Deitaram-se no banco de trás do carro. Puxou a blusa. Mão. Mãos. Tirou a blusa. Beijos. Braços. Tirou a outra blusa. Zíper. Mão. Mãos. Rápido, rápido.
~
- Bom dia. - Olhou ao redor de si. Roupas. Deitada na cama. Como chegara ali?
- Bom dia. - Levantou-se depois da saudação desajeitada, e planejava ir embora o mais cedo possível. O que foi que fizera?
- Hm. Quer tomar café? - Ele olhara pra ela como se disesse pra ficar.
- Não. - Catou as roupas do chão, e as estava vestindo apressadamente.
- Certeza? Tem panquecas. -
- Certeza. Vou indo. Tchau. - Saiu ainda vestindo o salto da noite anterior. Por que tudo parecia um borrão?
~
- Eu acordei e nem sabia onde eu tava. - Falou, de boca cheia, pra a amiga que chamara pra o café mais próximo da sua casa.
- Que vadia, você. - As duas riram. Ambas sabiam que não era verdade. Ou que, no fundo, era um pouco, e por isso era engraçado.
- Ele era bonitinho, mas não sei nem o nome dele, por Deus. - Enfiou outra garfada do waffle na boca, e enxugou o excesso do maple syrup que escorria pela mão com o guardanapo.
- Você não tem jeito, de verdade. -
- Essa é a graça. Você fuma uns, bebe uns, pega uns, e vai pra casa tranquila, devendo só pra o seu chefe e pra o banco. -
- Queria teu desapego pra mim. -
- Nem eu queria meu desapego pra mim, meu bem. -
~
Jogou a bolsa no sofá quando chegou em casa. Quem era o rapaz? Fez um esforço pra lembrar. Usou do ritual de vasculhar a bolsa a procura de pistas. Achou um número de telefone. Pensou em ligar. Ligou.
- Alô? - Era a voz do homem da manhã.
- Alô. - Respondeu, simplesmente, como se isso valesse de resposta pra tudo. O silêncio reinou de ambos os lados da linha.
- Qual o teu nome? -
- Oi? -
- Teu nome. -
- Leonardo. E o teu? -
- Sofia. - De novo, um silêncio incômodo de ambos os lados da linha.
- Você quer jantar, um dia desses? -
- A gente podia começar com menos. -
- Mas a gente já começou com mais. -
- Um café. Amanhã. Duas da tarde. Aquele na frente do jornal, na rua da catedral. Esteja lá. - E desligou o telefone.
~
13:40 estava lá. Óculos escuros, olheiras, sono. Ele chegou dez minutos mais cedo, e sentou-se na mesa com ela. Pediram dois cafés. Beberam, silenciosamente. Despediram-se, quase calidamente. Faltava algo. Faltava afeto. Faltava desejo. Era profunda lacuna. Nunca mais se encontraram, além de um furtivo e acidental encontro na sessão de legumes no mercado, ela fugindo de um conhecido desagradável, ele tentando melhorar a alimentação. Encontraram-se de novo na rua, mas dessa vez evitaram palavraas. Depois disso, ela mudou-se subitamente pra Londres, e ele ficou muito bem instalado em NY. Nunca mais se viram nem lembraram de suas existências. E esse, meus caros, foi um final feliz.
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- Bom dia. - Olhou ao redor de si. Roupas. Deitada na cama. Como chegara ali?
- Bom dia. - Levantou-se depois da saudação desajeitada, e planejava ir embora o mais cedo possível. O que foi que fizera?
- Hm. Quer tomar café? - Ele olhara pra ela como se disesse pra ficar.
- Não. - Catou as roupas do chão, e as estava vestindo apressadamente.
- Certeza? Tem panquecas. -
- Certeza. Vou indo. Tchau. - Saiu ainda vestindo o salto da noite anterior. Por que tudo parecia um borrão?
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- Eu acordei e nem sabia onde eu tava. - Falou, de boca cheia, pra a amiga que chamara pra o café mais próximo da sua casa.
- Que vadia, você. - As duas riram. Ambas sabiam que não era verdade. Ou que, no fundo, era um pouco, e por isso era engraçado.
- Ele era bonitinho, mas não sei nem o nome dele, por Deus. - Enfiou outra garfada do waffle na boca, e enxugou o excesso do maple syrup que escorria pela mão com o guardanapo.
- Você não tem jeito, de verdade. -
- Essa é a graça. Você fuma uns, bebe uns, pega uns, e vai pra casa tranquila, devendo só pra o seu chefe e pra o banco. -
- Queria teu desapego pra mim. -
- Nem eu queria meu desapego pra mim, meu bem. -
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Jogou a bolsa no sofá quando chegou em casa. Quem era o rapaz? Fez um esforço pra lembrar. Usou do ritual de vasculhar a bolsa a procura de pistas. Achou um número de telefone. Pensou em ligar. Ligou.
- Alô? - Era a voz do homem da manhã.
- Alô. - Respondeu, simplesmente, como se isso valesse de resposta pra tudo. O silêncio reinou de ambos os lados da linha.
- Qual o teu nome? -
- Oi? -
- Teu nome. -
- Leonardo. E o teu? -
- Sofia. - De novo, um silêncio incômodo de ambos os lados da linha.
- Você quer jantar, um dia desses? -
- A gente podia começar com menos. -
- Mas a gente já começou com mais. -
- Um café. Amanhã. Duas da tarde. Aquele na frente do jornal, na rua da catedral. Esteja lá. - E desligou o telefone.
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13:40 estava lá. Óculos escuros, olheiras, sono. Ele chegou dez minutos mais cedo, e sentou-se na mesa com ela. Pediram dois cafés. Beberam, silenciosamente. Despediram-se, quase calidamente. Faltava algo. Faltava afeto. Faltava desejo. Era profunda lacuna. Nunca mais se encontraram, além de um furtivo e acidental encontro na sessão de legumes no mercado, ela fugindo de um conhecido desagradável, ele tentando melhorar a alimentação. Encontraram-se de novo na rua, mas dessa vez evitaram palavraas. Depois disso, ela mudou-se subitamente pra Londres, e ele ficou muito bem instalado em NY. Nunca mais se viram nem lembraram de suas existências. E esse, meus caros, foi um final feliz.
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