Caminhava pela rua de óculos de sol. Parou por alguns instantes em uma banca de jornal, comprou um exemplar de uma revista que pudesse folhear no ônibus, e um mate. Espera o ônibus impacientemente, como se algo a estivesse incomodando profundamente. Entra no 102, e um calafrio percorre sua espinha. Lá está, como todos os dias, aquela moça. Sempre está lá. Com o nariz sardento enfiado em um livro, calça jeans, camisa de botão e cabelo curto. Sentou-se atrás da menina, que não sabia o nome. Nunca perguntou, e não achava que deveria perguntar. Só ficou ali, admirando a nuca branca, curto espaçamento entre a gola da blusa e o começo do cabelo. Via cada virar de páginas. Observava o vaivém do braço da moça. Dali a duas paradas, ela desceria. A moça sem nome. O ciclo só recomeçaria na manhã do outro dia, quando ela compraria uma revista, um mate e pegaria de novo o 102. Parecia torturante esperar tudo isso.
E assim começou, de novo. Comprou o mate, a revista, como sempre fazia, sempre igual. Ela era sempre igual. Esperou o 102. Entrou, e esperando a visão de sempre, levantou os olhos ao passar pela catraca. Mas ela não estava lá, ocupando seu lugar de praxe. O ônibus estava vazio, a não ser por ela e mais uns gatos pingados engravatados indo para o trabalho. Sentou-se no seu lugar de hábito. Muito estranho. A moça das sardas pegava aquele ônibus religiosamente, todos os dias.
Mas no dia seguinte, também não pegou. E nem no dia depois daquele.
Na verdade, nunca mais a encontrou no 102. Nem em qualquer ônibus que fosse.
Depois de duas semanas, já estava perdendo a esperança de voltar a encontrá-la, onde quer que seja.
Passou na banca, comprou a revista, o mate e subiu no 102. Desceu na parada do lado do prédio que trabalhava, subiu de elevador, e passou o dia inteiro lá. Na saída, quebrando a rotina, resolveu passar em uma livraria, por que fazia tempo que não lia um bom livro.
Lá, na fila do caixa, encontrou uma nuca familiar. Continuou sem perguntar o nome da nuca, e nunca chegou de fato a saber muito sobre ela. Só que não pegava mais o 102, frequentava aquela livraria, tomava um café sem açúcar na saída, e depois ia rumo ao desconhecido.
E assim começou, de novo. Comprou o mate, a revista, como sempre fazia, sempre igual. Ela era sempre igual. Esperou o 102. Entrou, e esperando a visão de sempre, levantou os olhos ao passar pela catraca. Mas ela não estava lá, ocupando seu lugar de praxe. O ônibus estava vazio, a não ser por ela e mais uns gatos pingados engravatados indo para o trabalho. Sentou-se no seu lugar de hábito. Muito estranho. A moça das sardas pegava aquele ônibus religiosamente, todos os dias.
Mas no dia seguinte, também não pegou. E nem no dia depois daquele.
Na verdade, nunca mais a encontrou no 102. Nem em qualquer ônibus que fosse.
Depois de duas semanas, já estava perdendo a esperança de voltar a encontrá-la, onde quer que seja.
Passou na banca, comprou a revista, o mate e subiu no 102. Desceu na parada do lado do prédio que trabalhava, subiu de elevador, e passou o dia inteiro lá. Na saída, quebrando a rotina, resolveu passar em uma livraria, por que fazia tempo que não lia um bom livro.
Lá, na fila do caixa, encontrou uma nuca familiar. Continuou sem perguntar o nome da nuca, e nunca chegou de fato a saber muito sobre ela. Só que não pegava mais o 102, frequentava aquela livraria, tomava um café sem açúcar na saída, e depois ia rumo ao desconhecido.
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