Pular para o conteúdo principal

Postagens

Mostrando postagens de 2012

Home Is Where The Heart Is

Olhando minhas fotos ao som de Memory Lane, do Mcfly, descobri relíquias. Fotos que eu nem lembrava existirem. Eventos que eu nem lembrava ter comparecido. Pessoas que faziam parte do meu dia, do cotidiano, que eu sabia de quase tudo, e que agora não sei de absolutamente nada. Tudo muda tanto. Suas escolhas influenciam mais que diretamente em quem você se torna ou se tornou, e algumas pessoas simplesmente não cabem mais na sua presente ou passada situação. Não é culpa sua. Não é culpa delas. Só não cabe mais. Me dei conta de quantas pessoas passaram pela minha vida. Não foram poucas. Já participei de vários grupos de amigos, várias tribos, de muitas pessoas diferentes. Ofendi e fui ofendida. Mudei e mudaram. Todos mudam. E acontece que agora não sei a que grupo pertenço. Tenho, ao meu lado, as pessoas que eu sempre tive ao meu lado, e as quais eu tenho a certeza que não me deixarão jamais. Algumas pessoas, por mais que efêmeras na minha vida, deixaram marcas eternas.

Me Enamora

Andando pela rua, pensando no que ia fazer quando chegasse em casa. Deleitava-se com a possibilidade de só deitar na cama e ligar pra alguém, passar horas lá, deitada, conversando e rindo. Muito tempo que não se sentia assim. Leve, leve. Apesar de parecer que quase tudo ao seu redor explodia levemente ao som de uma sinfonia de beethoven, ela se sentia como se pudesse flutuar a qualquer momento. Sim, andara tendo crises inexplicáveis de choro. Mas, de uma forma ou de outra, não se sentia sozinha ou desamparada. Sentia como se tivesse sempre alguém ali. Alguém pra ela ir conhecendo e se apaixonando pelas coisas mais bobas, pelo jeito mais simples. Alguém pra quem ela não teria vergonha de dedicar os escritos mais bregas e cheios de significância. Alguém pra me ver chorar, no meio de uma crise totalmente sem sentido. Alguém que não a fosse julgar pelas besteiras que ela já fez. E quando julgou que nunca mais ia sentir-se assim, que nunca mais ninguém seria capaz de sentir alguma coisa por

Quando Eu Estiver Triste, Simplesmente Me Abrace

Quase todos os meus relacionamentos afundaram. E afundaram feio. Não sei lidar com o amor das pessoas, sempre penso que este é efêmero demais, e se acabar dependendo dele, vou afundar quando acabar. Por isso sempre fiz questão de acabar. A gente é feito pra acabar. Sempre acreditei na efemeridade da coisa. Dos sentimentos. Do amor. Do coração batendo forte, das pernas bambas, das borboletas do estômago. Sempre achei muito incerto quem não demonstra afeto, quem não diz que ama. Também achava grudento quem dizia isso em demasia, e me punha em um enfado que era difícil de tirar. Ninguém nunca achou um equilíbrio. Eu sou meio desequilibrada, então achar alguém que aguente tamanha mudança de humor de forma constante, e que aceite isso numa boa, foi difícil. Eu sou difícil. Reconheço isso. Difícil, chata, insuportável, irritante, meio egoísta, abusada. E nem é charminho. Percebi o quanto é fácil cair na rotina, desaparecer quando você namora. Se infiltrar no outro ao ponto de saber quais os

Daqui A Alguns Anos

Acordou em uma cama, que não era a sua. Olhou pra um teto, que não era o seu. Passou a mão pelas cobertas quentes, que não eram as suas. Olhou pra o marido, de olhos fechados e barriga pra cima, que não era o seu. Tentou se situar numa vida que não parecia sua. Levantou e colocou os pés no chão gelado. Aquele chão gelado não era do seu Brasil. Pela janela, uma paisagem gélida de inverno. Reparou que estava com frio, em meio a confusão. Buscou um casaco no closet daquela casa. Pegou botas de neve, calças de frio, meias, casacos, luvas e um gorro. Vestiu-se, e com o homem dormindo na cama, saiu. Sentou-se em um banco lotado de neve, depois de espaná-la pra longe. Parou pra pensar. Aquela era a vida que ela tinha vivido nos últimos seis anos. Daqui meia hora, Jackie, sua filha, teria acordado, e estaria faminta por algo além de ficar dentro de casa. E Matthew, seu filho, estaria sendo provocado por Jackie. Quando foi que as coisas mudaram tanto? Lembrava dos namoros da adolescência, das b

Ando Em Frente Por Sentir Saudade

Na classe, o professor colocou um vídeo. Vídeo pesado. Cheio de terror. Não havia sangue. Havia brutalidade. Algo nada incomum no mundo. Crueldade, exposta, nua e crua. Seus olhos lacrimejavam. Já tinha visto tal vídeo uma vez. Não estava gostando de vê-lo de novo. Esfregando na cara aqueles corpos putrefatos de milhares de judeus no holocausto. Era judia. Se sentia judia. Sentia dor mental e física vendo aquilo. As pessoas, negando envolvimento. Como podiam? Nunca protestaram. Nunca foram contra. Se não foram contra, apoiaram. Sentia nojo, sentia repulsa. No escuro, encontrou uma mão. Uma mão que afagou a sua, que apertou a sua, que partilhava da sua repulsa. Uma mão, que por mais que fosse quase tão fajuta judia quanto a dela, era uma mão amiga. Uma mão que sentia, involuntariamente, as agruras do vídeo. Sentia mais que os outros. Apertaram as mãos, em sentimento conjunto de cumplicidade. Eram amigos a mais tempo do que podiam contar. Aquela intimidade, de apenas segurarem as mãos, d

I Want You To Be Crazy, 'Cause You're Stupid, Baby, When You're Sane

Câmera foca em um grupo de jovens descendo de um carro por volta do meio dia, na frente de uma fonte que está sendo restaurada. O grupo conversa animadamente. Pegam as malas na mala do carro, e se dirigem até a pousada do amigo, na qual irão se instalar. Corta para eles chegando no caminho tortuoso até a casa que vão ficar. Andam os quatro, rindo e conversando. Chegam na casa, e entram sem bater. Se deparam com uma casa meio escura. Quarto lotado de pessoas semi acordadas. Acendem a luz e se juntam a eles, rindo. Conversam, até sentirem fome. AUG reclama até que cedem aos seus apelos, e vão ao restaurante. Câmera corta para fila do restaurante self service, onde todos conversam animadamente enquanto comem avidamente. Corta para o quarto do jovem dono da casa, onde alguns estão jogando poker em duplas. Riem. Câmera foca na janela, que mostra o dia apagando aos poucos. PH entra no quarto, e informa que vai até a casa de BR, se arrumar lá. B levanta e vai também. PH: Vou me arrumar lá em

Nem Santa, Nem Puta. Mulher.

Aproveitando o gancho do meu projeto da CIARTE, quero falar sobre uma coisa que me enfurece MUITO. Andar na rua e ser cantada a cada dois passos que se dá. É a coisa mais irritante, constrangedora, babaca e exasperante do mundo. Até por que eu ando muito sozinha, quando essas "cantadas" rolam depois das cinco da tarde, já ando assustada e com passos largos, com medo do que pode me acontecer se eu me demorar. Mas a pergunta é: Quem é que te deu o direito de violar meu direito desse jeito? Quem é que te autorizou a entrar assim na minha vida, olhar pra mim desse jeito e falar essas coisas pra mim? Meu short? Meu decote? Sinto muito, amigo, mas o meu decote NÃO é convite. O comprimento do meu short só interessa a mim. Em uma cidade quente que nem a que eu moro, impossível andar sempre de jeans, casaco, camisa, e tênis. E mesmo se andar, ainda tem nego cara de pau que passa cantada. O negócio é o seguinte: o corpo é meu, e eu ando vestida como eu quiser, por que isso é proble

Ela É Linda Linda

Eu devo mais a ti do que eu posso pagar. Devo mais a ti do que a qualquer um. Devo quem eu sou, devo quem eu fui, e devo quem eu vou ser, e gosto de devê-lo. Eu te amo. E a distância me mata, vó. Sempre tive muita inveja de todas as minhas amigas que tem avós que moram do lado. Você escolheu morar do outro lado do mundo e me matar de saudades. Você escolheu sempre ser feliz, e ser sempre minha avó, não importando a besteira que eu tivesse feito daquela vez. Nos meus piores momentos, eu tenho certeza que você estava lá. E que sempre vai estar. Agora, aí em Israel, são quase duas da manhã. Mas eu aposto que se eu precisasse de você nesse instante, e ligasse pra aí, você ainda ia me atender. Com uma puta raiva. Mas ia me atender e ia procurar me entender. Você sempre procurou entender minhas babaquices. Sempre me amou, por mais que eu gritasse, esperneasse e disesse que não queria ir pra sua casa. Encaremos a verdade: eu adorava a sua casa. Aquelas porcelanas, aqueles panos coloridos, os

Por Hoje A Vida Dança Sem Sinal

Estava na fila do supermercado, carregando oito sacolas lotadas de decoração temática de halloween pra sua festa. Estava quase atrasada pra a própria festa. Victória já estava lá, no salão de festas. E ela do outro lado da cidade, esperando na fila pra comprar uma coca cola e uma garrafa de groselha. Conseguiu carona com o Matheus. Chegou, tomou banho, desceu e ajudou Victória a arrumar o salão. Subi pra pegar minha fantasia de chapeileiro maluco versão feminina. Quando desci, havia um desconhecido junto aos meus amigos. Um desconhecido que logo virou conhecido, e era simpático. Mais pessoas foram chegando, e eu estava com medo de que a festa ficasse segregada, que as pessoas não se misturassem, que tudo desse errado. Não deu. Fantasias, conversas, doses e mais doses da groselha batizada. De vodka. Insônia. Tapas. E beijos. Muitos beijos. Tontura. Beijo. Em todos. Todos merecem o meu amor. Música. Risos, muitos risos. E o prédio tá se mexendo. Juventude perdida é o caralho, eu tenho mu

ENEM e outras desgraças

Nove da manhã. Levanto da cama, tomo banho nas pressas. Por que eu não tenho nenhuma bosta de caneta preta translúcida? Agora vou ter que correr pra o supermercado antes da maldita prova. Ok, 9:30. Dá tempo. Dá? Vai ter que dar. Por que o supermercado tem que ser tão longe? Eu só queria UMA caneta preta, mas tive que comprar um pacote com TRÊS canetas, uma preta, uma azul e uma vermelha. E enfrentar a fila, com o tempo correndo pelos meus dedos. A porcaria da fila de pequenas compras está lotada de pessoas, e dando voltas. - Licença, moça. É que eu vou fazer ENEM, e só preciso comprar essas canetas pra prova, vou pagar em dinheiro, juro que são só cinco minutos, será que eu podia passar na sua frente, por favor? - - Não. - E virou o rosto. Na verdade, não olhou pra o meu rosto. Só murmurou um não indigesto que me fez ficar com a pior impressão do mundo. Fiquei ali, atrás da dita cuja, com raiva. Ela não tinha que me ceder o lugar dela, mas poxa, custava tanto olhar na minha cara pra

Love Will Tear Us Apart Again

Nos últimos dois meses eu pude experimentar o que é uma amizade. Várias amizades. Eu estava extremamente carente por que muitos amigos tinham ido pra o intercâmbio, tava me sentindo meio sozinha, abandonada. E de repente, um dos meus blogueiros favoritos chegou com essa ideia de Blog. E poxa, que ideia genial. Juntar um monte de meninas pra desabafar, conversar, se amar, e contar suas histórias, suas jornadas. E uma das regras era estilo Clube da Luta, sabe? Nada pode sair dali. Mas saiu. E quando saiu, o grupo foi deletado nas pressas. Depois desse, surgiu outro, com beeeeeeem menos meninas, por que a gente gostou do clima intimista e amoroso do outro grupo. Ficamos confortáveis umas com as outras. Compartilhamos segredos, besteiras, fotos, nossas vidas, nossas partes do corpo, nosso amor, coração e vivências. Tava bom demais pra ser verdade. Veio mais um problema, um vazamento de informação. Poxa, um vazamento de informação de pessoas que em tão pouco tempo já estavam no meu dia-a-di

Na Madrugada Sem Fim

- Vá lá. - - Mas ele não me quer. - - Mas vá! - Estava cansada de não fazer exatamente o que queria. Dane-se. Foi lá, decidida, pela oitava vez na noite. Mas a vodka já tinha-lhe subido à cabeça, então fez. Tascou o beijo. Não sabia que horas eram. Sabia que parecia que as coisas do lado de fora estavam entorpecidas. Que estava bom onde estava. Apesar dos inúmeros dedos enfiados no meio, vodkas jogadas na cara, e interrupções de bêbado, foi interessante. O beijo continuou, sem pausas pra conversa. E prosseguiram. - Você me segura se eu cair? - - Seguro. - Andaram pelas tortuosas ruas de paralelepípedo. Tropeçando, mas não caindo de verdade. Isso podia ser entendido como uma metáfora pra sua vida. Tropeçando, mas nunca caindo. Aos tropeços, seguiam. Seguia. Tequila. Dedos entrelaçados. Sentiu falta desse entrelaçar de dedos. Não propriamente dele, mas desse gesto. Gostoso gesto. O grupo de amigos foi expulso de onde estavam por causar desordem. E rindo, foram embora. Que estraga pr

Too Many Fish In The Sea

Tive muitos amores. Alguns significativos, outros não. Me deu uma vontade enorme de contar um pouco da história deles pra mim e pra vocês. - - Olá. - - Olá. - - Como se chama? - - Martin. - - Bianca, prazer. - Martin era um cara legal (Martin não é seu nome verdadeiro. E não vou revelar nome de ninguém.). Martin era BV. Acho que ele acabou sendo meu primeiro amor. Daqueles que a gente nunca esquece. Na época, eu era uma pirralhinha apaixonada, que achava que o gosto musical dele bater com o meu era motivo pra nos casarmos. Martin se apaixonou por mim, mas era uma paixão muito confusa. Fui lá, no calor de um momento inexistente, saindo do shopping, correndo atrás dele, que já tinha saído de volta pra escola, e confessei TODOS os meus sentimentos. Foi tão libertador. E aterrador. Em um momento, eu estava no controle da situação, e em outro momento não estava. Só que ele correspondeu, e trocamos o primeiro beijo da vida dele. Dois anos mais velho. Tivemos um romance permeado por

Pelados Em Pipa

Abrindo de uma forma sensacional: Vodka. Vodka. Orgasmo. Caipirinha. TGVA. Capeta. Texas Tier. Tequila. Um, dois, três. Beijos. Muitos beijos. Dançando. Vários jovens, corpos entremeados, dançando. Recapitulando: todos vestidos. Cada uma arranjada da forma que podia, e com quem podia. Opa, um selinho. Dois. Três. Tequila. Acho que já estamos todos bêbados. Você me segura se eu cair? Vamos voltar pra casa, tô tonta. E o strip poker? Não vai dar? Poxa, que vacilo. Você tá bem? Não acredito que você pegou esse boe! Cochilo. Praia? Claro, vamos. Banho demorado. Preciso dormir. Bom dia, gente. Agora o strip poker? "Tira esse celular do meu rabo!" "Eu não" "Hm, sua vez de tirar a blusa" "Se eu vou ter que tirar, então vou beber." Depois de aberta a garrafa de vodka, todo mundo se viu em posição semelhante. Todos pelados. Pelados em Pipa. Melhor que pelados em santos. Ressaca, pouca roupa e intimidade. Intimidade era isso. Pegar nos peitos da amiga

Amores Imperfeitos São As Flores Da Estação

- Olá - Se olharam longamente, e ela sorriu. - Ana. - - Gustavo. - Passaram o resto da noite se conhecendo, e se conheceram mais profundamente. Beijaram-se. E mais. Rápido. Um pouco altos da bebida, porém, conscientes. Ela queria tão mais, ele não queria. Ou queria? Tentou sondá-lo nos dias que se passaram, mas nada. Era tão indiferente quanto o vento que passava e não ficava. Era esse o problema, no fim das contas: passava e não ficava. Por que não ficava? O problema era ela? Suas inseguranças inchavam, enquanto as dele ficavam intactas. Era esse meio de viver? Sempre insegura, sempre pensando no que ele poderia estar fazendo, no que vocês poderiam estar planejando? Não. Era essa a hora de mover-se em frente. E, apesar de saber que era hora de seguir em frente, doía e sangrava. Recente e não tão profundo assim, mas doía. Ela estava cansada. Por que ele não deixava de ser um babaca e assumia que ela era incrível? ~ A distância estava matando. Era ruim não poder sentir a pele dele

Let's Keep This Two Hearts Beating Faster, Faster

Deitaram-se no banco de trás do carro. Puxou a blusa. Mão. Mãos. Tirou a blusa. Beijos. Braços. Tirou a outra blusa. Zíper. Mão. Mãos. Rápido, rápido. ~ - Bom dia. - Olhou ao redor de si. Roupas. Deitada na cama. Como chegara ali? - Bom dia. - Levantou-se depois da saudação desajeitada, e planejava ir embora o mais cedo possível. O que foi que fizera? - Hm. Quer tomar café? - Ele olhara pra ela como se disesse pra ficar. - Não. - Catou as roupas do chão, e as estava vestindo apressadamente. - Certeza? Tem panquecas. - - Certeza. Vou indo. Tchau. - Saiu ainda vestindo o salto da noite anterior. Por que tudo parecia um borrão? ~ - Eu acordei e nem sabia onde eu tava. - Falou, de boca cheia, pra a amiga que chamara pra o café mais próximo da sua casa. - Que vadia, você. - As duas riram. Ambas sabiam que não era verdade. Ou que, no fundo, era um pouco, e por isso era engraçado. - Ele era bonitinho, mas não sei nem o nome dele, por Deus. - Enfiou outra garfada do waffle na bo

Brincadeira De Criança, Como É Bom

Antes que vocÊs pensem que vai ser o texto mais clichê do mundo sobre o dia das crianças, e ser criança, eu tenho que esclarecer uma coisa: provavelmente vai ser, mesmo. Então, se você tá afim de mergulhar na nostalgia antecipada de voltar à infância, bem vindo. Vou começar falando do que me motivou a escrever o texto. Recentemente, conheci um grupo de algumas das pessoas mais incríveis que poderiam aparecer na minha vida, e essa noite, resolveram que o programa de quem ia ficar em casa seria uma sessão nostalgia. E que sessão, viu? Eu escutei a abertura de todas as novelas mexicanas que eu ia assistir na casa de Mariana depois/antes da natação (isso inclui Maria do Bairro, A Ursupadora, Chiquititas, Carrossel, O Diário de Daniela, Floribella, enfim, todas essas), todas as boys band vergonhosas (KLB, Broz), as cantoras esquecidas pela mídia mas que pra mim eram um arraso (Marjorie Estiano, Luka, Kelly Key), as girl band (Rouge), as coisas mais antigas (Angélica, Xuxa, Sandy e Júnior)

And As The Years Go By

Tomava uma vodka pungente. Barata, porém pungente. Bateu o copo na mesa com uma força exagerada, advinda da bebida. A música de fundo do barzinho com tema latino era um melô romântico do Alejandro Sanz. Enxugou a boca com a manga do casaco e fodam-se as regras de etiqueta. Estava usando um vestido branco e um casaco bege. Não podia dirigir nesse estado pra casa. Então dirigiu a si mesma pra a casa do conhecido mais próximo. No caso, da conhecida. Bateu na porta, incontrolavelmente. E começou a rir. Rir da sua situação engraçada. Meio bêbada, na porta da casa de uma amiga, no meio da madrugada, e pensando se lembrou de fechar a pia. Depois de mais umas batidas meio desesperadas e mais uns risos escandalosos, ela abriu a porta. Com uma cara carrancuda, de quem acabou de ser acordada. - Oiiiiiiiiiiiiiiiii - Disse, esperando uma saudação igualmente animada - O que diabos você tá fazendo na minha porta a essa hora, satã? - Não foi uma saudação nada animada, afinal. - Eu tava no barzinho

Mas Não Sou Beata, Me Criei Na Rua

E se eu tô te dando linha é pra comer você Sábias palavras, Ana Carolina. Agora começando o texto de verdade, acho tão absurdo sexo ser tabu. Como é que você nasceu? Seus pais transaram, simples assim. E não transaram só pra que você nascesse, não. E eu não estou falando do seu irmão. Todo mundo transa. Cedo ou tarde. Melhor que seja cedo, por que sexo é muito bom. Imagina perder a virgindade na cama com o seu marido? Imagina que tem sangue, dói, é incômodo, é desconfortável. Tem mulher que até chora. Agora imagina que isso seja com o seu marido, que vai passar o resto da vida transando com você. Você nunca vai saber se ele é de fato bom de cama, como é que é pra ser, se você faz direito. E aí você cansa de transar só com ele, toda vez, sem nunca ter experimentado com nenhum outro cara. Legal é experimentar em lugares inusitados, construir fantasias, fazer com caras diferentes, com dois ao mesmo tempo... Enfim, como você achar melhor. Isso não faz de você, de forma alguma, uma pu

Do Teu Quarto, Da Cozinha, Da Sala De Estar

Sob inúteis pretextos, encontraram-se. De maneiras incontroláveis, e surgindo de instintos primitivos, o fizeram. E de novo. E mais algumas vezes. Até que tal prazer fosse satisfeito com o desejo ardente da carne. Unhas, cabelo, carne. Furtivos, sorrateiros, proibidos. Fugaz. Fuga. Escape. Cano. Vontade. Pra quê vontade, se há satisfação? Se há necessidade de partir, parte aqui, parte meu coração e leva consigo.Dentes. Pernas. Braços. Coxa. Vício que leva a rotina. Prazer. Toque. Leveza do tocar, o verbo sai da boca direto pra baixo. Desce, e desce. E a boca sobe, e encontra. De leve, despercebido. O tempo voa, passa, ninguém nota. De porta trancada, de janela fechada. Suor. Entremeio de corpos juvenis, suados, cansados, extasiados. Cansaço que vale a pena, cansaço que corrói o corpo e satisfaz a alma. Nas suas ancas, jaziam suas mãos. Mãos que a tocaram, que a deliciavam um momento atrás e estavam indo embora. Manda embora o que não há de embeber no prazer, manda embora o que não há d

Give Me Something To Remember

Hoje, assistindo ao E!News, tive uma epifania. Taí uma palavra que não se encaixa com nenhum dos programas do E!, já que é o canal mais fútil e vazio da televisão. Mas eu fiquei com a cabeça longe, longe. Estavam fofocando sobre um casal que já tinha se separado, após poucos meses de casamento. Minha epifania foi sobre a vida a dois, na verdade. Não sei se a culpa é de uma música recém apresentada da Lana Del Rey, se é da minha constante decepção amorosa, ou se só estou com humor pra esse sentimentalismo todo. Fiquei, que nem boba, pensando em como externar a minha (não tão) brilhante epifania sobre a vida a dois. Estou passando por um auto conhecimento, experimentando, de novo, minha solidão. E não precisa ser necessariamente ruim, mas é excepcionalmente ruim se você tem um coração partido. Na verdade, não sei descrever bem a corrente de sentimentos que tá passando por mim agora. Nenhum deles é raiva. Seria muito mais fácil de superar se não existissem as malditas expectativas. Ou s

Milhões De Vasos Sem Nenhuma Flor

Me considero uma pessoa relativamente solitária. Vê, passou um domingo inteiro, e nenhuma mensagem no celular. Nenhuma ligação (só da minha mãe, mas não conta de maneira alguma). Umas conversas no facebook, mas grande parte delas começadas por mim. E eu quero colo. Quero muito colo. Quero alguém pra segurar minha mão e dizer que tá tudo bem. E não tô falando de namoradinho, não. Acho que esse é o tipo de carência que se desenvolve quando grande parte dos seus melhores amigos tiveram a ideia esdruxúla de se instalarem por um período de tempo (que parece uma eternidade) em outros países ao mesmo tempo. E aí eu fico carente. Tento suprir isso cozinhando, comendo, e dormindo, mas parece que tem um buraquinho no meu peito, que insiste em sugar tudo isso e pedir um pouco mais. Encho-o de literatura, de história, de estudos, de bebida. Mas sempre quer mais. Quero um abraço, um abraço que não me largue. Ao mesmo tempo, quero me arriscar mais. Quero conhecer gente. Quero ver pessoas, quero ver

O Amor Viajou

Abriu a porta, e como disse Zeca, a rua tava ali. Sentou um tempo na soleira da porta. Não tinha quase nenhum carro na rua a essa hora, pouco antes do amanhecer. Não tinha muito o que ver ali fora, também. Fechou o casaco e apertou os dedos na alça da mochila gasta. Saiu. Andando, assim, a esmo. Caíam lágrimas, rolando sem pudor, já que não havia ninguém para recriminar tão primário sofrimento. Nem se incomodava em enxugá-las, deixava que descessem até sua camisa gasta, dentro do casaco semi fechado. Andou, andou. Chegou até a praia. Jogou a mochila na areia fofa, tirou os tênis, subiu a barra da calça e colocou os pés nas ondas. Enxuga o pranto, vai amanhecer. Sentiu a areia colando nos seus pés molhados. O sol tava surgindo, o dia tava amanhecendo e ninguém reparou. As lágrimas searam no seu rosto. Subiu a ladeira que separava a praia da cidade e já viu alguns carros circulando nas avenidas ainda pouco movimentadas. O celular vibrava no bolso, mas optou por fingir não sentir. Quem de

We Can Be Addicted To A Certain Kind Of Sadness

Ontem foi um dia estranho. Levantei da cama onze da manhã, cansada ao extremo. Eu sempre tô cansada ao extremo. Mas nessa ocasião eu tinha dormido doze horas seguidas. Mandei uma mensagem pra o meu então ficante, cobrando alguma irrelevância dele. Fui chamada de impaciente, e começamos a conversar, por mensagem. Foi quase que um relacionamento virtual. Mas pra mim, tava tudo indo bem. Assisti televisão, tive minha primeira atribulada aula de direção, fui ao cabeleireiro e voltei pra Natal, pra fora da casa dos meus pais. Durante o percurso, comecei a receber mensagens do ficante, colocando pra fora preocupações sobre o nosso relacionamente, e confidenciando-me que acreditava que eu gostava mais dele do que o contrário, que achava que o relacionamento não passava disso, que sentia que eu tava querendo e ele não. Fiquei arrasada, mas me segurando até sair do carro pra poder ligar, aos prantos, pra Victória me socorrer. Ela me socorreu, e depois fui pra o telefone com o dito cujo. Falei

Uma Dose de Vodka, Outra de Insônia

Um drink. Dois drinks. Uma dose. Duas doses. Fui ficando tonta. Por que eu bebi tanto, meu Deus? As coisas estavam se movendo rápido demais. Correr? Claro, que ótima ideia. Na verdade, agora que estou correndo, não parece a melhor ideia de todas. Acho que vou vomitar. Não, mentira, não vou. Ah, que hippies legais. Maconha? Não, sinto muito, não fumo. Graças a Deus, um lugar pra sentar e esperar essa tontura de bebida passar. Pelo menos nós estamos todos bêbados. Ainda não de cair, porém, bêbados. Voltar pra o meio das pessoas. Uau, quantas pessoas. Achei meus amigos. E estão todos bêbados. Quanto eles podem ter bebido na minha ausência? Foram só cinco minutos. Não? Quase uma hora? Oh, merda. Hm, parece que esse menino está dando em cima de mim. Descer? Claro, deixe-me ligar pra papai. Espera, dois minutos. Ganhei vinte minutos, vamos a praia. Sexo. O quê? Não é esse o meu nome. Espera, qual o TEU nome? Quantos anos você tem? 28? Inverídico. 29? Também não. 42? Claro que não. Menino, vo

Sexo Selvagem, Então

Não acredito que não peguei a estrada certa! Merda, vou ter que esperar alguma alma viva aparecer por aqui pra me salvar. Quase sem gasolina nessa merda desse acostamento. Tudo que eu precisava pra vida nesse momento. Não vou gastar essa gasolina procurando nada, vou andar por aí a procura de um posto. Acho que estou perto do aeroporto, com alguma sorte acho aquele posto que fica lá perto também. Legal mesmo seria se não estivesse tão escuro, e eu não estivesse com o cu na mão por temer um maníaco sexual ou coisa que o valha me perseguindo por aqui. Essa cidade poderia ser mais bem iluminada, Deus do céu. Estou vendo luzes. Luzes brilhantes. Acho que é o tal posto. Espero que seja o tal posto. Pois é, eu tava certa. É o posto. Só que não tem ninguém lá, ao menos ninguém que vá me vender gasolina. Tem um loirinho gostoso com duas malas, sentado em uma delas, aparentemente esperando alguma coisa, com os fones no ouvido e uma cara de total desorientação. - Ei! Você sabe de algum lugar q

Entre O Fim e O Começo

Entre o prazer futuro e o desprezo prévio. Entre o fim próximo e o começo findo. O entrar ébrio e o sair sóbrio, engolido subita e derradeiramente pelo silêncio dentro de si, o vazio voraz que clama por mais para preenchê-lo. Merecia uma organização melhor das suas gavetas interiores, aquelas que a mantiam em pé e caminhando. Ossos, orgãos, e músculos, mas principalmente sentimento. Sempre tentando voltar ao racional, mas rindo-se quando ia pelo lógico e não pelo evidente, ao menos para si. Não tinha mais vontade de fugir, mas faltava desejo de ficar. Havia avidez por mudança, mas medo desta. Tanto medo que chegava a não levantar da cama. Sentia saudades dos apelidos carinhosos, e queria agora. Me dê seu coração e sua alma. Entre a espada enferrujada e a cruz antiquada. Sempre só, e cansada de procurar alguém.

Pra Qual Lado Vai A Pressa

Umas duas vezes por mês eu tenho uma vontade absurda de morrer. De simplesmente deixar de atender os telefones, de levantar da cama, de sorrir. Só vontade de dormir pra sempre, de deixar de existir. E tenho quase absoluta certeza que grande parte das pessoas que eu conheço tem desses tipos de dia. Nos quais a dor é tão imensamente insuportável que tudo que resta é dormir e não mais acordar. Mas em dias como hoje, eu vejo que não vale a pena. Fora as lágrimas que teimaram em sair pela partida de Florinha, foi um dia tão agradável. As aulas, geralmente insuportáveis, foram motivo de brincadeiras, de risos, de alegria. As pessoas foram fonte de aconchego e acalanto. Os professores, extremamente agradáveis. E não fechei os olhos nem por cinco minutos em nenhuma das aulas do dia (o que é um novo recorde pra mim). Todos os motivos de aborrecimento foram deixados de lado por algumas horas, e eu me senti tão leve, mas tão leve. Como não me sentia a anos. Todos os pedaços cancerosos foram ext

Carta Pra Você Ficar

Vou começar isso de uma forma bem simpática: eu nunca achei que ia gostar de você. Sinceramente, do fundo do meu coração. E quando você e João começaram a almoçar juntos, eu vi aí um jeito de "perder" uma pessoa querida pra outra não tão querida assim: ciúmes. Acho que você percebeu isso em algum ponto, já que você mesma disse que tinha um pouco de medo de mim. Sou meio ciumenta, só que guardo isso totalmente pra mim, então acho que João nunca chegou de fato a saber desse ciuminho babaca que eu tendo a ter pelas pessoas mais queridas, e que, ironicamente, isso agora se aplica a você mais do que a ele. O ciuminhos, digo. Deixando minha habitual simpatia de lado, vou sentir saudades. Tipo, de verdade. É só olhar no meu blog pra ver quantas pessoas ganharam textos por aqui e você vai ver que eu não escrevo texto pra qualquer um. Acho que umas três pessoas já ganharam textos meus publicados aqui exclusivos pra elas, portanto, considere-se muito especial. Vocês todos estão fazen

Carta Pra Você Voltar

Hoje, pela segunda vez no ano, fui ao aeroporto. Mas não fui com o intuito de viajar. Fui deixar uma das pessoas mais importantes pra mim (um grande pedaço do meu mundo, vale salientar) partir, por 10 meses. Dez meses de pura melancolia. Acho que desde que a gente se conhece não houve intervalo tão grande na nossa amizade. E eu sou covarde o suficiente pra ter que escrever sobre, ao invés de falar. Então, primeiro vou começar dizendo o óbvio (ao menos pra você, espero): Eu te amo, sua porcaria. Tendo dito isso, vou contar como o meu coração ficou apertado quando você surgiu, do nada, com a ideia de um intercâmbio. Estava empolgada por ter tantas ideias sobre isso, e de acordo com você, só faltava convencer sua mãe. E uma pequena parte de mim torceu pra tia Cida ter o bom senso de te acorrentar na sua cama, pra você nunca sair. Me afligiu quando, depois de um tempo, a resposta dela foi assertiva. Digo, fiquei feliz por você estar podendo ter uma experiência tão boa, e poder estar faze

Verás Que Um Filho Teu Não Foge À Luta

Pela primeira vez, tive parte em uma manifestação. O comparecimento foi por acaso, e começou murcha. Mas em questão de minutos, a BR 101 foi ocupada, os protestantes (o que me inclui) estavam sentados e deitados na frente dos carros, o trânsito parado, gritos, apitos, cartazes, tudo combinado pra a maior eficácia. O objetivo era paralisar os ônibus e convencer os motoristas e cobradores a nos deixar entrar de graça, pra pesar no bolso dos culpados. Prosseguimos do Via Direta até o Midway (fiquei até o Portugal Center), firmes e fortes. Os gritos foram de formas agressivas, passivas, prudentes e imprudentes. Tudo pra receber nossas promessas! O aumento da passagem de ônibus é um roubo! Principalmente com o estado de sucateação dos ônibus e a falta de infra estrutura oferecida. Depois do último aumento, nos foi prometido que as passagens não seriam aumentadas até 2013. 2013 chegou cedo, não? Não pretendo entrar em detalhes sobre o resto da administração desastrosa da prefeita Micarla,

In Many Ways, I'll Miss The Good Old Days

Manhã desestimulante. Vontade de ficar na cama, sono terrível, levantei. Arrastei meu corpo pra escola, arrastei meu dia pela sala, cutucando Jean e me satisfazendo com as coisas pequenas. Recebi cartas. Recebi olhares estranhos e distância, e me machuquei um pouco mais, cutuquei a ferida. Tentei suturar, e apesar de não ter dado muito certo, estanquei o sangue e segui com o dia. Continuei sorrindo e oscilando o humor durante o resto da manhã. Me descobri e me escondi, só pra me mostrar pra mim. A tarde, prevendo um final de dia enfadonho, descobri o extremo oposto. Dois professores faltaram! Isso é quase inédito na história do CEI. Confesso que tinha pensado em fugir e não dar satisfações, e quae o fiz, mas depois dessa descoberta, não tinha pra quê fugir. Fugir de quem? Fugir do quê? Nada de fugir, ir sem a culpa de matar aula, sem a culpa de fugir. Mas mesmo assim, fugir da vida em algum ponto. E ir ao cinema, que jeito incrível de passar as horas, matar o tempo, fugir do que havia

Pra Não Levantar da Cama

Segunda de manhã, chuva. Terça de manhã, sol. Quarta de manhã, sol. Quinta de manhã, chuva. Sexta de manhã, nublado. Foda-se o tempo que faz lá fora, se o dia de matérias na escola é de exatas ou de humanas, se tá frio ou calor, se o dia promete ou não, você acordou de mau humor e não ficou na cama por que foi forçado a se arrastar pra fora dela. Nesses dias, o quão maravilhoso seria acordar e ter algum bilhete, alguma carta, alguém pra te dizer que o dia foi cancelado, e que você pode voltar pra cama? Seria o céu. Mas, uma vez sabendo que isso não vai acontecer, o que você faz com aquela vontade de desaparecer, de deixar de existir, de entrar embaixo das cobertas e não sair de lá até você se sentir melhor? Não faz. Coloca debaixo do braço e leva pra escola. Passa o dia inteiro carrancudo ou com cara de deprimido, suspirando e olhando pra o vazio. Mas sabe de uma coisa? Não muda nada. O dia corresponde menos ainda as suas expectativas. Se sua expectativa era sexo, vai acabar em casa