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Mostrando postagens de abril, 2013

Só De Passagem

Há muito, parecia estar só de passagem no mundo. Fazia, todo dia, sempre igual. Estudava, cozinhava, lavava a louça, e estudava. Não lhe agradava o ritual, mas mandavam-no. Mandavam-no ser máquina e homem, sempre atarefado e insatisfeito, sempre do jeito que era obrigado a ser, com vontade de ser o que era de fato. Sua válvula de escape era o desenho. Por muitos anos, faltaram-lhe as ferramentas mais básicas para fazê-lo. E perdia-se no lápis e no papel. Em seus últimos anos na escola, sempre assombrava-lhe a pergunta do que queria ser quando crescer. Não sabia dizer, por que era gente, mas ninguém o havia ensinado a querer. Ao longo da vida, cresceu-lhe uma crosta de coisas não ditas, pudores vencidos, medos profundos, viagens não feitas, e obrigações. Crosta dura, essa. Dura demais pra um homem menino que não havia nem alcançado a maioridade penal. Se transformou em uma pessoa fechada e levemente mau humorada, que não partilhava do seu íntimo com ninguém, nem com o desfile de namorad