Cores. Cores piscavam, incessantemente, nos seus olhos fechados. Abriu-os, com a certeza de que isso faria com que as cores a deixassem em paz. Só se intensificaram. Sabia que não podia fugir daquela explosão de cor, amor e sentimento. Sentir era tão precário, tão primitivo, tão doloroso, não queria sentir, não queria abrir, queria trancar-se em si, encarcerar a possibilidade de um dia chegar a cogitar essa cilada que era o sentir. Batiam na porta, com força. Quase arrombando a barreira precária que ela construíra entre seu coração brutalizado e a vida lá fora. Mas a vida chama. E como chama! Grita no ouvido, a plenos pulmões. Levanta dessa cama! Veste uma roupa! Saia de casa! Muda tua vida, e depressa, depressa, que nada espera pra você ser feliz, e só quem constrói isso é você. Eu sou feliz? Eu sou feliz. Eu sou feliz! Repetiu a frase, com a palavra escorrendo da boca, timidamente, até que pudesse voar, encantada com sua própria existência, com seu próprio e inesperado espl