Pular para o conteúdo principal

O Rio de Janeiro Continua Lindo

Hoje, só de curiosidade, fui procurar os preços de passagem pra o RJ e descobri que não são tão exorbitantes assim. Dá pra ir e voltar com uns 900 reais. Eu sei que é bastante dinheiro, mas eu esperava que fosse mais caro. Óbvio que eu não estava olhando os preços das passagens de hoje, até por que hoje eu não tenho esse dinheiro, e nem tenho essa liberdade de simplesmente jogar tudo pra o alto e me mandar pra o Rio. Olhei os preços de dezembro e janeiro, de ida e de volta. Dava pra passar quase um mês andando pelo meu amado Rio com algumas das minhas pessoas favoritas no mundo. Outro fato óbvio: meus pais não vão me comprar nenhuma passagem pro RJ, por uns quatro bons motivos

Um: Sem dinheiro;

Dois: A viagem da escola pra Salvador vai ser cara (isso é, se eu for, né);

Três: Minhas notas estão um lixo;

Quatro: Eu muito provavelmente vou ficar até Dezembro no colégio fazendo prova final.

Eles tem ótimos motivos pra não me comprar passagem alguma, e eu compreendo bastante bem tais razões. Mas que eu queria ter dinheiro pra ir pra o RJ, queria. Estou me mordendo de saudades dos museus, dos teatros, da Lagoa, do Jardim Botânico, das pessoas (meus tios, minha avó, minhas primas), do ar que faz meu cabelo ficar menos feio (sim, fato verídico), de viajar, de sair desse lugar (sim, lentamente, porém de maneira eficiente, Natal está me sufocando), saudade até de pegar ônibus lotado por lá. Saudades do cheiro que a cidade tem, dos crepes que ficam perto da casa da minha avó, de sair andando sem o menor compromisso por Botafogo, da casa da minha avó, do centro da cidade, da Urca, de ver o cristo pela janela do escritório, de sentir o calor infernal de lá no verão e o frio interessante no inverno (até o calor de lá me incomoda menos), das pessoas nas ruas, dos bares na gávea, das saídas com minha prima, de tudo.

Aperta o coração quando penso nesse tipo de coisas, não consigo nem pensar com a devida clareza. As pessoas aqui estão cada uma indo pra um canto, e eu queria achar o meu canto. Talvez seja o Rio, com a sua violência e seu burburinho de cidade grande, mas com mais certeza a cada dia, não é Natal. Um Burburinho de luz, de conversas, de gente, de tanta coisa acontecendo ao mesmo tempo que não dá tempo nem de respirar, mas uma agonia gostosa, até o trânsito é gostoso. Tudo que eu sei dizer e tudo que sai da minha boca é que o Rio de Janeiro continua lindo.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Acha Que A Sua Indiferença Vai Acabar Comigo?

Eu sobrevivo, eu sobrevivo! Polônia. Tempos difíceis, todas as pessoas consideradas indesejadas estavam indo embora para terras quentes, infestadas com o odor da novidade, do fervor da fuga. A saída sorrateira do país desencontrava amores, despistava amantes. Numa casa, não muito longe do centro de Varsóvia, uma mulher suspirava. Lia e relia a única carta do amado, com o perfume quase se esvaindo do papel, letras borradas das lágrimas que ambos derramaram naquele frágil pedaço de papel, cheio de promessas e saudades. Rosa, tão bela Rosa. Tive que partir, e você sabe minhas motivações. Deixo-lhe com um aperto no peito, beijos em tuas mãos e com dissabores na vida. Prometo-lhe notícias, em breve, da carta que precisas para deixar o país, e vir, finalmente, me encontrar. Ansiosamente, aguardo-te e sonho contigo todas as noites. Porém, a vida nos trópicos está me fazendo bem. Quase não se vê sinal das minhas tosses. Estou empregado, trabalhando na fábrica de alumínio. Moro com mais doi

Status: Sendo Seguida Por Um Monte de Corvos

Estava sentada, exatamente as 2:14 da manhã, na frente do seu laptop, esperando um filme que, de forma geral, parecia pouco promissor no quesito crescimento intelectual. Estava se sentindo absolutamente impotente. Aquela mina que chamou pra tomar café ainda não respondera o convite, embora o tivesse feito a um tempo considerável. O filme se recusava a carregar de maneira que pudesse mergulhar no torpor de uma comédia que não requeria que ela se concentrasse e nem que colocasse muito esforço mental nela. O twitter não tinha atualizações, assim como o instagram, o facebook, o whatsapp, a vida. Tudo parecia estático, morto, vivo-morto. Se deu conta que há tempos não escrevia mais do que 140 caracteres. Nada de excepcional e digno de nota aconteceu nas últimas semanas. Alguns conhecidos embarcaram em relacionamentos, outros tantos viajaram, alguns se mudaram... Mas ela permanecia. Sentada na frente do computador, esperando que a máquina, de alguma maneira, cuspisse respostas sobre o estad

Eu Vejo Tudo Enquadrado

 agonia sem nome no peito. coisas que não sabia nome, sabia sentir o sentido dos sentimentos. jorrava sentimentos esparsos e cansados, temerosos. talvez ressentia ter que ficar enjaulada dentro de várias coisa e dentre elas a doença. a cabeça pesava. de peito aberto pra sentimentos que ela arreganhou porteira, pra aquela agonia inominável.  temia que agora que mostrara o pior de si, aquilo assustasse. que estivesse chacoalhando demais o peixe no saquinho, apertando demais o passarinho na mão, até que ele desse o suspiro final. tinha medo de sentir aquela dor outra vez. mesmo sabendo inevitável e que o pra sempre é fantasia de fábula que nos contam na infância.  se mostrava inteira, mas nem sempre o que tinha pra mostrar tinha o glamour do mistério. as vezes, e muitas vezes, era só ela, desnuda, confusa e cansada no fim de mais um dia cheio de pensamentos ansiosos e paranoicos brincando de pingue pongue na cabeça. o desnudar-se deixava ela insegura que estivesse entregando demais e entr