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Mostrando postagens de fevereiro, 2012

E Só

Estava atrasada para o trabalho, de novo. Vestiu-se com pressa. Correu contra o tempo ao comer uma torrada com manteiga e queijo. Entrou no carro só para perceber que deixou a pasta dentro da casa já trancada. Correu e pegou a pasta. Chegou ao trabalho suada, meio descabelada, e de maquiagem borrada. Trabalhou incansavelmente para reparar o atraso, até abriu mão da hora de almoço. Pelas três da tarde, o trabalho estava totalmente pronto, e podia ir para onde bem entendesse. Assim fez. Saiu de carro para um bar qualquer, desconhecido. Entrou e pediu uma dose de vodka. Bebericando lentamente a bebida amarga, avistou do outro lado do bar um cara sentado sozinho, bebendo. Andou confiante até ele e sentou-se silenciosamente ao seu lado. “Olá.” Ela encarou o copo e depois perscrutou cuidadosamente as feições estupefatas dele. “Oi.” Ele se limitou a dizer, não diminuindo o ar de surpresa. “Está aqui sozinho?” Ele balançou a cabeça positivamente, e como não acrescentou nada, ela resolveu conti

Eu Te Avisei

Eu te avisei. Se meter comigo, para quê? Agora está pendurada, que nem as outras. Pobrezinha. Eu até tentei avisar, que estar comigo era jantar com o perigo. Numa cega segurança, guiada por um instinto cego como o gume da faca recém amolada que enfiei, inteira, no seu peito. Pobrezinha. Tudo tem que ter um fim, você diz. Interessante como você foi realmente brilhante na afirmação. Você teve um fim. Tentou até gritar. Estamos longe demais para isso, meu amor. Mas de você eu gostava. Gostava mesmo. Até cogitei procurar outra vítima. Arriscado demais. Para mim e para você, não é mesmo? Pena. Hoje vou sair, meu amor. Vou ver pessoas, te arranjar companhia, quem sabe? Você está aí, nesse gancho, imóvel, tão só. Tive que jogar as outras fora, estavam começando a me incomodar com aquele cheiro pungente de cadáver velho. Você entende, não é? Vou apagar as luzes agora, querida. Boa noite.

A Quem Interessar (Ventura)

Coisas sobre a peça: Soundtrack: Veja Bem Meu Bem – Los Hermanos Hysteria – Muse Wild World – Cat Stevens Queria colocar também: Falling Away With You – Muse Happiness is a Warm Gun – Beatles Pois é – Los Hermanos Peça no século 19, se passa no Rio de Janeiro. Figurino de vestidos longos, blusas sociais e coletes.

Ventura (Parte 3)

“Letícia atira nos dois, bebe um gole da garrafa e sai, deixando os corpos para trás. Entra Bianca.” BIANCA: De meretriz, tenho só o dinheiro. Alguém completou o meu trabalho para mim. Com essa, eu não contava. Poupou-me trabalho. Agora é tudo meu. E de Amanda, mas desta, apenas por pouco tempo, por que assim que o veneno da bebida dela agir, tudo será meu. Não foi uma história de amor, a minha. Foi de vingança. Não era história de perdão, não, era história do sofrer. Nem tudo é um mar de rosas. Seja pelo ódio cego ou pela ganância, de que importa? O amor está morto. “Entra Amanda com a arma de Letícia, e atira em Bianca pelas costas.” AMANDA: Assim como você, minha irmã. “Amanda deixa o quarto, e entra Helô” HELÔ: Isso é a prova que perdição só traz perdição, e sangue só traz sangue. Seja desse que corre em nossas veias, seja desse que corre nas veias alheias. Pobres almas. “Helô sai, cortinas fecham.”

Ventura (Parte 2)

ARTUR: Que bagunça. Sinto falta de quando tudo era absolutamente tranqüilo. “Faz menção de deitar na cama, mas identifica algo. Puxa a caixa, e abre. Tira as cartas de dentro e as abre também.” ARTUR: QUE SE PASSA NESSA CASA? A perdi. E ela me envergonhou. Mas a perdi, e parece que para sempre. “Wild World, do Cat Stevens toca, e Artur se debruça sobre a cama, chorando. Se recompõe e sai do quarto. Entra Helô.” HELÔ: Eu falei que sempre há o que limpar. Por ora, só o sangue que hão de derramar. “Helô guarda as cartas na caixa, mas a deixa a mostra. Guarda embaixo da cama, mas opta por deixar em cima da penteadeira, como um alarme. Sai Helô, entram Artur e Brenda. Artur dá um tapa em Brenda.” ARTUR: MERETRIZ! VAGABUNDA! DESONRASTES MEU NOME, NÃO É? MERECES A MORTE. Mas não a terás, não te preocupes. Sou um homem bom, e misericordioso. Mais misericordioso que Deus, que mandará tua alma ao inferno, como eu deveria estar fazendo! Que o diabo lhe carregue! E fique onde está, não ouse sair d

Ventura (Parte 1)

“Som de tapa seguido de um longo e sofrido suspiro. Cortinas abrem, Brenda caída no chão.” BRENDA: Do meu pranto, veio a lágrima. Da lágrima, verteu o sofrer. Qual diferente sina me aguarda? Hei de contar-lhes minha história, hei de vencer o porvir. O futuro, tão incerto, mas quem sabe menos sofrido que o presente viver. “Brenda sai, entra Artur” ARTUR: Que fúnebre entardecer. O objeto que me desperta fúria é o mesmo que me desperta o amor. Que hei de fazer? Pobre de mim, que amo, mas não sei fazê-lo. “Anda até a cama, onde encontra uma camisola antiga de Brenda. Pega a camisola e a abraça” ARTUR: Minha amada! Que saudades guardo de ti, no meu pequeno coração. Pobre de mim, pobre de ti. “Sai Artur, deixando a camisola em cima da penteadeira. Entra Helô” HELÔ: Sempre há o que se arrumar! Só discutem, sempre há um pormenor! Vinte anos vivendo sob os mesmos fantasmas. Tenha piedade, Deus. “Helô dobra a camisola e deposita em cima do travesseiro. Sai Helô. Entram Tomás e Bia” TOMÁS: Vossa

Três Histórias

“For you I bleed myself dry” O dia estava amanhecendo. Dava pra ver a mudança, as estrelas sumindo vagarosamente e dando lugar para os tímidos raios de sol da manhã. Ela assistia tudo da janela do seu quarto, deitada na cama de solteiro, que dividia com um garoto. Garoto cujo coração batia rápido sempre que ela passava suas unhas pelo seu rosto, ou pelo seu peito. Garoto cujo coração batia normalmente, quase parando, quando ela se virava de costas. De uma forma incompreensível, ficavam lá. Dormindo e acordando, quase que em sincronia. Da maneira que era, deveria continuar. Amigos. E sempre seriam. Na porta, sem bater, de forma simples, entra outra pessoa. Que desvia sua atenção. Não totalmente. O segundo sol. “estamos todos bêbados, bêbados de cair.” Eu nunca fiz oral. Eu nunca usei sutiã. Eu nunca acordei com uma ereção. Eu já fiz oral. Eu já fiquei bêbado. Perdida, tal juventude. Mas não mais do que a anterior. Sexo, cigarros, bebida, risadas. O amanhã está próximo demais pra não apr

Deixa Eu Brincar de Ser Feliz

Esfreguei os olhos sofregamente. O sol entrava sorrateiro pela janela entreaberta. A maquiagem do dia anterior estava borrada por toda a face, o batom vermelho manchou o travesseiro, o lápis e o delineador igualmente negros mancharam os lençóis quando ela limpou os olhos neles. Levantou apenas para constatar que era segunda, e que não tinha nenhum motivo para acordar. Escola? Aula? Preferia ficar dormindo, quem sabe para sempre. As lágrimas da noite anterior ainda estavam em mente, a bebida ainda causava dor de cabeça. Vestiu-se mecanicamente. Prendeu o cabelo, lavou o rosto, tomou banho, escovou os dentes, entrou no carro e voltou a dormir. Entorpecida dela mesmo, sob o efeito de uma droga nova, que nem ela sabia dizer qual. Vários meses haviam se passado desde que um cigarro tocara a boca dela pela última vez. Chegando no grande prédio branco e laranja, voltou para o preto. Apesar do uniforme, se destacava. Cabelos negros, cortados curtos. Totalmente maquiada. Dirigiu seu corpo meio

My Soul

Me dei conta de que a pasta onde eu guardo todas as minhas pequenas auto biografias, meus textos, que são auto explicativos sobre mim. E essa pasta se chama "My Soul". É minha alma que eu coloco naquilo que eu amo, no caso, escrever. Pedacinhos de mim estão por todas as páginas desse blog. Pedacinhos antigos e novos. Enjoy.

Pra Vocês Guardei o Amor

Eu não faço nem ideia de como começar isso. Posso começar dizendo todas aquelas coisas clichês, por não ter mesmo o que falar, mas querer falar mesmo assim? Querer dar aquele abraço apertado? Querer voltar correndo pro colo, chorar e pedir pra não irem embora da minha vida nunca? Hoje eu parei pra organizar as minhas pastas de tudo. E, como eu sempre faço, eu parei pra ler os textos, olhar as fotos, ouvir as músicas... E vi todas as fotos que a gente tirou nas férias. Me lembraram dos momentos que a gente passou nas férias. E como foram as melhores da minha vida, sem dúvida. Estou sendo,com toda certeza, grudenta. Mas é que eu gosto tanto de vocês, e tô com tanto medo das mudanças, que eu não consigo evitar. Mesmo que, em diversas situações, eu tenha querido sair distribuindo socos, provocados, obviamente, por vocês. Me dei conta, que só pra escrever esse pedacinho de texto, eu já levei quase quarenta minutos. É difícil falar da gente e não chorar. Chorar de alegria, e ao mesmo tempo,

It Could Be Wrong

De melancolia, me chega. De tanto chorar, algum dia seca. Se levar a saudade, já basta. Besteira qualquer, nem choro mais. Que evento merecedor de tal mudança tão drástica podia ter o poder de mudar pra sempre o que ela entendia por sentimento. Com o coração duro como uma pedra de sal, suspirou. Com tal profundidade, acabou por sentir o interior. Sentir aquela enorme necessidade de externar emoções, pela perdida que era. Que as temporadas começassem, que ela começasse. Essa dança misteriosa do destino a fez perde-se nela mesma. Aparentemente, era possível se afogar em si. Sentou no canto do quarto e chorou. Lágrimas provenientes do seu coração salobro. E com uma pontada de desespero, deitou-se no chão, a pensar sobre o que ia fazer dali pra frente. Como ia ser? A escolha era ser ou mudar? A escolha era estar satisfeita. E se não estivesse, não é como se no fim tivesse escolha.