Tão jovens. Corriam pra lugar nenhum, sorriam por motivo algum, e deitavam na areia branca da praia por que o sol já estava pra nascer. Depois de umas cervejas, tudo ficava mais interessante, até rir de nada. Rir sem motivo, rir sem por que. Se a vela apagou por dentro, ainda existe um semblante pra sustentar. Danças sociais aparentemente frenéticas, cobertas com um pano quente pra amparar suas lágrimas. Triste, triste. Ela estava triste. Vendo a chuva cair na janela, semi absorta nos seus problemas de relacionamentos amorosos (o problema principal é que eles eram inexistentes). Gostava de ver como caíam as gotas no chão, bem pequenininhas, do oitavo andar. Se imaginava caindo lá de cima, que nem as gotas. E, assim, de repente, a dor se tornava tolerável.
Eu sobrevivo, eu sobrevivo! Polônia. Tempos difíceis, todas as pessoas consideradas indesejadas estavam indo embora para terras quentes, infestadas com o odor da novidade, do fervor da fuga. A saída sorrateira do país desencontrava amores, despistava amantes. Numa casa, não muito longe do centro de Varsóvia, uma mulher suspirava. Lia e relia a única carta do amado, com o perfume quase se esvaindo do papel, letras borradas das lágrimas que ambos derramaram naquele frágil pedaço de papel, cheio de promessas e saudades. Rosa, tão bela Rosa. Tive que partir, e você sabe minhas motivações. Deixo-lhe com um aperto no peito, beijos em tuas mãos e com dissabores na vida. Prometo-lhe notícias, em breve, da carta que precisas para deixar o país, e vir, finalmente, me encontrar. Ansiosamente, aguardo-te e sonho contigo todas as noites. Porém, a vida nos trópicos está me fazendo bem. Quase não se vê sinal das minhas tosses. Estou empregado, trabalhando na fábrica de alumínio. Moro com mais doi
Comentários
Postar um comentário