“Mesmo que eu pudesse controlar a minha raiva, mesmo que eu quisesse conviver com a minha dor, nada sairia do lugar que já estava, não seria nada diferente do que sou”
Caiu no chão. Tudo estava girando.Tentaram ampara-la. “Eu não gosto de ninguém. Então, solte-me.” Ela dizia, e se levantava sozinha. Depois de quinze shots de tequila, era normal cair. Mas não era isso que a corroia. Não, não. Coisa muito menos finda, muito menos longe da realidade do que o álcool. Caiu do barco. Na verdade não caiu, mas deixou cair, e foi como se a sua alma caísse e ficasse por lá, molhada e perdida na imensidão azul do mar. Na verdade, foi pior do que deixar cair. Empurrou. Quis deixar cair, em um rompante insano de fúria, deixou e por alguns instantes nublados não sentiu culpa. E essa ausência de culpa, de poder e pudor a deixou desamparada como nunca ficara. Eles sangraram. Ela estava penando agora por isso. Eles sentiram por uns instantes, mas ela iria sentir a vida toda. Não conseguia entender por que a afetava tanto. Eram apenas quase desconhecidos em um barco, como muitos outros que ela empurrou de várias maneiras e lugares diferentes. Mas tinha algo de esquisito e especial na face deles, algo bizarramente tenebroso que a fez gemer por dentro, e quase perder o prazer que toda aquela carnificina lhe provocava. Um prazer extremamente pessoal e doentio. Não gostava de ninguém, e ninguém nunca gostou dela, desde os tempos mais remotos, onde tudo era mais uma questão de repulsa e opinião até agora que seus delírios apontavam para algo maior. Estava absolutamente perdida. Remorso. Que sensação estranha. Seria a primeira e última vez. Jamais iria se permitir abrir daquele modo. E pra isso, teria que empurrar a si mesma, e não de modo metafórico. Teria que parecer algo que não fora planejado. E assim, acabou.
Caiu no chão. Tudo estava girando.Tentaram ampara-la. “Eu não gosto de ninguém. Então, solte-me.” Ela dizia, e se levantava sozinha. Depois de quinze shots de tequila, era normal cair. Mas não era isso que a corroia. Não, não. Coisa muito menos finda, muito menos longe da realidade do que o álcool. Caiu do barco. Na verdade não caiu, mas deixou cair, e foi como se a sua alma caísse e ficasse por lá, molhada e perdida na imensidão azul do mar. Na verdade, foi pior do que deixar cair. Empurrou. Quis deixar cair, em um rompante insano de fúria, deixou e por alguns instantes nublados não sentiu culpa. E essa ausência de culpa, de poder e pudor a deixou desamparada como nunca ficara. Eles sangraram. Ela estava penando agora por isso. Eles sentiram por uns instantes, mas ela iria sentir a vida toda. Não conseguia entender por que a afetava tanto. Eram apenas quase desconhecidos em um barco, como muitos outros que ela empurrou de várias maneiras e lugares diferentes. Mas tinha algo de esquisito e especial na face deles, algo bizarramente tenebroso que a fez gemer por dentro, e quase perder o prazer que toda aquela carnificina lhe provocava. Um prazer extremamente pessoal e doentio. Não gostava de ninguém, e ninguém nunca gostou dela, desde os tempos mais remotos, onde tudo era mais uma questão de repulsa e opinião até agora que seus delírios apontavam para algo maior. Estava absolutamente perdida. Remorso. Que sensação estranha. Seria a primeira e última vez. Jamais iria se permitir abrir daquele modo. E pra isso, teria que empurrar a si mesma, e não de modo metafórico. Teria que parecer algo que não fora planejado. E assim, acabou.
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