I must be strong, to carry on, 'cause I know there'll be no more tears in heaven
Há muito não andava por lá. Dessa vez, diferente das outras vezes, estava acompanhada por um grupo de várias pessoas. Cada passo dado, mecânico, era dado em direção a uma lembrança, muitas as quais não recordava de ter guardado em recônditos escuros da memória. Quando criança caiu de bicicleta nos viveiros, se meteu na lama pra caçar bichinhos, tomou banho no açude perto dali. Quando adolescente, aprendeu a dirigir ali de forma mediana, nunca dando continuidade aos ensinamentos automobilísticos, apesar da frequente insistência do pai. Aquilo era seu pai. Aquela água toda, a lama, o mato. As vezes que a segurou pra não cair da bicicleta, que a levou pra ver a estação de bombeamento da fazenda, que, quando chovia, voltava pra casa, enlameado, e ambos tomavam banho de mangueira no quintal.
Agora, seu pai estava em um pote, segurado tremulamente pela sua mãe. As pessoas andavam juntas em direção ao primeiro viveiro da fazenda. Este desembocava, eventualmente, no oceano, para que seu pai se fundisse ao trabalho de sua vida, para que fosse livre, como sempre foi, habitando, junto de iemanjá, as águas do mar.
A cerimônia não teve palavras. Além do grupo de pessoas silenciosas, a cena tinha algumas vacas e caranguejos de espectadores, mudos, em luto. Enquanto a maré levava seu pai embora, só conseguia pensar que ele teria odiado o fato dela ter deixado o saco plástico que separavam suas cinzas da urna cair na água. Conseguia ouvir sua voz ralhando com ambas pelo descuido. Sentia, no peito apertado, na garganta fechada, na mão suada, que seu pai estava ali, acenando, reprovando, gritando e amando, passando a mão nos seus cabelos e dando bom dia. Conseguia sentir, no vento que batia no rosto, na lama sob seus pés, no mato que roçava sua perna, a presença do primeiro homem que a amou.
Há muito não andava por lá. Dessa vez, diferente das outras vezes, estava acompanhada por um grupo de várias pessoas. Cada passo dado, mecânico, era dado em direção a uma lembrança, muitas as quais não recordava de ter guardado em recônditos escuros da memória. Quando criança caiu de bicicleta nos viveiros, se meteu na lama pra caçar bichinhos, tomou banho no açude perto dali. Quando adolescente, aprendeu a dirigir ali de forma mediana, nunca dando continuidade aos ensinamentos automobilísticos, apesar da frequente insistência do pai. Aquilo era seu pai. Aquela água toda, a lama, o mato. As vezes que a segurou pra não cair da bicicleta, que a levou pra ver a estação de bombeamento da fazenda, que, quando chovia, voltava pra casa, enlameado, e ambos tomavam banho de mangueira no quintal.
Agora, seu pai estava em um pote, segurado tremulamente pela sua mãe. As pessoas andavam juntas em direção ao primeiro viveiro da fazenda. Este desembocava, eventualmente, no oceano, para que seu pai se fundisse ao trabalho de sua vida, para que fosse livre, como sempre foi, habitando, junto de iemanjá, as águas do mar.
A cerimônia não teve palavras. Além do grupo de pessoas silenciosas, a cena tinha algumas vacas e caranguejos de espectadores, mudos, em luto. Enquanto a maré levava seu pai embora, só conseguia pensar que ele teria odiado o fato dela ter deixado o saco plástico que separavam suas cinzas da urna cair na água. Conseguia ouvir sua voz ralhando com ambas pelo descuido. Sentia, no peito apertado, na garganta fechada, na mão suada, que seu pai estava ali, acenando, reprovando, gritando e amando, passando a mão nos seus cabelos e dando bom dia. Conseguia sentir, no vento que batia no rosto, na lama sob seus pés, no mato que roçava sua perna, a presença do primeiro homem que a amou.
Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirLindo, bee!! Lindo mesmo!!
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