Pular para o conteúdo principal

Sobre Quem Eu Sou

Esses anos todos, nunca soube muito bem sobre quem eu sou. Escritora? Cidadã? Alguém? Até então, não sei. E não sei se um dia saberei. Mas se tem algo que sei sobre mim mesma é que não sou feliz. Não é por escolha, veja bem. Só não sou. Eu tento. Tento, pode demais, socializar. Tento não encher a alma de angústia e sofrimento, e consigo, algumas vezes, por alguns instantes. Só que não sou. É triste pra os outros verem quando alguém é infeliz. A grande coisa da vida é que ela se repete. Detesto rotina. As mesmas coisas maçantes que me incomodam se repetem todos os dias, todos os dias. Não é questão de resistir à elas, eu só tento subir na maré e ir levando. E tem dias que isso é tão insuportável que cansa. Cansa existir. Cansa viver. Recentemente, fui praticamente privada do meu namorado. Uma das únicas coisas de feliz que eu tenho pra esperar. Uma das poucas pessoas que a vida me deixou, nesse vaivém de aviões e abraços quebrados. E agora a vida me tirou, aos pouquinhos. Me disseram pra não viver esperando o final de semana, que são dois dias. E a semana são cinco, inteiros, e que a vida fica insuportável se você ignorá-los. E agora, meu amor, que só posso te ver no final de semana? Espero o quê? Espero as provas, a escola e a rotina do dia a dia, ou ardo por dentro como sempre ardi, trancada em mim, ansiando com cada fibra do ser que agora fosse sábado e eu estivesse com você. Se é drama, não sei. Sei que é saudade, que queima. Sei que sou eu, que queimo, que quero, que teimo. Acho que por teimar tanto, teimo e não sou feliz. Queria ser feliz. Mas os cacos da janela quebrada ainda estão no chão, a luz está apagada e ninguém chegou pra me abraçar. Dito isso, durmo só, por que só sou.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Acha Que A Sua Indiferença Vai Acabar Comigo?

Eu sobrevivo, eu sobrevivo! Polônia. Tempos difíceis, todas as pessoas consideradas indesejadas estavam indo embora para terras quentes, infestadas com o odor da novidade, do fervor da fuga. A saída sorrateira do país desencontrava amores, despistava amantes. Numa casa, não muito longe do centro de Varsóvia, uma mulher suspirava. Lia e relia a única carta do amado, com o perfume quase se esvaindo do papel, letras borradas das lágrimas que ambos derramaram naquele frágil pedaço de papel, cheio de promessas e saudades. Rosa, tão bela Rosa. Tive que partir, e você sabe minhas motivações. Deixo-lhe com um aperto no peito, beijos em tuas mãos e com dissabores na vida. Prometo-lhe notícias, em breve, da carta que precisas para deixar o país, e vir, finalmente, me encontrar. Ansiosamente, aguardo-te e sonho contigo todas as noites. Porém, a vida nos trópicos está me fazendo bem. Quase não se vê sinal das minhas tosses. Estou empregado, trabalhando na fábrica de alumínio. Moro com mais doi

Ser gay ou não ser?

“So you say, It’s not okay to be gay?” Me diz uma coisa: por que não seria ok ser gay? Me diz o problema. Por que diabos seria errado? Desde quando amor é errado? Uma relação gay é uma relação de amor também. Eu estou realmente querendo saber. E não me venha com aquela bobagem moralista de que é pecado, nem de que “Eu não sou contra, mais eu não apoio.” Pra você não apoiar uma coisa, você certamente deve ter motivos, correto? Como você pode não ser contra mais não apoiar? Que sentido isso tem? Se você não tem nada contra, logicamente você deveria apoiar. Mas tudo o que eu ouço na aula de formação ético social são essas babaquices . É isso que elas são. Tremendas babaquices de uma sociedade mentalmente enrustida, falei. É errado por que a igreja diz? Bem, sinceramente, a igreja já esteve errada antes, vão folhear um livro da idade média, pelo amor de deus! Amor é amor de qualquer forma, de qualquer sexo, de qualquer porra de coisa. Jesus Cristo não pregava amor? Bem, isso é amor. Eu so

Agora Você Nem Me Nota

Depois de uma conturbada manhã no sofá, duas horas de aula nas férias, e muito resmungar, resolvi que estava na hora de ir pra casa de Flora. Antes do escurecer, consegui chegar. Depois de brincar com a Caty Perry (nome criativo pra uma gata mascarada), ficar no pottermore, comer mousse de maracujá (no caso eu, por que sou uma gorda e me orgulho), e atormentar a vida da Caty com o espirrador de água, fomos intimadas a nos arrumar com rapidez, por que a mãe de Flora estava chegando. Corremos, nos vestimos, e fomos capazes de nos arrumar em tempo. Ao chegar no bar (que por acaso se chamava Eletro Cana Rock), encontramos poucos conhecidos. A medida que as pessoas iam chegando, o barulho ia aumentando e mais gente conhecida aparecia (inclusive a banda que ia tocar). Margot e Flora estavam com fome, e eu, bem, eu estou sempre com fome. Fomos em um barzinho suspeito (depois de um interrogatório dirigido a Iuri sobre como ele conseguiu água), que tinha uma estante cheia de cachaça barata, coc