Não sei escrever música. Tentei, tive uma carreira decadente, umas poucas pessoas tiveram o infortúnio de ler as coisas que eu tive a audácia de escrever pra serem acompanhadas por um violão. Quase uma afronta a músicos de verdade, por Deus. Mas aprendi que sei escrever em prosa. E de tanto saber escrever em prosa sem invocar falsa modéstia, me perco no assunto. Juro que não vai ser pra você, mas sempre acaba transparecendo. Que dos aspectos da minha vida que estão indo mal no momento (e estes não são poucos, infelizmente)um dos quais eu tenho trabalho de verdade pra engolir é você, eu já sabia. Mas de que adianta jurar que não vou falar nada que me lembre remotamente as coisas que eu sinto, se eu sei que não vou cumprir? A solidão me dói, e qualquer imbecil pode ver. Sinto a necessidade de usar palavras tipo "imbecil", por que expressar minha raiva é tão eu quanto falar dos meus outros sentimentos. Nada do que eu escrevo foge completamente de mim. Nem poderia. Acho que não conseguir escrever bastante há tempos, mostra o quanto eu tenho tentado fugir de mim. Por que o ser está me inquietando. Tenho recorrido a métodos não ortodoxos pra me satisfazer com o presente e com o futuro. Uma coisa que eu não gosto de usar é parágrafo. Gosto de usar aspas, por que nos textos dissertativo-argumentativos, geralmente mostram ironia. Eu gosto de ironia, principalmente quando é ácida. Ironia em textos sérios é acidez disfarçada. Que bom que eu não estou escrevendo nenhum texto sério, nem com nenhum tipo de pretensão pseudo intelectual prepotente. Que saudade que eu tive das palavras fluindo nas pontas dos meus dedos. Não sei se por que eu tenho outras coisas pra fazer, e até escrever um texto totalmente sem sentido é mais interessante do que dever de casa, mas essa coisa sem sentido está me satisfazendo temporariamente com as coisas. Só temporariamente, antes que tudo pare de fazer esse sentido reconfortante.
“Som de tapa seguido de um longo e sofrido suspiro. Cortinas abrem, Brenda caída no chão.” BRENDA: Do meu pranto, veio a lágrima. Da lágrima, verteu o sofrer. Qual diferente sina me aguarda? Hei de contar-lhes minha história, hei de vencer o porvir. O futuro, tão incerto, mas quem sabe menos sofrido que o presente viver. “Brenda sai, entra Artur” ARTUR: Que fúnebre entardecer. O objeto que me desperta fúria é o mesmo que me desperta o amor. Que hei de fazer? Pobre de mim, que amo, mas não sei fazê-lo. “Anda até a cama, onde encontra uma camisola antiga de Brenda. Pega a camisola e a abraça” ARTUR: Minha amada! Que saudades guardo de ti, no meu pequeno coração. Pobre de mim, pobre de ti. “Sai Artur, deixando a camisola em cima da penteadeira. Entra Helô” HELÔ: Sempre há o que se arrumar! Só discutem, sempre há um pormenor! Vinte anos vivendo sob os mesmos fantasmas. Tenha piedade, Deus. “Helô dobra a camisola e deposita em cima do travesseiro. Sai Helô. Entram Tomás e Bia” TOMÁS: Vossa...
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