Depois de toda a euforia estresse preocupação, de repente uma onda de calmaria chega.
Mas é daquelas calmarias avassaladoras, sabe? Que se instala no peito e rouba o fôlego. Calmaria ansiosa, sem saber o que esperar do futuro. Se perguntando onde estava o erro, se tudo caminhava tão tranquilamente?
Por que ela esperava pela quebra da onda toda vez? Por que não conseguia encontrar descanso na calma, por que ficava a procura daquilo que poderia estar espreitando?
Tentava veementemente não dar lugar pras paranóias, não dar espaço pra que o não dito por que não foi nem sequer cogitado mas abria caminhos pra infindáveis perguntas e questionamentos que vinham sem pedir licença.
Domingo é sempre assim: a gente fica questionando a própria existência com lágrima escondida atrás das pálpebras: as vezes rola, as vezes a gente faz força pra cair, mas fica lá, teimando em te atormentar com a ideia de que se talvez meus sentimentos transbordarem pra fora de mim, talvez eles parem de me atazanar.
Mas não cai a lágrima, não chega o gozo, não esvazia a cabeça e não se sabe de que a cabeça está cheia.
Angústia de fim de domingo, vazio no peito que não preenche, vontade de desaparecer e sumir que não dava as caras em meses. Talvez tenha sido essa vez que passou mais tempo sem se sentir dessa forma, atormentada. E nem sabia pelo que estava atormentada.
Acho que pelas tardes quentes e modorrentas de domingo, que sempre vinham e sempre sentiam como que agarrasse o coração no peito e apertasse até virar massa disforme. Ela se sentia massa disforme.
Tentava tamponar os sentimentos com cigarro aceso entre os dedos e pena metafórica na mão. Buscava conforto em si que sabia fortaleza, não mais impenetrável. Ainda havia fogo nela, é claro, mas tem dias que a brasa queima lentinho e pequenina, quase não dá pra ver nem sentir o calor.
Estava tudo bem mas estava atormentada pela calma. É assim a vida quando o armaggedon não está caindo sob meus ombros incansavelmente todos os dias?
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