Pular para o conteúdo principal

Brincadeira De Criança, Como É Bom

Antes que vocÊs pensem que vai ser o texto mais clichê do mundo sobre o dia das crianças, e ser criança, eu tenho que esclarecer uma coisa: provavelmente vai ser, mesmo. Então, se você tá afim de mergulhar na nostalgia antecipada de voltar à infância, bem vindo.

Vou começar falando do que me motivou a escrever o texto. Recentemente, conheci um grupo de algumas das pessoas mais incríveis que poderiam aparecer na minha vida, e essa noite, resolveram que o programa de quem ia ficar em casa seria uma sessão nostalgia. E que sessão, viu? Eu escutei a abertura de todas as novelas mexicanas que eu ia assistir na casa de Mariana depois/antes da natação (isso inclui Maria do Bairro, A Ursupadora, Chiquititas, Carrossel, O Diário de Daniela, Floribella, enfim, todas essas), todas as boys band vergonhosas (KLB, Broz), as cantoras esquecidas pela mídia mas que pra mim eram um arraso (Marjorie Estiano, Luka, Kelly Key), as girl band (Rouge), as coisas mais antigas (Angélica, Xuxa, Sandy e Júnior), os cantores (Felipe Dylon, Justin Timberlake), as cantoras que ainda se lançam (Pitty, Britney Spears), as mais vergonhosas (O Bonde do Tigrão, Molejo, Molecada, Latino, até umas coisas tipo Perlla, Aqua), e uma lista enorme de hits dos anos noventa, músicas como Olha a Onda, e Heloísa, Mexe A Cadeira. Os Mamonas, claro, não faltaram. Nem os hits internacionais de HSM e RBD.

Onde eu quero chegar com tudo isso? Em lugar nenhum, gente. Amei voltar, mesmo que momentanemanete, pra minha infância. Onde as músicas do Latino eram inocentes. E eu acreditava em contos de fada. Quando a gente tinha vergonha de sexo, de beijo, de pegar na mão. Que o menino tinha sapinho, a menina também, e a guerra dos sexos era infinita. Apesar disso, sempre preferi o azul ao rosa. Brincava de correr com os meninos (e as meninas também), assistia todos os desenhos na TV, andava de bicicleta, comia danoninho, brincava de adoleta, de barbie, de carrinho, de vampiro, de bruxa (era crente que era bruxa, acreditam?), de power ranger, de sereia na piscina, de cavaleiros do zodíaco. Enfim, fiz o que uma criança faz: ralei os joelhos.

Me deu uma saudade enorme dos meus amigos que eu mantenho até hoje, das festas da Casa Escola (Mah nishtanah, rs), dos desfiles de moda improvisados, do clube dos ricos, enfim, de como a vida era fácil e sempre engraçada. Sempre seguindo, sempre colorida e cheia de imaginação. Cresci, e minha vida foi permeada de novas influências musicais, televisivas, tecnológicas, todo o tipo de nova influência. Troquei o laboratório de Dexter por Dexter Morgan, o serial killer. Troquei Kelly Key por Los Hermanos. Troquei tica-tica por ficar no computador, dormir e estudar. Troquei esconde-esconde por barzinhos, shows, vodka. E queria não ter trocado.

Meu texto não tinha a intenção de ser totalmente saudosista. Tinha a intenção de me lembrar de uma parte de mim frequentemente esquecida. A parte que sabe cantar a música de abertura de Kim Possible todinha, mas que também escreve sem pudores sobre sexo. Estou nessa fase de transição, tão gostosa. Na qual eu ainda posso dançar nostalgicamente ao som de Musa do Verão e não tenho que lidar com o mercado de trabalho. Que eu posso baixar todos os episódios do Sítio do Pica Pau Amarelo, e amar Monteiro Lobato. Se ele era um velho nazista e preconceituoso, o que eu tenho com isso? Quando eu tinha 5 anos de idade, eu lá sabia o que era isso? Me infiltrei no mundo da Tia Nástacia e da Narizinho, e gostei de lá. Que eu posso me deixar levar pelo meu amor infindável ao meu passado.

Olho pra o futuro, mas sem um pé no passado, não dá. Espero que dê pra seguir assim, lembrando do Reino das Águas Claras, mas estudando termodinâmica. Fica aqui minha singela homenagem à tenra infância, ao ralar os joelhos, à Monteiro Lobato, às meninas do Prazamiga, aos lindos da Casa Escola, à minha infância linda, e por último, porém não menos importante, ao dia das crianças.

Comentários

Postar um comentário

Postagens mais visitadas deste blog

Acha Que A Sua Indiferença Vai Acabar Comigo?

Eu sobrevivo, eu sobrevivo! Polônia. Tempos difíceis, todas as pessoas consideradas indesejadas estavam indo embora para terras quentes, infestadas com o odor da novidade, do fervor da fuga. A saída sorrateira do país desencontrava amores, despistava amantes. Numa casa, não muito longe do centro de Varsóvia, uma mulher suspirava. Lia e relia a única carta do amado, com o perfume quase se esvaindo do papel, letras borradas das lágrimas que ambos derramaram naquele frágil pedaço de papel, cheio de promessas e saudades. Rosa, tão bela Rosa. Tive que partir, e você sabe minhas motivações. Deixo-lhe com um aperto no peito, beijos em tuas mãos e com dissabores na vida. Prometo-lhe notícias, em breve, da carta que precisas para deixar o país, e vir, finalmente, me encontrar. Ansiosamente, aguardo-te e sonho contigo todas as noites. Porém, a vida nos trópicos está me fazendo bem. Quase não se vê sinal das minhas tosses. Estou empregado, trabalhando na fábrica de alumínio. Moro com mais doi

Ser gay ou não ser?

“So you say, It’s not okay to be gay?” Me diz uma coisa: por que não seria ok ser gay? Me diz o problema. Por que diabos seria errado? Desde quando amor é errado? Uma relação gay é uma relação de amor também. Eu estou realmente querendo saber. E não me venha com aquela bobagem moralista de que é pecado, nem de que “Eu não sou contra, mais eu não apoio.” Pra você não apoiar uma coisa, você certamente deve ter motivos, correto? Como você pode não ser contra mais não apoiar? Que sentido isso tem? Se você não tem nada contra, logicamente você deveria apoiar. Mas tudo o que eu ouço na aula de formação ético social são essas babaquices . É isso que elas são. Tremendas babaquices de uma sociedade mentalmente enrustida, falei. É errado por que a igreja diz? Bem, sinceramente, a igreja já esteve errada antes, vão folhear um livro da idade média, pelo amor de deus! Amor é amor de qualquer forma, de qualquer sexo, de qualquer porra de coisa. Jesus Cristo não pregava amor? Bem, isso é amor. Eu so

Agora Você Nem Me Nota

Depois de uma conturbada manhã no sofá, duas horas de aula nas férias, e muito resmungar, resolvi que estava na hora de ir pra casa de Flora. Antes do escurecer, consegui chegar. Depois de brincar com a Caty Perry (nome criativo pra uma gata mascarada), ficar no pottermore, comer mousse de maracujá (no caso eu, por que sou uma gorda e me orgulho), e atormentar a vida da Caty com o espirrador de água, fomos intimadas a nos arrumar com rapidez, por que a mãe de Flora estava chegando. Corremos, nos vestimos, e fomos capazes de nos arrumar em tempo. Ao chegar no bar (que por acaso se chamava Eletro Cana Rock), encontramos poucos conhecidos. A medida que as pessoas iam chegando, o barulho ia aumentando e mais gente conhecida aparecia (inclusive a banda que ia tocar). Margot e Flora estavam com fome, e eu, bem, eu estou sempre com fome. Fomos em um barzinho suspeito (depois de um interrogatório dirigido a Iuri sobre como ele conseguiu água), que tinha uma estante cheia de cachaça barata, coc