You don't have to act like you're alone
De repente, era ela sozinha rolando as pessoas pra esquerda no tinder, sentada, sozinha, com 35 anos e esperando as coisas acontecerem.
Solidão era um peso. Sentir é um peso.
E se sentia só, dois pesos enormes que só faziam crescer e encurvar-lhe a coluna, cada dia mais. Sentia tédio o ojeriza de rotina, mas dormia mal a noite, pensava no fracasso e almoçava correndo pra ir ao trabalho.
Levantava, religiosamente, todos os dias. Comia a mesma comida por preguiça de fazer algo novo. Saía quase rastejando pra faculdade. Voltava e se enfiava num banho gelado. Do banho gelado, arrastava o corpo ainda úmido pra cima do lençol da cama. Assistia alguma porcaria no netflix até adormecer. Nos tempos livres, reclamava e existia.
Como se levanta a modorra da vida cotidiana? Como se sai do estupor da existência? Como se vive experiências novas quando se está sempre presa na mesma vida, que corre e perpassa os dedos semiabertos, escorre de si e desce pelo ralo?
Aí no final de semana, bebia umas doses de qualquer coisa pra apaziguar a alma confusa, cheirava uns tecos de felicidade instantânea, e ia dormir tranquila depois que chegava, suada, cansada, com a cabeça vazia, na sua cama.
Nesse turbilhão de coisas, tudo ia acontecendo, fugindo do alcance, correndo com o tempo, matando, aos poucos, tudo que havia de inovador, original e interessante no ato de viver.
O ato de viver, essa coisa incessante, cansativa, e sem propósito fazia seu coração ficar pequeno. Pequeno por que nem ela cabia nele, e passava tanto tempo pensando em como passar pela vida sem ser fracasso e derrota, apesar de ter a sensação de que isso estava estampado num outdoor iluminado na sua testa.
Estava naqueles dias que não se sentia especial e nos quais se perguntava o que havia de errado com os receptores de serotonina do seu cérebro.
Esses dias eram mais frequentes do que ela gostaria. Esses dias conseguiam fazer com que ela se sentisse pequena, quase um grãozinho de areia. E nesses dias ela não queria ver nada nem ninguém que a tirasse desse humor sombrio. Gostava de se fazer perguntas impossíveis de se responder e de se afundar no fracasso de ser humano que ela se sentia. Pensava que se estivesse ébria, as coisas poderiam ser melhores, mas se mantinha sóbria, sentindo cada farpinha da sua rejeição por si mesma perfurar a pele, a derme dormente que cobria seu corpo com existência sofrida. Uma dor tão sem motivo, mas tão intensa, tão real. Mergulhava na dor, e algum dia voltava, mas não era mais ela. O medo de não ser ela mesma, de viver meia vida, de ser esquecida, de não ser amada, de ser só.
O ato de viver, essa coisa incessante, cansativa, e sem propósito fazia seu coração ficar pequeno. Pequeno por que nem ela cabia nele, e passava tanto tempo pensando em como passar pela vida sem ser fracasso e derrota, apesar de ter a sensação de que isso estava estampado num outdoor iluminado na sua testa.
Estava naqueles dias que não se sentia especial e nos quais se perguntava o que havia de errado com os receptores de serotonina do seu cérebro.
Esses dias eram mais frequentes do que ela gostaria. Esses dias conseguiam fazer com que ela se sentisse pequena, quase um grãozinho de areia. E nesses dias ela não queria ver nada nem ninguém que a tirasse desse humor sombrio. Gostava de se fazer perguntas impossíveis de se responder e de se afundar no fracasso de ser humano que ela se sentia. Pensava que se estivesse ébria, as coisas poderiam ser melhores, mas se mantinha sóbria, sentindo cada farpinha da sua rejeição por si mesma perfurar a pele, a derme dormente que cobria seu corpo com existência sofrida. Uma dor tão sem motivo, mas tão intensa, tão real. Mergulhava na dor, e algum dia voltava, mas não era mais ela. O medo de não ser ela mesma, de viver meia vida, de ser esquecida, de não ser amada, de ser só.
De repente, era ela sozinha rolando as pessoas pra esquerda no tinder, sentada, sozinha, com 35 anos e esperando as coisas acontecerem.
Só, sozinha, pequena, e tão cansada...
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