Tomava uma vodka pungente. Barata, porém pungente. Bateu o copo na mesa com uma força exagerada, advinda da bebida. A música de fundo do barzinho com tema latino era um melô romântico do Alejandro Sanz. Enxugou a boca com a manga do casaco e fodam-se as regras de etiqueta. Estava usando um vestido branco e um casaco bege. Não podia dirigir nesse estado pra casa. Então dirigiu a si mesma pra a casa do conhecido mais próximo. No caso, da conhecida. Bateu na porta, incontrolavelmente. E começou a rir. Rir da sua situação engraçada. Meio bêbada, na porta da casa de uma amiga, no meio da madrugada, e pensando se lembrou de fechar a pia. Depois de mais umas batidas meio desesperadas e mais uns risos escandalosos, ela abriu a porta. Com uma cara carrancuda, de quem acabou de ser acordada. - Oiiiiiiiiiiiiiiiii - Disse, esperando uma saudação igualmente animada - O que diabos você tá fazendo na minha porta a essa hora, satã? - Não foi uma saudação nada animada, afinal. - Eu tava no barzinho