No peito: parecia champanhe, borbulhante na taça, logo depois de servir e antes de acariciar os lábios. Fazia comichão no pé da barriga que nem quando os pés descalços tocam a grama esmeralda orvalhada de manhã. Explodia em fogos de artifício sem som mas com brilho e promessa e delírio de noite de ano novo.
O calor, o suor, o gemido, o roçar de corpos, incessantes, frenéticos, explosivos: sim.
O sorriso de canto de boca. A boca no canto do sorriso. A carne que pulsava, todas as carnes pulsavam e tremiam. O entremear de pernas e bocas e pelos e braços e mãos puxando coxas, cabelos, apertando, suando.
Passou o dia envolta em odores, sabores, memórias. A casa envolta na modorra pós química explosiva.
Tentando recuperar pra si todos os beijos que não deu, o destrinchar de corpos e lábios que parecia instintivo.
Como naquele momento se abriu como nunca antes, se deixou abrir, se deixou desabrochar, ali, inebriada delas.
Sentindo tudo e deixando e permitindo e aconchego que nem sabia possível.
O toque arrepiava, e a lembrança do toque tal qual. A carne doía, mas era dor gostosa, dor do ontem que se instalou por que ontem foi e não só foi como é. A lembrança também faz parte do ser, e a dor lembra que até os mais sublimes momentos tem consequências. Naquele momento, ela gostava de ser.
Lida e compreendida.
O coração se exercitando no peito e elas ali. Assim eu acabo me entregando.
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