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Mostrando postagens de abril, 2011

Caixa vazia

.Ninguém está rindo. O baile se fechou, trancaram-se as portas. Nada do que costumava fazer sentido faz sentido agora, parece que nos trancafiaram na nossa própria cela, sem saída, por que de nossas mentes nunca somos libertados. Está ruindo de livre e espontânea vontade, deixando os farrapos e destroços pra que eu tome conta. Os pequenos destroços da minha caixa vazia. Aquela caixa que um dia me pertenceu, que um dia protegi, agora feneceu na sua infindável amargura, na seu infindável amor. Amor? Temor, talvez. Temia ser esquecida, e de tanto temer, acabou remoendo e esmorecendo, caindo de si mesma e chovendo. Chovendo por dentro e por fora, chovendo e chorando, chorando pra ela e pra todos. E caía tanto, gemia, e prendia-se outra vez. Tal caixa era tão versátil, tão interessante, mas nos últimos tempos murchou. Sempre era uma pena quando essas caixas murchavam. Sempre era uma pena quando não se resistia mais, quando a caixa não mais residia em ti, quando você não mais residia na caix

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Positivo. Sim. Não. Azar. Por que com ele? Por que com ela? Quinze anos. Quase uma criança. O que fazer? Como se portar? A quem contar? Eu não acredito. Por quê? E nem dá pra mandar um foda-se dessa vez. "E o que a gente vai fazer?" Não sei, não sei, não me exija respostas, não agora. "Dá pra ser feliz assim? Ou você acha que a nossa vida vai ser só um poço fundo de tristeza, quem nem a dos seus pais?" Ele abanou a cabeça. Eu não soube dizer se era um sinal positivo ou negativo. Coloquei-me a chorar, sabendo bem porquê, mas sem querer pensar. Olhei para baixo, para a barriga ainda não proeminente. Nossos olhares se chocaram. Olhares de profundo medo. Aquele medo que acomete quando não sabes o que fazer, aqueles espinhos que lhe impossibilitaram decidir. Futuro incerto. Quer ficassem com ela, quer não, será que algum dia seriam felizes?

Embora.

"Pra me danar, mundo afora ir embora." Vontade de sair. Beber. Fumar. Ser totalmente irresponsável. Mandar todo mundo tomar no cu. Só saiam da minha vida. Saiam. Saiam. Abri a porta da rua. Corri. Corri. Corri. Nem pensei em olhar pra trás. Fui-me sem lenço e sem documento. Corri. Corri. Choveu. Choveu mais forte. Minha blusa branca ficou transparente, e meu corpo apareceu por baixo dela. E, devagarzinho, fui ficando transparente também. Sumindo. Sumindo. Sumindo. Primeiro meus dedinhos do pé, minhas unhas das mãos, as pontas dos dedos, a mão, as duas mãos, os dois pés. Fui me libertando, quebrando as correntes, saindo da caverna. E quanto mais eu sentia que ia desaparecendo, mais feliz eu ficava, e meu sorriso, estampado de orelha a orelha, crescia. E eu girei, girei, girei. Esqueci de me preocupar, esqueci de sofrer, esqueci de todos vocês. Esqueci de reclamar, esqueci de te amar. E, por uns segundos, me preocupei só comigo. Em como eu estava sumindo, e não ia mais voltar.

Como se comportar

Afrouxou a gravata borboleta. Faltavam dois minutes para que fosse obrigado a subir naquele palco demasiadamente iluminado. Tudo estava pronto. Suava de suave que era. Pegou no cabo da arma que estava discretamente acoplada ao seu cinto. Era agora ou nunca. Subiu os degraus que levavam para o palco. Prendeu o cabelo e escondeu debaixo de um chapéu coco. Com um sorriso teatral, passou pelas cortinas cor de carmim. Iniciou seu discurso com a precisão do gume de uma faca amolada. Nem por um segundo tirou o sorriso de escárnio do rosto. Contou em seu relógio. Dois minutos que estava no palco. Hora de ir. “E é por isso, meus caros, que o jogo acabou.” Tirou o chapéu, revelando um cabelo preto comprido e ondulado. Do bolso, tirou um batom vermelho sangue, da mesma cor que iria salpicar suas vítimas, e usou para pintar sua boca voluptuosa. E ainda sem tirar o sorriso do rosto, despiu a calça de linho branco, a blusa igualmente branca, o fraque, e o smoking, revelando, debaixo de todas as rou

Outros.

Algumas pessoas me fazem falta. Outras, tanto fazem E outras, nem fazem tanto. As que me fazem, tanto são e sempre serão, Tão malcriadas, impertinentes, impacientes, delinquentes, inconsequentes. As qua não fazem, já vão tarde Pra fora daqui.