Pular para o conteúdo principal

I Think I'm Ready

Mudanças. Taí uma coisa que me assusta, de uma forma que eu nem sei explicar. Meu sonho de vida é cursar Comunicação Social na UFRJ, mas só de pensar em ir pra lá ano que vem, fico nervosa. Gostaria muito de passar um ano em um intercâmbio qualquer, ou em Israel, depois do vestibular, mas cogitar a possibilidade me enche de medo. Até cortar meu cabelo é uma mudança que me assusta, em alguns níveis. Esse vai ser um ano de mudanças, e daquelas que não dependem em nada de mim. Muitos intercâmbios (Ceci, Guz, Leo, Uchôa, Flora, Arthur, Will, os gêmeos, Vini, Isly e muitos outros), muitos namoros inusitados e completamente inesperados, muitos vestibulandos que pretendem partir, paixões recém adquiridas indo embora sem data pra voltar. E tudo isso independendo completamente de mim, que fique claro. Por que se dependesse mesmo da minha pessoa, todos iam morar no meu quarto, só sentindo o meu amor e vice-versa.

A verdade mesmo é que eu sempre fui medrosa, mas meu maior medo foi de mudanças. Medo de mudar pra pior. Não mudo nem o hidratante do cabelo, com medo de que o novo dê errado. Isso é uma característica engraçada, pra uma pessoa que vive em constante mutação, principalmente de quereres. Mudo de ideia com uma facilidade incrível, até eu me surpreendo. Em contraste, encontrei resistência dentro de mim em trocar o toque de mensagens do meu celular (apesar de que o mesmo sempre está no silencioso e raras são as vezes que o escuto tocar de fato).

Geralmente as coisas vão mudando lentamente, com a passagem do tempo, mas eu tenho esse problema de, além de ser muito contraditória, não gostar das coisas paradas. Sempre tendo a mexer no dia-a-dia pra não me sentir parada, só que as vezes eu sinto como se tudo isso não fizesse o menor sentido. Estou fugindo do foco de tudo. Mudar é bom, todo mundo muda, nem sempre pra melhor. Eu mudo de roupa todos os dias, mudo de esmalte toda semana, mudo de amores, mudo de vontade, mudo de saudades, mudo de vida. Mudar, ainda assim, é assustador. Tem sempre alguma coisa, algum porém, que por menor que seja, me faz repensar todo o meu movimento de mudança.

Ainda assim, não consigo não sentir um frio na barriga ao imaginar seis meses em um país estranho, me imaginar morando em outra casa no Rio de Janeiro, pensar em como eu ficaria diferente de cabelo joãozinho, mais magra, menos chata, menos rancorosa, mais aberta ao mundo, menos apaixonada pelas pessoas e mais pelo mundo. Algumas coisas não precisam necessariamente serem anuladas pra que outras possam mudar, mas outras, infelizmente não tem jeito. Boa viagem pra os intercambistas e boa sorte pra mim, que fico aqui, ainda com medo de mudanças.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Ventura (Parte 1)

“Som de tapa seguido de um longo e sofrido suspiro. Cortinas abrem, Brenda caída no chão.” BRENDA: Do meu pranto, veio a lágrima. Da lágrima, verteu o sofrer. Qual diferente sina me aguarda? Hei de contar-lhes minha história, hei de vencer o porvir. O futuro, tão incerto, mas quem sabe menos sofrido que o presente viver. “Brenda sai, entra Artur” ARTUR: Que fúnebre entardecer. O objeto que me desperta fúria é o mesmo que me desperta o amor. Que hei de fazer? Pobre de mim, que amo, mas não sei fazê-lo. “Anda até a cama, onde encontra uma camisola antiga de Brenda. Pega a camisola e a abraça” ARTUR: Minha amada! Que saudades guardo de ti, no meu pequeno coração. Pobre de mim, pobre de ti. “Sai Artur, deixando a camisola em cima da penteadeira. Entra Helô” HELÔ: Sempre há o que se arrumar! Só discutem, sempre há um pormenor! Vinte anos vivendo sob os mesmos fantasmas. Tenha piedade, Deus. “Helô dobra a camisola e deposita em cima do travesseiro. Sai Helô. Entram Tomás e Bia” TOMÁS: Vossa...

Agora Você Nem Me Nota

Depois de uma conturbada manhã no sofá, duas horas de aula nas férias, e muito resmungar, resolvi que estava na hora de ir pra casa de Flora. Antes do escurecer, consegui chegar. Depois de brincar com a Caty Perry (nome criativo pra uma gata mascarada), ficar no pottermore, comer mousse de maracujá (no caso eu, por que sou uma gorda e me orgulho), e atormentar a vida da Caty com o espirrador de água, fomos intimadas a nos arrumar com rapidez, por que a mãe de Flora estava chegando. Corremos, nos vestimos, e fomos capazes de nos arrumar em tempo. Ao chegar no bar (que por acaso se chamava Eletro Cana Rock), encontramos poucos conhecidos. A medida que as pessoas iam chegando, o barulho ia aumentando e mais gente conhecida aparecia (inclusive a banda que ia tocar). Margot e Flora estavam com fome, e eu, bem, eu estou sempre com fome. Fomos em um barzinho suspeito (depois de um interrogatório dirigido a Iuri sobre como ele conseguiu água), que tinha uma estante cheia de cachaça barata, coc...

Espero nunca te perder

Flashes. Todos disparavam na minha cara, como lanternas ofuscantes. Tudo que eu queria era um banho, quente, de banheira. Isso seria possível se os paparazzis me deixassem em paz. Paz. Estava aí uma coisa que eu precisava. Nada melhor do que o anonimato. Por que todo mundo quer ser famoso, afinal? Eu fiquei famosa, mas perdi tudo que me importava de verdade. Meus amigos, familiares, e principalmente você. Os perdi indefinidamente, e infelizmente não sabia como voltar. Aos teus abraços, aos teus beijos e ao teu carinho. Nada disso valia. Eu jogaria tudo pro alto por um simples aceno teu. Mas agora não conseguia falar contigo. E não querias falar comigo. Não depois do modo como eu o humilhei. Indiretamente, mas humilhei. Aqueles rumores jamais deveriam ter ido parar nas revistas. Estúpido concurso. Se eu não tivesse me inscrito nele, jamais teria me separado de ti. Confesso que viver sobre os holofotes não me apetece mais. Nada me apetece mais sem você. Aquele concurso de escrita foi min...