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Mostrando postagens de 2019

I just laid down and cried

Eu pude perceber que o desvencilhamento estava vindo a passos largos. Eu pude ver que a cada dia as coisas estavam mais difíceis, mais trabalhosas. Eu tive olhos pra enxergar, e de certa forma, sabia que estava vindo, que estava cavalgando até mim essa dor lancinante que me embebe no momento. Eu queria muito conseguir fazer poesia hoje, mas a verdade é que qualquer mundo é mais suportável do que esse, qualquer lugar é melhor do que dentro de mim, e eu sou tão intensa que mal consigo me explicar em palavras desse mundo. Todas as coisas ditas e não ditas e meio ditas queimam dentro de mim. Fazem fogo de tempestade e de dor. E eu quero ficar bem, eu não quero que minha tristeza seja um fardo pra ninguém além de mim. Eu quero conseguir sorrir sem pensar no fim. É difícil organizar minha cabeça sem aquela ajuda destrutiva das coisas que sei que me fazem mal depois, mas que na hora me fazem pensar em qualquer coisas que não diga respeito a um nó que não existe mais. Mas eu estou tentando

how to say goodbye?

Hoje faz uma semana e dois dias que o nosso romance acabou. Nessa uma semana e dois dias, não fiz nada do qual eu possa me sentir particularmente orgulhosa. Passei esse tempo oscilando entre afastar a dor das mais diversas maneiras, saudáveis ou não. Em alguns momentos eu fui vitoriosa. Em alguns momentos eu consegui afastar o sentimento de que um pedaço de mim foi arrancado violentamente do meu corpo, um pedaço não necessariamente essencial, mas que está sendo muito difícil de viver sem. No dia que o nosso romance acabou, eu inclusive cheguei a desejar que meu braço tivesse sido de fato arrancado.  A dor, apesar de interna e intangível, se alojou entre as minhas costelas, apertando-as muito forte contra meus órgãos internos.  Nunca achei que respirar fosse atividade opcional, mas durante os primeiros dias, foi. Com as minhas costelas apertando meus órgãos internos, respirar era difícil e eu tenho absoluta certeza de que em alguns momentos, apesar do ar ser indispensável para ex

O Saberes

tiveram dias que fui ausência. já fui desespero. já fui dor, pura e simples, destilada e amornada pelo calor dos dias. fui lágrima, também. nesses dias nos quais não sei bem identificar todos os sentimentos que me perpassam incessantemente, tento relembrar todas as coisas que já fui e que ainda posso ser. mas, no âmago de mim, bem lá no fundo, não sei mais como fui e nem como posso ser. nesses dias esquisitos, que flutuo em sentimentos abstratos e ligeiramente absurdos, não sei ser. sei que me inundo de dor, de desespero, e nem sei por quê. tem um sentimento esquisito que não sei bem explicar, que algumas vezes fica dormente dentro de mim e eu finjo que não existe que eu não sei onde está que não sei o que é e que não me atormenta. eu tenho mania de fingir que não me atormenta, mas está sempre lá. sempre esperando pra me engolir de novo, sempre espreitando pra plantar dúvidas infundadas nessa cabecinha cansada cheia de caraminholas.  por que apesar de tudo, eu sempr

Até Que Eu Cesse

as vezes eu sinto como se fosse explodir em um milhão de pedacinhos. como se meu intestino fosse se romper, meu coração não fosse aguentar, minhas vértebras fossem se desintegrar, assim, do nada, puf e pó. eu sinto como se todo meu esforço fosse em vão, como se não houvessem forças pra continuar, e que a promessa de um novo dia amanhã não fosse em nada promissora. sinto como se houvesse um peso no meu estômago que vai descendo até minha virilha, e se aloja lá, naquele espaço nada que existe em mim. me pergunto se não posso usar uma vara de pescar comprida, que faça com que eu volte a me sentir bem e inteira de novo. me pergunto o que é me sentir bem e inteira. me pergunto se já me senti de tal forma, ou se vivi toda a extensão dos meus anos de vida com essa sensação ominosa de que algo terrível vai acontecer no momento que eu piscar os olhos, que tudo vai se acabar e se explodir. devo confessar que algumas vezes tudo que queria era que tudo cessasse para que todos pudéssemos cessar

Mar Revolto

por que eu, intranquila feito mar revolto, me doo e me dói e não quero mais por que afeto dói e tudo machuca parece que vou explodir em serpentinas preto e brancas espelhando de forma espalhafatosa, espalhando pelos cantos o interior confuso e cinza de uma difusa eu. talvez não tão cinza, visto que sou cheia de cores vistosas mas tão confusas que se tornaram uma meleca marrom estressante de mim. por que as cores vistosas ficam sempre fora de foco e por que apesar de todo mundo me dizer o quanto elas são bonitas, eu ainda valho pouco, quase nada, existo aos pedaços e tudo, mas tudo mesmo, machuca, forma ferida talvez indelével, dentro de mim? seria eu uma bola de sentimentos ruins, um cinza agonizante, que ninguém tem coragem de descrever assim? seria eu mais que um bicho com uma marca que sangra incessantemente, coberta de farrapos manchados de amor, mergulhados em confusão e rasgos que vazam e denunciam o que sou: dor e mais dor? seria eu o bicho homem, me refestelando em destroço

I Keep Dancing On My Own

If I Were Young I'd flee this town I'd bury my dreams  Under the ground Deixe que as temporadas comecem. Deixe que eu comece, e desabroche como flor. Deixe que o pus seque e cegue. Que eu cegue, e deixe de ver coisas onde não tem. Que eu deixe de ver amor onde não há, que eu deixe me intoxicar por pessoas que não fazem a menor diferença, mas que fazem por que eu deixo fazer. Eu me permito tanto sentir que me sinto como uma garrafa de champagne muito agitada na noite de ano novo, e não falo da champagne barata que eu quis por que quis estourar e não deu certo, mas da champagne perfeita de filme que não acaba com a rolha nos olhos de alguém. Deus me livre ter olhos. Deus me livre ver a bagunça que me tornei, deus me livre ser quem eu sou. Por favor, me dê mais uma taça de vinho e pare de encher meu saco. Por favor, me dê vendas, me vende e me venda. Não creia em mim, não creia no meu vício de ser intensa e metade, por que nunca tem onde colocar o que sobra. Sempr

Quando Dei Por Mim, Tava Aqui

me afobei  quando meu beijo  retribuiu não faz mal no varal do deserto estendo amor  para dar Eu fiquei meio ariada que a rede balançou. A minha rede sempre balança, e eu sempre balanço junto. Vivo balançada por alguém, eu vivo me entregando e me dando e me dando e sempre me privando de me aproveitar de mim mesma. Pareço fonte inesgotável de dor, e deus dará. Deus dará, mas por que ele não me dá? Por que sempre tenho que pedir a deus pra me dar, quando deus nada me provém? Quando tudo que tenho é dor, acumulada de anos. Anos nos quais me dei, anos nos quais não me respeitei, anos nos quais não fui capaz de me dizer que a minha saúde vale mais do que um beijo. Quando te conheci, você não tinha cabeça raspada. Você tinha cabelinho curtinho, cortadinho do jeito que sempre me fazia sorrir. Na verdade, te conheci por foto. Suas fotos me faziam sentir, e quando a possibilidade de algo tangível se aparece diante dos meus olhos eu agarro. Patética. Eu sempre me agarro a po