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O Amor Está Morto

O amor está morto. O matei sozinha, com uma bazuca e uma faca anormalmente grande. O esfaqueei centenas de vezes. Descontei toda a minha raiva e frustração ao som de Wolfgang Amadeus Mozart. Queria chorar. Chorou. O pesar está morto. Alguém o matou sozinho com uma adaga e uma garrafa de vinho. Descontou toda a sua vontade e preencheu as lacunas que gritavam. Queria gritar. Gritou. O calor está morto. Ela matou-o sozinha, com uma arma e um pedaço de barbante. Descontou sua vontade ao som de Ludwig Van Beethoven. Queria girar. Girou. O sentido está morto. Se jogou sozinho da janela do quinto andar, ao som de Antonio Vivaldi. A raiva está obsoleta, a inveja está enterrada, o mistério se perdeu, o ciúmes está se escondendo, a fúria está obscura, o carinho acabou, as caricias foram esquecidas, as palpitações, quentes como o inferno, foram deixadas pra lá. Em busca de algo novo, perdeu tudo o que já tinha. E quando voltou, estava tudo guardado e trancado, de um modo inquebrável e indiscutível. Não esperaram pela volta, e nunca o iriam fazer. Um brinde, uma taça. Quebrou-se a taça e a comida esfriou. Ninguém botou os pés na cozinha. Os rastros da sua presença se foram, até o seu cheiro. O cheiro que predominava agora era um cheiro de enxofre. Explodiu. E então, o amor estava morto.

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