- Doutor, está doendo. Eu preciso que pare de doer.
- Mas os exames não apontaram nada de errado, não entendo o que está acontecendo.
- Está sangrando, como não detectaram?
- Não tem nenhuma hemorragia interna ou externa, minha jovem.
- Tem sim, um enorme ferimento na altura do peito, no lugar do coração.
- Não, não tem.
- Bem aqui, onde deveria estar o coração. Eu o removi, não vê?
- O seu coração continua a bater regularmente
- Não, ele não continua. Eu o guardei em uma caixa, e nunca mais vou solta-lo. É simplesmente muita informação pra minha cabeça, um sobrepeso inútil. Também gostaria de saber se não pode colocar um fígado ali.
- Não, claro que não! Nunca ouvi tamanho disparate.
- Mas se eu tiver mais um fígado, logicamente vou poder beber mais, e com menos um coração, logicamente eu vou sofrer menos. É uma perfeita equação.
- Não, não é. Meu deus, o mundo está perdido, esses jovens de hoje em dia. Por favor, retire-se. Eu tenho clientes de verdade pra atender, caso sinta algo de verdade, volte aqui.
O que o médico não sabia é que as dores do amor deixam cicatrizes profundas, e que aquela foi a última tentativa da jovem de permanecer viva.
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