- PUTA MERDA, EU AINDA NÃO ACREDITO QUE VOCÊ ESTÁ ESTUDANDO AQUI! – Eu gritei no meio do corredor, fazendo com que todos olhassem pra mim. – É, eu estou, idiota. Agora pare de gritar e fazer todo mundo me encarar. Eu gosto de chamar atenção, mas eu sou novata, porra. – Ela me olhou tentando fazer um olhar de censura, mas a beira dos risos. – E eu sou veterana, e não estou nem aí, porra. Eu ainda não acredito que você está aqui, pirralha. – Eu ria da cara de desprezo dela pelo apelido. Sinceramente, eu amava com todas as minhas forças o fato de aquela criatura irritante e chata estar estudando na minha escola. – Eu não gosto de você, Wainberg. – Ela falou e me olhou com tanto desprezo quanto eu olharia uma aranha enorme subindo na minha mão. Ah, espere, eu não olharia a aranha com desprezo. Com medo, talvez. – Eu também te amo. – Eu sorri amigavelmente. Ela me desprezou – Eu não falei que te amava, porra – Eu olhei me fingindo de ofendida. – Eu quero um abraço. Me dá um abraço? – Ela sorriu, e eu a abracei. Estava com saudades. Muitas saudades. E talvez eu demorasse mais de um ano pra me recuperar da ausência constante dela em minha vida. Mas ela estaria lá. Pra ver eu me ferrar em matemática, e eu pra ajudá-la a não se ferrar em matemática do oitavo ano. Era o pior dos tempos. E ao mesmo tempo, era o melhor dos tempos.
Eu sobrevivo, eu sobrevivo! Polônia. Tempos difíceis, todas as pessoas consideradas indesejadas estavam indo embora para terras quentes, infestadas com o odor da novidade, do fervor da fuga. A saída sorrateira do país desencontrava amores, despistava amantes. Numa casa, não muito longe do centro de Varsóvia, uma mulher suspirava. Lia e relia a única carta do amado, com o perfume quase se esvaindo do papel, letras borradas das lágrimas que ambos derramaram naquele frágil pedaço de papel, cheio de promessas e saudades. Rosa, tão bela Rosa. Tive que partir, e você sabe minhas motivações. Deixo-lhe com um aperto no peito, beijos em tuas mãos e com dissabores na vida. Prometo-lhe notícias, em breve, da carta que precisas para deixar o país, e vir, finalmente, me encontrar. Ansiosamente, aguardo-te e sonho contigo todas as noites. Porém, a vida nos trópicos está me fazendo bem. Quase não se vê sinal das minhas tosses. Estou empregado, trabalhando na fábrica de alumínio. Moro com mais doi
To doida pra saber quem é a garota. Depois você me conta? M.
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