Depois de uma conturbada manhã no sofá, duas horas de aula nas férias, e muito resmungar, resolvi que estava na hora de ir pra casa de Flora. Antes do escurecer, consegui chegar. Depois de brincar com a Caty Perry (nome criativo pra uma gata mascarada), ficar no pottermore, comer mousse de maracujá (no caso eu, por que sou uma gorda e me orgulho), e atormentar a vida da Caty com o espirrador de água, fomos intimadas a nos arrumar com rapidez, por que a mãe de Flora estava chegando. Corremos, nos vestimos, e fomos capazes de nos arrumar em tempo. Ao chegar no bar (que por acaso se chamava Eletro Cana Rock), encontramos poucos conhecidos. A medida que as pessoas iam chegando, o barulho ia aumentando e mais gente conhecida aparecia (inclusive a banda que ia tocar). Margot e Flora estavam com fome, e eu, bem, eu estou sempre com fome. Fomos em um barzinho suspeito (depois de um interrogatório dirigido a Iuri sobre como ele conseguiu água), que tinha uma estante cheia de cachaça barata, coca-cola, guaraná, pastel de forno e enroladinhos. Eu e Flora optamos pelo enroladinho, mas Margot teve o azar de comer o pastel, que segundo ela, estava nojento. Voltamos a tempo de vê-los tocar, não sem antes sermos obrigadas a deixar nossas latinhas de coca gelada lá embaixo, por que no bar não eram permitidas latinhas. Adentramos, mais uma vez, o corredor escuro digno de filme de terror que levava ao bar, e nele encontramos um Lucas disposto a assustar uma já assustada Flora. Depois de ficar no corredor durante uns minutos, voltamos ao bar absurdamente abafado (que nem todos os da Ribeira). Começaram a tocar, e tocaram tão bem que em alguns minutos, eu me surpreendia em ouvir a voz de Lucas, e não do Eric Clapton. Apesar dos problemas com a bateria e o microfone, a banda foi fantástica. Quando tocaram Wonderful Tonight, Flora, que por ventura estava mais alta que eu, pois se encontrava em pé em um simpático sofá feito de madeira, tinta e pneus usados, me abraçou, e dançamos a música inteira, aquela dança calma, aquele gingado de um lado pra o outro que se faz em músicas lentas. Uma vibe totalmente amorosa, só amor. Muito amor pra ser verdade, a polícia chegou. E o problema era a hora e o som. Mesmo que o bar estivesse vendendo álcool pra menores, o problema era o barulho. Coisa estranha, já que na Ribeira (bairro previamente mencionado em alguns textos) sempre rolou som até tarde. O show foi cortado ao meio, e como as melhores músicas foram deixadas pra o final, nunca chegamos a ouvi-las de fato. A cortada abrupta da diversão, do amor, da música me deixou atordoada. Os policiais foram simpáticos, gentis, gente boa. Avisaram pra galera que tava bebendo e ia dirigir pra ir pra casa logo, por que lá vinha o bafômetro, se desculparam com as bandas que iam tocar depois, e nos expulsaram gentilmente (na verdade, só cortaram o som. Com isso, nos sentimos expulsos e descemos a escada irregular). Com todos os poréns, foi aquele tipo de energia que não dá pra tirar do corpo por muito tempo, que fica perpassando as veias, que nos faz sorrir e lembrar. Obrigada pelo show, obrigada pelo dia, e boa noite Natal.
Eu sobrevivo, eu sobrevivo! Polônia. Tempos difíceis, todas as pessoas consideradas indesejadas estavam indo embora para terras quentes, infestadas com o odor da novidade, do fervor da fuga. A saída sorrateira do país desencontrava amores, despistava amantes. Numa casa, não muito longe do centro de Varsóvia, uma mulher suspirava. Lia e relia a única carta do amado, com o perfume quase se esvaindo do papel, letras borradas das lágrimas que ambos derramaram naquele frágil pedaço de papel, cheio de promessas e saudades. Rosa, tão bela Rosa. Tive que partir, e você sabe minhas motivações. Deixo-lhe com um aperto no peito, beijos em tuas mãos e com dissabores na vida. Prometo-lhe notícias, em breve, da carta que precisas para deixar o país, e vir, finalmente, me encontrar. Ansiosamente, aguardo-te e sonho contigo todas as noites. Porém, a vida nos trópicos está me fazendo bem. Quase não se vê sinal das minhas tosses. Estou empregado, trabalhando na fábrica de alumínio. Moro com mais doi
Curti. Exceto o final, não por estar mal escrito ou coisa assim, muito pelo contrário. Mas porque o show não deveria parar, muito menos num lugar como a ribeira.
ResponderExcluirAh, visitarei aqui mais vezes, gostei do ambiente.
ExcluirEu seeeeeei, o som não pode parar, achei o maior vacilo de todos. A Ribeira é o antro da música boa, e agora com todos os bares tipo o jazzy tretando com menor de idade, onde é que menor de 18 anos vai pra ouvir música boa em natal?
ResponderExcluirNo ipod po.
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