Pular para o conteúdo principal

Milhões De Vasos Sem Nenhuma Flor

Me considero uma pessoa relativamente solitária. Vê, passou um domingo inteiro, e nenhuma mensagem no celular. Nenhuma ligação (só da minha mãe, mas não conta de maneira alguma). Umas conversas no facebook, mas grande parte delas começadas por mim. E eu quero colo. Quero muito colo. Quero alguém pra segurar minha mão e dizer que tá tudo bem. E não tô falando de namoradinho, não. Acho que esse é o tipo de carência que se desenvolve quando grande parte dos seus melhores amigos tiveram a ideia esdruxúla de se instalarem por um período de tempo (que parece uma eternidade) em outros países ao mesmo tempo. E aí eu fico carente. Tento suprir isso cozinhando, comendo, e dormindo, mas parece que tem um buraquinho no meu peito, que insiste em sugar tudo isso e pedir um pouco mais. Encho-o de literatura, de história, de estudos, de bebida. Mas sempre quer mais. Quero um abraço, um abraço que não me largue. Ao mesmo tempo, quero me arriscar mais. Quero conhecer gente. Quero ver pessoas, quero ver luzes. Não antes de ter uma boa tarde de sono, ver um filme romântico com alguém que eu gosto pra poder xingar a produção clichê, e me encher de brownie e brigadeiro (e que se fodam as calorias extras).

E aí eu fico cheia de saudades. Elas tem que sair por algum lugar, então choro. Não sou boa sozinha. Estou longe da mínima auto-suficiência sentimental. Quase que não suporto a solidão da alma. Se o meu sofrer é bonito, imagina quando estou feliz. Agora estou me sentindo exatamente como disseram Nando e Cássia, como milhões de vasos sem nenhuma flor. O vaso tá lá, cheio de terra, mas de quê adianta, se não tem nenhuma flor pra servir de atrativo? Tô cansada, tô exausta, tô sem vontade, tô triste, tô melancólica. Alguém quer me dar um abraço?

Já me disseram algumas vezes que eu preciso desapegar das pessoas. Que eu preciso me sustentar nos meus próprios pés, que eu tenho que sobreviver sozinha. Mas eu não sei. Eu preciso, mais do que nunca, dos meus amigos. Tá tudo dando certo, eu desconfio. Por que as coisas não dão simplesmente certo. Parafraseando uma frase de uma boa série, por que a porra do Armaggedon está sempre vindo pra cima de mim?

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Acha Que A Sua Indiferença Vai Acabar Comigo?

Eu sobrevivo, eu sobrevivo! Polônia. Tempos difíceis, todas as pessoas consideradas indesejadas estavam indo embora para terras quentes, infestadas com o odor da novidade, do fervor da fuga. A saída sorrateira do país desencontrava amores, despistava amantes. Numa casa, não muito longe do centro de Varsóvia, uma mulher suspirava. Lia e relia a única carta do amado, com o perfume quase se esvaindo do papel, letras borradas das lágrimas que ambos derramaram naquele frágil pedaço de papel, cheio de promessas e saudades. Rosa, tão bela Rosa. Tive que partir, e você sabe minhas motivações. Deixo-lhe com um aperto no peito, beijos em tuas mãos e com dissabores na vida. Prometo-lhe notícias, em breve, da carta que precisas para deixar o país, e vir, finalmente, me encontrar. Ansiosamente, aguardo-te e sonho contigo todas as noites. Porém, a vida nos trópicos está me fazendo bem. Quase não se vê sinal das minhas tosses. Estou empregado, trabalhando na fábrica de alumínio. Moro com mais doi

Status: Sendo Seguida Por Um Monte de Corvos

Estava sentada, exatamente as 2:14 da manhã, na frente do seu laptop, esperando um filme que, de forma geral, parecia pouco promissor no quesito crescimento intelectual. Estava se sentindo absolutamente impotente. Aquela mina que chamou pra tomar café ainda não respondera o convite, embora o tivesse feito a um tempo considerável. O filme se recusava a carregar de maneira que pudesse mergulhar no torpor de uma comédia que não requeria que ela se concentrasse e nem que colocasse muito esforço mental nela. O twitter não tinha atualizações, assim como o instagram, o facebook, o whatsapp, a vida. Tudo parecia estático, morto, vivo-morto. Se deu conta que há tempos não escrevia mais do que 140 caracteres. Nada de excepcional e digno de nota aconteceu nas últimas semanas. Alguns conhecidos embarcaram em relacionamentos, outros tantos viajaram, alguns se mudaram... Mas ela permanecia. Sentada na frente do computador, esperando que a máquina, de alguma maneira, cuspisse respostas sobre o estad

Tea Party

(Não ligo se Alice In Wonderland virou modinha, foda-se. Era um dos meus desenhos favoritos de infância, e vai continuar sendo u_u) “Welcome to my tea party” Acordara pela manhã, com os olhos semicerrados, percorreu o extenso corredor de sua casa. Lavou o rosto, penteou os loiros cabelos, passou rímel, blush, batom, pintou as unhas de um azul turquesa, e saiu com um roupão igualmente turquesa, mas com desenhos de carpas, andando majestosamente pelos corredores. Tão logo chegou de novo ao seu quarto, despiu o roupão e vestiu suas roupas intimas, suas três saias, sua blusa, suas meias listradas e um lustroso par de sapatos pretos. Prendeu o cabelo em um elaborado coque, o qual parecia displicente e majestoso ao mesmo tempo. Satisfeita com o resultado, foi para seu florido jardim, e por lá, encontrou suas cadeiras e mesa arrumadas para receber os convidados. Ajeitou a sua saia de cor creme, e colocou o avental rosa bebê. Farta de esperar, adentrou a casa batendo os sapatos no assoalho, de