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Mostrando postagens de agosto, 2012

Carta Pra Você Voltar

Hoje, pela segunda vez no ano, fui ao aeroporto. Mas não fui com o intuito de viajar. Fui deixar uma das pessoas mais importantes pra mim (um grande pedaço do meu mundo, vale salientar) partir, por 10 meses. Dez meses de pura melancolia. Acho que desde que a gente se conhece não houve intervalo tão grande na nossa amizade. E eu sou covarde o suficiente pra ter que escrever sobre, ao invés de falar. Então, primeiro vou começar dizendo o óbvio (ao menos pra você, espero): Eu te amo, sua porcaria. Tendo dito isso, vou contar como o meu coração ficou apertado quando você surgiu, do nada, com a ideia de um intercâmbio. Estava empolgada por ter tantas ideias sobre isso, e de acordo com você, só faltava convencer sua mãe. E uma pequena parte de mim torceu pra tia Cida ter o bom senso de te acorrentar na sua cama, pra você nunca sair. Me afligiu quando, depois de um tempo, a resposta dela foi assertiva. Digo, fiquei feliz por você estar podendo ter uma experiência tão boa, e poder estar faze

Verás Que Um Filho Teu Não Foge À Luta

Pela primeira vez, tive parte em uma manifestação. O comparecimento foi por acaso, e começou murcha. Mas em questão de minutos, a BR 101 foi ocupada, os protestantes (o que me inclui) estavam sentados e deitados na frente dos carros, o trânsito parado, gritos, apitos, cartazes, tudo combinado pra a maior eficácia. O objetivo era paralisar os ônibus e convencer os motoristas e cobradores a nos deixar entrar de graça, pra pesar no bolso dos culpados. Prosseguimos do Via Direta até o Midway (fiquei até o Portugal Center), firmes e fortes. Os gritos foram de formas agressivas, passivas, prudentes e imprudentes. Tudo pra receber nossas promessas! O aumento da passagem de ônibus é um roubo! Principalmente com o estado de sucateação dos ônibus e a falta de infra estrutura oferecida. Depois do último aumento, nos foi prometido que as passagens não seriam aumentadas até 2013. 2013 chegou cedo, não? Não pretendo entrar em detalhes sobre o resto da administração desastrosa da prefeita Micarla,

In Many Ways, I'll Miss The Good Old Days

Manhã desestimulante. Vontade de ficar na cama, sono terrível, levantei. Arrastei meu corpo pra escola, arrastei meu dia pela sala, cutucando Jean e me satisfazendo com as coisas pequenas. Recebi cartas. Recebi olhares estranhos e distância, e me machuquei um pouco mais, cutuquei a ferida. Tentei suturar, e apesar de não ter dado muito certo, estanquei o sangue e segui com o dia. Continuei sorrindo e oscilando o humor durante o resto da manhã. Me descobri e me escondi, só pra me mostrar pra mim. A tarde, prevendo um final de dia enfadonho, descobri o extremo oposto. Dois professores faltaram! Isso é quase inédito na história do CEI. Confesso que tinha pensado em fugir e não dar satisfações, e quae o fiz, mas depois dessa descoberta, não tinha pra quê fugir. Fugir de quem? Fugir do quê? Nada de fugir, ir sem a culpa de matar aula, sem a culpa de fugir. Mas mesmo assim, fugir da vida em algum ponto. E ir ao cinema, que jeito incrível de passar as horas, matar o tempo, fugir do que havia

Pra Não Levantar da Cama

Segunda de manhã, chuva. Terça de manhã, sol. Quarta de manhã, sol. Quinta de manhã, chuva. Sexta de manhã, nublado. Foda-se o tempo que faz lá fora, se o dia de matérias na escola é de exatas ou de humanas, se tá frio ou calor, se o dia promete ou não, você acordou de mau humor e não ficou na cama por que foi forçado a se arrastar pra fora dela. Nesses dias, o quão maravilhoso seria acordar e ter algum bilhete, alguma carta, alguém pra te dizer que o dia foi cancelado, e que você pode voltar pra cama? Seria o céu. Mas, uma vez sabendo que isso não vai acontecer, o que você faz com aquela vontade de desaparecer, de deixar de existir, de entrar embaixo das cobertas e não sair de lá até você se sentir melhor? Não faz. Coloca debaixo do braço e leva pra escola. Passa o dia inteiro carrancudo ou com cara de deprimido, suspirando e olhando pra o vazio. Mas sabe de uma coisa? Não muda nada. O dia corresponde menos ainda as suas expectativas. Se sua expectativa era sexo, vai acabar em casa

Monday You Can Fall Apart

Acho que a parte mais díficil de criar uma relação é gostar de alguém. Quando você gosta de alguém, é sempre mais difícil falar verdades doloridas, contar segredos que você sabe que não seriam aprovados, é quase impossível não se entregar, ao menos um pouco. É tão fácil de encher de promessas, esperanças, sonhos... E cair de cara no chão, com a realidade sambando na sua cara com as sapatilhas do mundo real. As pessoas não são perfeitas. E nem tem intenção de sê-lo. A gente é que espera demais, cobra demais, quer demais... E acaba ficando sem nada, ou com algo que não corresponde às nossas expectativas tão elevadas. Agora vamos a outros fatos: você também não é perfeito. Aposto que tem algum hábito considerado chato, rói as unhas de nervoso, perde a hora de manhã, transa com a mulher do vizinho, ouve músicas da Celine Dion quando tá deprimido, dança sozinho na cozinha, e vê comédias românticas com um pote de sorvete ao lado. E isso tudo é normal. Todo mundo faz esse tipo de coisa. Po

Se Isso É Céu, Eu Prefiro Meu Inferno

Depois de muitas indagações pessoais de "para onde minha vida está indo?" e respostas do tipo "para o ralo/fundo do poço/buraco etc etc" vindo da minha cabecinha, levantei do chão do banheiro e olhei minha cara cheia de pintinhas vermelhas, advindas de picadas de mosquito da fazenda. Olhei minha sobrancelha bem feita, minhas marcas, minhas olheiras, minhas pintinhas provisórias, minhas espinhas, enfim, tudo que tinha pra olhar. Joguei água gelada no rosto. Lavei com sabonete líquido pra peles oleosas. Escovei os dentes, um por um. Abri o armário do banheiro, a procura de hipoglós para colocar nas pintinhas, mas não encontrei. Encontrei uns creminhos pras mãos que eu ganhei e nunca tinha usado. Abri o primeiro, e um cheiro tão bom veio lá de dentro. Tão bom que eu não acreditei. Alguma coisa realmente boa estava vindo de algum lugar. Por mais que fosse só um perfume passageiro, uma fragrância que sairia das minhas mãos cedo ou tarde, pareceu um pouco de bondade. Nã

Che Te Guardo

Cabelos não muito compridos, e lisos. Algumas espinhas na cara, nada anormal pra uma adolescente a caminho do final dessa jornada. Geralmente compenetrada e nunca separada dos seus fones de ouvido. Tinha um gosto musical considerado incomum na maior parte dos círculos sociais da cidade. Apesar de incomum, era parecida, e era diferente. Se destacava do rebanho. Tinha suas ideias bem claras na cabeça, seus sonhos no lugar. Não era alta nem baixa. Namorados, não tivera muitos. Sempre cercada das mais diversas pessoas. Complexa, fechada, porém interessante e bem disposta a conhecerr pessoas. Foi assim que a conheci. Do nada, começamos a manter contato virtual, que evoluiu pra contato diário na escola. Contato essencial para manter parte da sanidade mental, vale salientar. Tem complexos e histórias mal resolvidas, que se desenrolam diante dos seus olhos, e com frequência sem interferência dela mesma, só do coração. Coração sobropõe razão, mesmo que a doa admitir. Vive em constante conflito

Fica Bem, Mas Fica Só Comigo

Karma ruim, golpe do destino, falta de sorte, você escolhe. Eu não sei bem qual é o dom que eu tenho de sempre escolher o cara errado. Mesmo quando ele é certo, ele é errado. Certo pra alguém, errado pra mim. Meu coração tem algum problema sério, ele gosta de caras comprometidos, irritantes, mais novos, impossíveis, babacas, difíceis. Em algum ponto, eu cansei disso. Cansei de procurar alguém, cansei de me submeter a essa tortura chinesa de esperar o cara responder as minhas mensagens, me adicionar no facebook, responder no chat. Cansei, também, de tomar iniciativas, coisas que eu sempre faço. Não consigo deixar de imaginar que o problema sou eu. Será que é meu corpo, estou gorda demais, cheia de espinhas demais, cabelo cacheado demais, castanho demais, olheiras demais, alegre de menos, disposta de menos, cansada demais? Será que forço demais a barra, que eu tenho alguma compulsão por não deixar um silêncio? Que eu sou muito falastrona, muito espaçosa, muito antipática, ansiosa? Cium