Pular para o conteúdo principal

Old Wars


O frio irascível congelava até meus ossos, mas isso simplesmente era uma coisa que eu precisava fazer. Eu sabia que precisava ser sozinha, afinal eu causara isso. Eles vieram aqui por minha causa. Então a única coisa que eu podia fazer era dete-los. Ou morrer tentando. Eu organizei esse protesto contra essa guerra sem sentido. Mas iam matar todos nós pelo protesto. Eu vejo com muita dificuldade um vulto na escuridão. Reconheço como policial, por causa da nevoa. Não, não era um policial. Eram vários. Não eram policiais, agora. Eu distingui a presença de pessoas que eu conheci durante o protesto. Eu reconheci a Sra. Marples, a Sra. Andersen, Andrea, Kurt, Anna, Keegan, e muitas outras pessoas maravilhosas que me ajudaram nos meus protestos contra a guerra do Vietnã. Agora eles estavam com cartazes, me ajudando a enfrentar as autoridades que vinham, com certeza, prender-me ou torturar-me. E eles estavam aqui pelo que eles acreditavam. Pra me ajudar. Eles podiam não ser necessariamente os meus amigos, por que eu os mal conhecia. Mas eles estavam do meu lado, e eu estava do lado deles. Mesmo que tivéssemos que morrer tentando.


Alguns dias depois, jornal dominical.

Três dias atrás, em uma tentativa de contenção a uma atividade de protesto, morreram setenta e oito pessoas. Setenta e quatro dessas pessoas eram protestantes, os quais protestavam contra a guerra. Quando essa opressão vai parar?Quando esse ódio desmedido, essa ganância, essa irracionalidade sem causa vai parar e nos deixar dormir em paz, sabendo que nossos filhos estão na cama dormindo, não atirando em outras pessoas ou morrendo no Vietnã? Espero que a tempo de evitar mais mortes sem razão.


(tiragem do jornal, onde, dias depois, mataram vinte envolvidos com a matéria.)


(Qualquer semelhança com pessoas ou acontecimentos na vida real é mera coincidência.)

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Ventura (Parte 1)

“Som de tapa seguido de um longo e sofrido suspiro. Cortinas abrem, Brenda caída no chão.” BRENDA: Do meu pranto, veio a lágrima. Da lágrima, verteu o sofrer. Qual diferente sina me aguarda? Hei de contar-lhes minha história, hei de vencer o porvir. O futuro, tão incerto, mas quem sabe menos sofrido que o presente viver. “Brenda sai, entra Artur” ARTUR: Que fúnebre entardecer. O objeto que me desperta fúria é o mesmo que me desperta o amor. Que hei de fazer? Pobre de mim, que amo, mas não sei fazê-lo. “Anda até a cama, onde encontra uma camisola antiga de Brenda. Pega a camisola e a abraça” ARTUR: Minha amada! Que saudades guardo de ti, no meu pequeno coração. Pobre de mim, pobre de ti. “Sai Artur, deixando a camisola em cima da penteadeira. Entra Helô” HELÔ: Sempre há o que se arrumar! Só discutem, sempre há um pormenor! Vinte anos vivendo sob os mesmos fantasmas. Tenha piedade, Deus. “Helô dobra a camisola e deposita em cima do travesseiro. Sai Helô. Entram Tomás e Bia” TOMÁS: Vossa...

Ser gay ou não ser?

“So you say, It’s not okay to be gay?” Me diz uma coisa: por que não seria ok ser gay? Me diz o problema. Por que diabos seria errado? Desde quando amor é errado? Uma relação gay é uma relação de amor também. Eu estou realmente querendo saber. E não me venha com aquela bobagem moralista de que é pecado, nem de que “Eu não sou contra, mais eu não apoio.” Pra você não apoiar uma coisa, você certamente deve ter motivos, correto? Como você pode não ser contra mais não apoiar? Que sentido isso tem? Se você não tem nada contra, logicamente você deveria apoiar. Mas tudo o que eu ouço na aula de formação ético social são essas babaquices . É isso que elas são. Tremendas babaquices de uma sociedade mentalmente enrustida, falei. É errado por que a igreja diz? Bem, sinceramente, a igreja já esteve errada antes, vão folhear um livro da idade média, pelo amor de deus! Amor é amor de qualquer forma, de qualquer sexo, de qualquer porra de coisa. Jesus Cristo não pregava amor? Bem, isso é amor. Eu so...

Agora Você Nem Me Nota

Depois de uma conturbada manhã no sofá, duas horas de aula nas férias, e muito resmungar, resolvi que estava na hora de ir pra casa de Flora. Antes do escurecer, consegui chegar. Depois de brincar com a Caty Perry (nome criativo pra uma gata mascarada), ficar no pottermore, comer mousse de maracujá (no caso eu, por que sou uma gorda e me orgulho), e atormentar a vida da Caty com o espirrador de água, fomos intimadas a nos arrumar com rapidez, por que a mãe de Flora estava chegando. Corremos, nos vestimos, e fomos capazes de nos arrumar em tempo. Ao chegar no bar (que por acaso se chamava Eletro Cana Rock), encontramos poucos conhecidos. A medida que as pessoas iam chegando, o barulho ia aumentando e mais gente conhecida aparecia (inclusive a banda que ia tocar). Margot e Flora estavam com fome, e eu, bem, eu estou sempre com fome. Fomos em um barzinho suspeito (depois de um interrogatório dirigido a Iuri sobre como ele conseguiu água), que tinha uma estante cheia de cachaça barata, coc...