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Mostrando postagens de 2021

Don't Hurt Yourself

Acordou de um salto como de costume. Atualmente eram raros os momentos que acordava em paz. À contragosto, levantou da cama já com o twitter aberto no celular pra ler as atrocidades cometidas mais um dia mais uma vez pelo governo genocida ao qual ela e mais milhões de pessoas eram subjugadas todos os dias.  Lavou o rosto, escovou os dentes e tomou um banho gelado sem lavar os cabelos, ouvindo podcast mas sem conseguir desligar totalmente a cabeça das inseguranças e das ansiedades, que gritavam no fundo da cabeça, como se pedindo pelo amor de deus pra se materializarem e saírem correndo por que nem elas se aguentam mais. Nem elas aguentam mais o loop constante dos mesmos pensamentos das mesmas inseguranças dos mesmos medos girando na cabeça infinitamente que nem uma máquina de lavar quebrada no modo turbo eterno. Todo dia era dia de nó. Nó no peito, nó no estômago, nó na garganta, nós infindos.  Enquanto passava o café, repassava e julgava na cabeça as coisas que ela tinha dito num date

E Eu Carrego O Fardo...

 Essa semana não tive sessão de análise.  Concomitantemente, o Brasil me quebrou. A ansiedade me quebrou. A imagem de pessoas catando ossos no lixo pra sobreviver não sai da minha cabeça. O escândalo nazista da prevent sênior ecoa no meu juízo sempre que fecho os olhos.  Todas as coisas que me aconteceram e nos aconteceram e aconteceram com eles e elas e elus ecoam dentro de mim o tempo todo, não descanso, não durmo, não sonho. Existo em estado de ansiedade e com constante medo e tensão e desejo de fugir e uma voz que não se cala dentro de mim que diz que não tem nada que eu possa fazer, mas que eu preciso fazer alguma coisa, que eu preciso consertar o problema em mim e lá fora e destronar bolsonaro e trabalhar e fazer dinheiro e paquerar e ser saudável e emagrecer e ter saúde mental e ser um ser humano totalmente funcional equilibrado estabilizado mesmo quando o mundo lá fora tá se explodindo em caos, loucura e dor. Tudo isso com um sorriso no rosto, raiva no peito e gratidão por ter

Heaven Is A Place On Earth

O sentimento era velho, mas parecia novo.  Vou explicar-lhes: já tinha estado ali. Já tinha passado por tudo aquilo algumas vezes no tortuoso caminho da juventude até a idade adulta. Inúmeras vezes durante a puberdade se viu ali. Na idade adulta, menos vezes, mas ainda assim, ali.  Só que daquela vez, era diferente. As borboletas no estômago estavam ali. Os sorrisos de canto de boca. As provocações. O beijo. Absolutamente tudo estava do jeito que já esteve em outras milhares de vezes, mas a diferença era ela.  Desde a última vez que estivera naquele lugar, apesar do lugar não mudar, ela mudou. Passou por outras e poucas e boas e tudo e nada. Se resgatou do fundo das profundezas de si e se remontou aos poucos. Vocês sabem o que acontece quando a gente se remonta, né?  Tal qual como Heráclito falou sobre o rio Tigre e Eufrates, nunca nos remontamos do mesmo jeito. Eu explico: não existem duas, três, quatro de mim. Existe eu e eu só, que passou pelas fases da vida, pelas dores do ser, pel

Used To Being Alone

Hoje enquanto eu estava fazendo meu risoto pra um, debruçada sob o fogão com um taça de vinho, escutando um episódio de Gilmore Girls, estive pensando sobre minha vida. Eu gosto do que eu faço, apesar do cansaço inerente que todos os professores passam durante a vida, eu gosto de interagir com os alunos.  Fiquei me questionando, ainda sóbria, se sempre seria assim. Se as piadas auto depreciativas que faço em voz alta e também pra mim mesma seriam verdade: que eu iria acabar sozinha, indo com múltiplos encontros pra os casamentos dos meus amigos, sempre tomando uma taça de champagne a mais do que o necessário. A gente vai ficando calejado das coisas da vida, mas eu queria tanto não ser. Queria tanto a ingenuidade do meu ensino médio pra me levar pela vida, sempre acreditando no melhor. Engraçado que na minha playlist do mês, que não só é minha playlist do mês, mas também ao que estou ouvindo, meio bêbada, digitando esse texto num blog que tenho desde 2009 e que sempre foi o antro de tod

Vazio

 Desde que acabamos nosso relacionamento, me sinto vazia. Sinto como se algo que fizesse parte de mim, não mais estivesse ali contra a minha vontade. Sinto sua falta nas pequenas coisas boas que acontecem nos meus dias, de não mandar mensagem e ouvir seu amor ressoando em mim ao saber. Sinto falta do seu cheiro. Sinto falta dos seus dedos entrelaçados nos meus, entrelaçados nos meus cabelos. De segurar sua mão. Eu sinto mais falta das pequenas coisas, pequenas surpresas e não surpresas de ter você do meu lado. É claro que paira em mim a dúvida e a questão: vou encontrar você de novo? e se não, vou encontrar alguém diferente mas que me faça sentir de uma forma parecida com o que você me fazia sentir? como reconstruir a vida com a esperança de que não tenha que reconstruir mais uma vez? reconstrução é necessária, mas estou tão cansada da roda da vida que não para de girar e do moinho que não para de moer os meus sonhos, tão mesquinhos. eu sei que o questionamento do futuro é incerto e nã