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I Keep Dancing On My Own

If I Were Young
I'd flee this town
I'd bury my dreams 
Under the ground

Deixe que as temporadas comecem. Deixe que eu comece, e desabroche como flor. Deixe que o pus seque e cegue. Que eu cegue, e deixe de ver coisas onde não tem. Que eu deixe de ver amor onde não há, que eu deixe me intoxicar por pessoas que não fazem a menor diferença, mas que fazem por que eu deixo fazer.
Eu me permito tanto sentir que me sinto como uma garrafa de champagne muito agitada na noite de ano novo, e não falo da champagne barata que eu quis por que quis estourar e não deu certo, mas da champagne perfeita de filme que não acaba com a rolha nos olhos de alguém. Deus me livre ter olhos. Deus me livre ver a bagunça que me tornei, deus me livre ser quem eu sou.
Por favor, me dê mais uma taça de vinho e pare de encher meu saco.
Por favor, me dê vendas, me vende e me venda. Não creia em mim, não creia no meu vício de ser intensa e metade, por que nunca tem onde colocar o que sobra. Sempre transbordo do copo. Sempre me transbordo e fico sem fazer a menor ideia de onde me colocar.  Sou limpa pelas beiradas, com aquele paninho sujo que fica no ombro do barman suspeito. Sou limpa com álcool diluído e impróprio pra consumo. Sou suja, mas teimo em me limpar e deixar ser limpa.
Podada. Me podo, por que não acho que ninguém deva poder comigo. Faço uns jogos de palavras tristes quando estou bêbada tentando fazer algum sentido em um blog meia boca que tenho a quase dez anos de peso e existência esdrúxula. 
Eu não faço sentido, eu sinto demais, eu dói.
Não estou nem aí se não conjuguei o verso corretamente. Se José tinha a pretensão de inventar palavras, eu também posso ter. 
Pelo amor de tudo que é mais sagrado, me deixe ir para casa. Casa é quando estou sozinha comigo, mas quando estou verdadeiramente feliz, e não quando estou tentando me intoxicar de pretensiosidades esquisitas que só fazem sentido pra mim mesma.
Eu cansei de doer, eu cansei de sentir, eu cansei de estar sozinha com você.
Eu não sei o que você quer, eu sei que eu quero ter alguma sanidade, sanidade o suficiente pra recusar, sóbria, um copo de cerveja cheio.
Não quero mais ver as pessoas como copos meio cheios, eu sei que todas elas estão na verdade totalmente vazias. 
Não sou propósito na vida de ninguém. Nem ninguém deveria ser propósito na minha.
À beira de um ataque de nervos, sozinha, fingindo que sou Mrs. Maisel e falando com minha platéia imaginária da vida falsa e patética que levo todos os dias.
Das mentiras que conto pra mim, a mais engraçada é a de que algum dia vou de fato encontrar amor em alguém que me ame e me entenda como eu sou.
Eu não me entendo como sou. Eu sei quem eu sou, mas depois de vinte e três anos de lutas eternas internas eu não aceito, eu aceito, eu durmo, eu dou, eu dói, você dói.
Chega de ter pena de mim mesma escrevendo essa odisséia absurda de dor a todo esse tempo.
Cansei de ser dor.
Não quero ser dor sozinha.
Não quero ser dor com você.
Não quero ser dor.
Por favor, para de doer.
Eu pedi com jeitinho, eu pedi com tanta esperança, com peito estufado, com confiança.
Me permite ser confiança, me permite ser tudo que eu jamais me permiti ser, me permite ser mais eu, menos medo, menos tantas coisas e mais tantas coisas mais.
Você não é nada. Você não tem essa capacidade de me fazer doer tanto, você me fez perceber que ser patética cansa.
Não sou escarradeira, você não pode me cuspir, eu nem tenho saliva. E você também não. Foi demais, overdosou e deixou sua língua dormente.
Minha língua dorme, por que não posso proferir mais nunca mais mas nunca mais mesmo nem em sonhos que gosto de você por que eu estou errada e você também. Timing is a bitch.
Posso cuidar de você, posso cuidar de mim. Tem que parar de doer.
Eu vou estancar a sangria, nem que seja com minhas próprias mãos.
Chega de chagas que não param que não estancam que não incomodam mas que estão ali tempo o suficiente pra não me deixar descansar de você.

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