Cabelos não muito compridos, e lisos. Algumas espinhas na cara, nada anormal pra uma adolescente a caminho do final dessa jornada. Geralmente compenetrada e nunca separada dos seus fones de ouvido. Tinha um gosto musical considerado incomum na maior parte dos círculos sociais da cidade. Apesar de incomum, era parecida, e era diferente. Se destacava do rebanho. Tinha suas ideias bem claras na cabeça, seus sonhos no lugar. Não era alta nem baixa. Namorados, não tivera muitos. Sempre cercada das mais diversas pessoas. Complexa, fechada, porém interessante e bem disposta a conhecerr pessoas. Foi assim que a conheci. Do nada, começamos a manter contato virtual, que evoluiu pra contato diário na escola. Contato essencial para manter parte da sanidade mental, vale salientar. Tem complexos e histórias mal resolvidas, que se desenrolam diante dos seus olhos, e com frequência sem interferência dela mesma, só do coração. Coração sobropõe razão, mesmo que a doa admitir. Vive em constante conflito consigo mesma e com o mundo ao redor, numa relação de amor e ódio. Costuma ostentar um sorriso afiado e instigante, principalmente quando o assunto é do seu interesse. Seus constantes conflitos começam das suas paranóias, bonitas paranóias, que assolam frequentemente sua imaginação demasiado fértil. Fã de Clarice, Caio e Los Hermanos, encontra conforto na palavra escrita, seja essa vinda da ponta dos seus dedos, ou da ponta dos dedos de outros. Apaixonada pela literatura, música e teatro. Inteligente, apesar de não parecer consciente de tal capacidade. Um enigma ambulante, principalmente para os desconhecidos. Versátil. Inconsciente da beleza interior e dos atrativos que possui. É ela, a Rainha.
Eu sobrevivo, eu sobrevivo! Polônia. Tempos difíceis, todas as pessoas consideradas indesejadas estavam indo embora para terras quentes, infestadas com o odor da novidade, do fervor da fuga. A saída sorrateira do país desencontrava amores, despistava amantes. Numa casa, não muito longe do centro de Varsóvia, uma mulher suspirava. Lia e relia a única carta do amado, com o perfume quase se esvaindo do papel, letras borradas das lágrimas que ambos derramaram naquele frágil pedaço de papel, cheio de promessas e saudades. Rosa, tão bela Rosa. Tive que partir, e você sabe minhas motivações. Deixo-lhe com um aperto no peito, beijos em tuas mãos e com dissabores na vida. Prometo-lhe notícias, em breve, da carta que precisas para deixar o país, e vir, finalmente, me encontrar. Ansiosamente, aguardo-te e sonho contigo todas as noites. Porém, a vida nos trópicos está me fazendo bem. Quase não se vê sinal das minhas tosses. Estou empregado, trabalhando na fábrica de alumínio. Moro com mais doi
Comentários
Postar um comentário