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Mostrando postagens de setembro, 2012

And As The Years Go By

Tomava uma vodka pungente. Barata, porém pungente. Bateu o copo na mesa com uma força exagerada, advinda da bebida. A música de fundo do barzinho com tema latino era um melô romântico do Alejandro Sanz. Enxugou a boca com a manga do casaco e fodam-se as regras de etiqueta. Estava usando um vestido branco e um casaco bege. Não podia dirigir nesse estado pra casa. Então dirigiu a si mesma pra a casa do conhecido mais próximo. No caso, da conhecida. Bateu na porta, incontrolavelmente. E começou a rir. Rir da sua situação engraçada. Meio bêbada, na porta da casa de uma amiga, no meio da madrugada, e pensando se lembrou de fechar a pia. Depois de mais umas batidas meio desesperadas e mais uns risos escandalosos, ela abriu a porta. Com uma cara carrancuda, de quem acabou de ser acordada. - Oiiiiiiiiiiiiiiiii - Disse, esperando uma saudação igualmente animada - O que diabos você tá fazendo na minha porta a essa hora, satã? - Não foi uma saudação nada animada, afinal. - Eu tava no barzinho

Mas Não Sou Beata, Me Criei Na Rua

E se eu tô te dando linha é pra comer você Sábias palavras, Ana Carolina. Agora começando o texto de verdade, acho tão absurdo sexo ser tabu. Como é que você nasceu? Seus pais transaram, simples assim. E não transaram só pra que você nascesse, não. E eu não estou falando do seu irmão. Todo mundo transa. Cedo ou tarde. Melhor que seja cedo, por que sexo é muito bom. Imagina perder a virgindade na cama com o seu marido? Imagina que tem sangue, dói, é incômodo, é desconfortável. Tem mulher que até chora. Agora imagina que isso seja com o seu marido, que vai passar o resto da vida transando com você. Você nunca vai saber se ele é de fato bom de cama, como é que é pra ser, se você faz direito. E aí você cansa de transar só com ele, toda vez, sem nunca ter experimentado com nenhum outro cara. Legal é experimentar em lugares inusitados, construir fantasias, fazer com caras diferentes, com dois ao mesmo tempo... Enfim, como você achar melhor. Isso não faz de você, de forma alguma, uma pu

Do Teu Quarto, Da Cozinha, Da Sala De Estar

Sob inúteis pretextos, encontraram-se. De maneiras incontroláveis, e surgindo de instintos primitivos, o fizeram. E de novo. E mais algumas vezes. Até que tal prazer fosse satisfeito com o desejo ardente da carne. Unhas, cabelo, carne. Furtivos, sorrateiros, proibidos. Fugaz. Fuga. Escape. Cano. Vontade. Pra quê vontade, se há satisfação? Se há necessidade de partir, parte aqui, parte meu coração e leva consigo.Dentes. Pernas. Braços. Coxa. Vício que leva a rotina. Prazer. Toque. Leveza do tocar, o verbo sai da boca direto pra baixo. Desce, e desce. E a boca sobe, e encontra. De leve, despercebido. O tempo voa, passa, ninguém nota. De porta trancada, de janela fechada. Suor. Entremeio de corpos juvenis, suados, cansados, extasiados. Cansaço que vale a pena, cansaço que corrói o corpo e satisfaz a alma. Nas suas ancas, jaziam suas mãos. Mãos que a tocaram, que a deliciavam um momento atrás e estavam indo embora. Manda embora o que não há de embeber no prazer, manda embora o que não há d

Give Me Something To Remember

Hoje, assistindo ao E!News, tive uma epifania. Taí uma palavra que não se encaixa com nenhum dos programas do E!, já que é o canal mais fútil e vazio da televisão. Mas eu fiquei com a cabeça longe, longe. Estavam fofocando sobre um casal que já tinha se separado, após poucos meses de casamento. Minha epifania foi sobre a vida a dois, na verdade. Não sei se a culpa é de uma música recém apresentada da Lana Del Rey, se é da minha constante decepção amorosa, ou se só estou com humor pra esse sentimentalismo todo. Fiquei, que nem boba, pensando em como externar a minha (não tão) brilhante epifania sobre a vida a dois. Estou passando por um auto conhecimento, experimentando, de novo, minha solidão. E não precisa ser necessariamente ruim, mas é excepcionalmente ruim se você tem um coração partido. Na verdade, não sei descrever bem a corrente de sentimentos que tá passando por mim agora. Nenhum deles é raiva. Seria muito mais fácil de superar se não existissem as malditas expectativas. Ou s

Milhões De Vasos Sem Nenhuma Flor

Me considero uma pessoa relativamente solitária. Vê, passou um domingo inteiro, e nenhuma mensagem no celular. Nenhuma ligação (só da minha mãe, mas não conta de maneira alguma). Umas conversas no facebook, mas grande parte delas começadas por mim. E eu quero colo. Quero muito colo. Quero alguém pra segurar minha mão e dizer que tá tudo bem. E não tô falando de namoradinho, não. Acho que esse é o tipo de carência que se desenvolve quando grande parte dos seus melhores amigos tiveram a ideia esdruxúla de se instalarem por um período de tempo (que parece uma eternidade) em outros países ao mesmo tempo. E aí eu fico carente. Tento suprir isso cozinhando, comendo, e dormindo, mas parece que tem um buraquinho no meu peito, que insiste em sugar tudo isso e pedir um pouco mais. Encho-o de literatura, de história, de estudos, de bebida. Mas sempre quer mais. Quero um abraço, um abraço que não me largue. Ao mesmo tempo, quero me arriscar mais. Quero conhecer gente. Quero ver pessoas, quero ver

O Amor Viajou

Abriu a porta, e como disse Zeca, a rua tava ali. Sentou um tempo na soleira da porta. Não tinha quase nenhum carro na rua a essa hora, pouco antes do amanhecer. Não tinha muito o que ver ali fora, também. Fechou o casaco e apertou os dedos na alça da mochila gasta. Saiu. Andando, assim, a esmo. Caíam lágrimas, rolando sem pudor, já que não havia ninguém para recriminar tão primário sofrimento. Nem se incomodava em enxugá-las, deixava que descessem até sua camisa gasta, dentro do casaco semi fechado. Andou, andou. Chegou até a praia. Jogou a mochila na areia fofa, tirou os tênis, subiu a barra da calça e colocou os pés nas ondas. Enxuga o pranto, vai amanhecer. Sentiu a areia colando nos seus pés molhados. O sol tava surgindo, o dia tava amanhecendo e ninguém reparou. As lágrimas searam no seu rosto. Subiu a ladeira que separava a praia da cidade e já viu alguns carros circulando nas avenidas ainda pouco movimentadas. O celular vibrava no bolso, mas optou por fingir não sentir. Quem de

We Can Be Addicted To A Certain Kind Of Sadness

Ontem foi um dia estranho. Levantei da cama onze da manhã, cansada ao extremo. Eu sempre tô cansada ao extremo. Mas nessa ocasião eu tinha dormido doze horas seguidas. Mandei uma mensagem pra o meu então ficante, cobrando alguma irrelevância dele. Fui chamada de impaciente, e começamos a conversar, por mensagem. Foi quase que um relacionamento virtual. Mas pra mim, tava tudo indo bem. Assisti televisão, tive minha primeira atribulada aula de direção, fui ao cabeleireiro e voltei pra Natal, pra fora da casa dos meus pais. Durante o percurso, comecei a receber mensagens do ficante, colocando pra fora preocupações sobre o nosso relacionamente, e confidenciando-me que acreditava que eu gostava mais dele do que o contrário, que achava que o relacionamento não passava disso, que sentia que eu tava querendo e ele não. Fiquei arrasada, mas me segurando até sair do carro pra poder ligar, aos prantos, pra Victória me socorrer. Ela me socorreu, e depois fui pra o telefone com o dito cujo. Falei

Uma Dose de Vodka, Outra de Insônia

Um drink. Dois drinks. Uma dose. Duas doses. Fui ficando tonta. Por que eu bebi tanto, meu Deus? As coisas estavam se movendo rápido demais. Correr? Claro, que ótima ideia. Na verdade, agora que estou correndo, não parece a melhor ideia de todas. Acho que vou vomitar. Não, mentira, não vou. Ah, que hippies legais. Maconha? Não, sinto muito, não fumo. Graças a Deus, um lugar pra sentar e esperar essa tontura de bebida passar. Pelo menos nós estamos todos bêbados. Ainda não de cair, porém, bêbados. Voltar pra o meio das pessoas. Uau, quantas pessoas. Achei meus amigos. E estão todos bêbados. Quanto eles podem ter bebido na minha ausência? Foram só cinco minutos. Não? Quase uma hora? Oh, merda. Hm, parece que esse menino está dando em cima de mim. Descer? Claro, deixe-me ligar pra papai. Espera, dois minutos. Ganhei vinte minutos, vamos a praia. Sexo. O quê? Não é esse o meu nome. Espera, qual o TEU nome? Quantos anos você tem? 28? Inverídico. 29? Também não. 42? Claro que não. Menino, vo

Sexo Selvagem, Então

Não acredito que não peguei a estrada certa! Merda, vou ter que esperar alguma alma viva aparecer por aqui pra me salvar. Quase sem gasolina nessa merda desse acostamento. Tudo que eu precisava pra vida nesse momento. Não vou gastar essa gasolina procurando nada, vou andar por aí a procura de um posto. Acho que estou perto do aeroporto, com alguma sorte acho aquele posto que fica lá perto também. Legal mesmo seria se não estivesse tão escuro, e eu não estivesse com o cu na mão por temer um maníaco sexual ou coisa que o valha me perseguindo por aqui. Essa cidade poderia ser mais bem iluminada, Deus do céu. Estou vendo luzes. Luzes brilhantes. Acho que é o tal posto. Espero que seja o tal posto. Pois é, eu tava certa. É o posto. Só que não tem ninguém lá, ao menos ninguém que vá me vender gasolina. Tem um loirinho gostoso com duas malas, sentado em uma delas, aparentemente esperando alguma coisa, com os fones no ouvido e uma cara de total desorientação. - Ei! Você sabe de algum lugar q

Entre O Fim e O Começo

Entre o prazer futuro e o desprezo prévio. Entre o fim próximo e o começo findo. O entrar ébrio e o sair sóbrio, engolido subita e derradeiramente pelo silêncio dentro de si, o vazio voraz que clama por mais para preenchê-lo. Merecia uma organização melhor das suas gavetas interiores, aquelas que a mantiam em pé e caminhando. Ossos, orgãos, e músculos, mas principalmente sentimento. Sempre tentando voltar ao racional, mas rindo-se quando ia pelo lógico e não pelo evidente, ao menos para si. Não tinha mais vontade de fugir, mas faltava desejo de ficar. Havia avidez por mudança, mas medo desta. Tanto medo que chegava a não levantar da cama. Sentia saudades dos apelidos carinhosos, e queria agora. Me dê seu coração e sua alma. Entre a espada enferrujada e a cruz antiquada. Sempre só, e cansada de procurar alguém.

Pra Qual Lado Vai A Pressa

Umas duas vezes por mês eu tenho uma vontade absurda de morrer. De simplesmente deixar de atender os telefones, de levantar da cama, de sorrir. Só vontade de dormir pra sempre, de deixar de existir. E tenho quase absoluta certeza que grande parte das pessoas que eu conheço tem desses tipos de dia. Nos quais a dor é tão imensamente insuportável que tudo que resta é dormir e não mais acordar. Mas em dias como hoje, eu vejo que não vale a pena. Fora as lágrimas que teimaram em sair pela partida de Florinha, foi um dia tão agradável. As aulas, geralmente insuportáveis, foram motivo de brincadeiras, de risos, de alegria. As pessoas foram fonte de aconchego e acalanto. Os professores, extremamente agradáveis. E não fechei os olhos nem por cinco minutos em nenhuma das aulas do dia (o que é um novo recorde pra mim). Todos os motivos de aborrecimento foram deixados de lado por algumas horas, e eu me senti tão leve, mas tão leve. Como não me sentia a anos. Todos os pedaços cancerosos foram ext

Carta Pra Você Ficar

Vou começar isso de uma forma bem simpática: eu nunca achei que ia gostar de você. Sinceramente, do fundo do meu coração. E quando você e João começaram a almoçar juntos, eu vi aí um jeito de "perder" uma pessoa querida pra outra não tão querida assim: ciúmes. Acho que você percebeu isso em algum ponto, já que você mesma disse que tinha um pouco de medo de mim. Sou meio ciumenta, só que guardo isso totalmente pra mim, então acho que João nunca chegou de fato a saber desse ciuminho babaca que eu tendo a ter pelas pessoas mais queridas, e que, ironicamente, isso agora se aplica a você mais do que a ele. O ciuminhos, digo. Deixando minha habitual simpatia de lado, vou sentir saudades. Tipo, de verdade. É só olhar no meu blog pra ver quantas pessoas ganharam textos por aqui e você vai ver que eu não escrevo texto pra qualquer um. Acho que umas três pessoas já ganharam textos meus publicados aqui exclusivos pra elas, portanto, considere-se muito especial. Vocês todos estão fazen