A imagem clichê da boemia juvenil de uma semi mulher sentada na frente do laptop, com um cigarro na mão, uma blusa larga digitando asneiras num microblog online. Queria ser josé saramago. Compartia com ele o coração de carne que sangrava todo dia, o vício no cigarro e o desgosto por parágrafos e letras maiúsculas. Que difícil que é digitar segurando um cigarro. Apagou o que segurava pra melhor vomitar palavras sem nexo e sem conexão, de maneira furiosa, no teclado à sua frente. Sem nexo, furiosa e sem conexão, na verdade, eram palavras chave do poço de sentimentos adversos e cruéis que assolavam sua alma, meio mazelada, pendendo pra a reclusão. Sempre disse a si mesma que seu sofrimento era belo quando colocado em palavras, e esse texto era uma desesperada tentativa de ver beleza na dor. Não aguentava mais encher o feed de textos sobre si, por que tinha a leve (e correta) impressão que todos cansaram de lhe dar ibope por coisas vazias, mas cheias de coisas que ela tirava do profundo