Caminhava pela rua de óculos de sol. Parou por alguns instantes em uma banca de jornal, comprou um exemplar de uma revista que pudesse folhear no ônibus, e um mate. Espera o ônibus impacientemente, como se algo a estivesse incomodando profundamente. Entra no 102, e um calafrio percorre sua espinha. Lá está, como todos os dias, aquela moça. Sempre está lá. Com o nariz sardento enfiado em um livro, calça jeans, camisa de botão e cabelo curto. Sentou-se atrás da menina, que não sabia o nome. Nunca perguntou, e não achava que deveria perguntar. Só ficou ali, admirando a nuca branca, curto espaçamento entre a gola da blusa e o começo do cabelo. Via cada virar de páginas. Observava o vaivém do braço da moça. Dali a duas paradas, ela desceria. A moça sem nome. O ciclo só recomeçaria na manhã do outro dia, quando ela compraria uma revista, um mate e pegaria de novo o 102. Parecia torturante esperar tudo isso. E assim começou, de novo. Comprou o mate, a revista, como sempre fazia, sempre igual