu tenho me mantido afastada das pessoas por uma névoa fina e esbranquiçada, que delimita minhas relações pessoais. Eu não quero ser essa pessoa. A pessoa que manda todo mundo se foder. Eu simplesmente afasto todo mundo com esse jeito. Mas eu não quero ser aquela pessoa que faz o que os outros querem. Eu não sei. Perdi todo o conceito de quem eu sou, de quem eu fui. Não me lembro. Eu gostaria que alguma coisa mais mudasse no meu interior, pra que eu não precise ser aquela patética garota que fica a espera de um algo mais que nunca vai vir. Acho que eu morri um pouco por dentro. Ou ainda estou morrendo, em um longo processo de putrefação. Preferia não sentir. Preferia sentir, e ser correspondida ao invés de sentir sozinha. Sentir está me levando pra baixo. E eu preciso desesperadamente subir, ou morrerei afogada em meus próprios sentimentos.
Eu sobrevivo, eu sobrevivo! Polônia. Tempos difíceis, todas as pessoas consideradas indesejadas estavam indo embora para terras quentes, infestadas com o odor da novidade, do fervor da fuga. A saída sorrateira do país desencontrava amores, despistava amantes. Numa casa, não muito longe do centro de Varsóvia, uma mulher suspirava. Lia e relia a única carta do amado, com o perfume quase se esvaindo do papel, letras borradas das lágrimas que ambos derramaram naquele frágil pedaço de papel, cheio de promessas e saudades. Rosa, tão bela Rosa. Tive que partir, e você sabe minhas motivações. Deixo-lhe com um aperto no peito, beijos em tuas mãos e com dissabores na vida. Prometo-lhe notícias, em breve, da carta que precisas para deixar o país, e vir, finalmente, me encontrar. Ansiosamente, aguardo-te e sonho contigo todas as noites. Porém, a vida nos trópicos está me fazendo bem. Quase não se vê sinal das minhas tosses. Estou empregado, trabalhando na fábrica de alumínio. Moro com mais doi
Bianninha. Que coisa mais tensa. Mas eu amei. Eu sempre amo. Já sabe do seu talento; tenho orgulho dele. Algum dia voce vai ser descoberta Bee, eu sei que vai. Quando você ficar milhonária, nunca se esqueça de suas velhas amigas certo? Hahsuahs, eu sei que voce não vai esqueçer. Por que se não fosse eu, ninguém te zoaria pela calda de chocolate. Amo você Bi.
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