Me permitir fugir do que é a realidade passada na cara, esfregada e cansada de me dizer que não. Que não fizesse, que não fugisse, que encarasse. Por demais inútil, continuei correndo atrás. Indo atrás do impossível, e me deixando embeber por algo incauto, inalcançável, incerto. Mas de que serve a vida se não há espaço para fantasia? Que serve esse corpo de alma e carne se não há lugar para o obscuro? Com um senso mais apurado do que gosto ou não, sinto-me mais difícil de apetecer pelo raso, pelo inculto, pelo pouco ou pelo menos. De tanto sentir e ser liberdade, acabou transformando-se em libertinagem. Queria voltar a conseguir manter tudo junto, manter a cabeça erguida. Mas mudou. Não por que quis, mas foi obrigada. Todas as suas crônicas foram resvalando pelo ralo, e sentiu-se impotente até para fazer o que fazia pra descarregar. Quando voltou a fazê-lo, tinha tanta coisa aprisionada, tanta coisa sua que precisava cuspir, que soltou, mas de uma forma verborrágica e confusa. E esse foi o tipo de pessoa que se tornou: do tipo verborrágica e confusa. Que foi forçada a desapegar, mas sente muita falta. Do amor que não jaz mais aqui, mas que foi pra algum outro lugar que pudesse fazê-lo feliz. E feliz era o que ela estava almejando ser. Foi pra outro lugar, e quem sabe, ser feliz.
Flashes. Todos disparavam na minha cara, como lanternas ofuscantes. Tudo que eu queria era um banho, quente, de banheira. Isso seria possível se os paparazzis me deixassem em paz. Paz. Estava aí uma coisa que eu precisava. Nada melhor do que o anonimato. Por que todo mundo quer ser famoso, afinal? Eu fiquei famosa, mas perdi tudo que me importava de verdade. Meus amigos, familiares, e principalmente você. Os perdi indefinidamente, e infelizmente não sabia como voltar. Aos teus abraços, aos teus beijos e ao teu carinho. Nada disso valia. Eu jogaria tudo pro alto por um simples aceno teu. Mas agora não conseguia falar contigo. E não querias falar comigo. Não depois do modo como eu o humilhei. Indiretamente, mas humilhei. Aqueles rumores jamais deveriam ter ido parar nas revistas. Estúpido concurso. Se eu não tivesse me inscrito nele, jamais teria me separado de ti. Confesso que viver sobre os holofotes não me apetece mais. Nada me apetece mais sem você. Aquele concurso de escrita foi min...
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